O Jogo da Forca - 2ª Temporada - As Bailarinas Estranguladas


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  Bem, meu nome é Fábio, em tese não participarei realmente dessa estória, mas quero compartilhar uma frase com vocês.
 
“A morte é o maior prêmio da vida, pois ela nos liberta” 
 


Recomeço

  A pequena bailarina sentia seu pescoço apertado, seus pés permaneciam inseguros enquanto a escada de metal dançava bamba e manca, mas ainda assim, aquele era seu único sustento. Suas pequenas mãos jaziam amarradas na mesma corda, entretanto estavam acima do nó que a ameaçava. As pequenas e delicadas mãos estavam coladas a corda, literalmente presas, enquanto as pontas de seus dedões tocavam o ultimo degrau da escada, como se ela estive preparada para uma ultima dança. Isadora chorava ingênua, lágrimas puras e temerosas, enquanto sua mãe assistia a tudo.
 
 
O Jogo da forca – 2ª temporada – As Bailarinas Estranguladas


  Ao despertar de seus olhos vislumbrou o negrume da noite, mas aquela escuridão não era noite. Sentiu-se num quarto vazio, e foi aí que percebeu que suas costas estavam em uma superfície fria e rígida. Permaneceu ali, deitada por alguns segundos, sentindo náuseas enquanto sua cabeça latejava num ponto acima de seu supercílio. Em meio ao emaranhado de seus pensamentos, ainda queria acreditar que tudo aquilo não passou de um pesadelo e que as palavras daquele homem foram apenas sussurros gélidos de um sonho perverso. 

 Carla levantou sua cabeça abruptamente, mas o movimento foi rápido e o espaço para que o mesmo se fizesse realizado foi menor ainda. Ela sentiu sua testa bater contra a madeira e a dor tocou seu cerne. Só então ela percebeu que não estava em um quarto, tampouco livre. 

  Naquele momento surtou, e começou a gritar por socorro, chutar e surrar as superfícies que a circundavam, descobrindo cada vez mais que estava praticamente neutralizada. O suor chegava junto com o calor, e seus olhos ardiam em meio aquela contrição. Ela não pôde fazer nada e agora o que ela poderia fazer ali? 

  Foram alguns minutos de completa insanidade, o medo não chegou a ser dominador, ela se propôs a pensar, e aquele exercício mental lhe levou as sua ultimas recordações.

 


 - Mamãe, eu to com medo! – Disse a pequena Dora enquanto olhava para o teto, seu queixo erguido e seus olhos obrigados a continuarem ali enquanto se esforçava em manter o equilíbrio. Do outro lado estava sua outra filha, duas metades iguais, duas almas gêmeas. 

 - Sabe por que tenho que fazer isso? – O homem perguntou enquanto a olhava em lágrimas. – porque essa é a única maneira de você continuar se eu for pego. – Ele disse enquanto a bela loira de olhos azuis continuava apavorada.

 - Não faça isso Fábio. Por favor! – Ela implorava tentando explorar o mínimo de humanidade que ainda restava naquele homem. – Eu sei que errei, sei que fiz tudo errado, mas elas não merecem isso, deixe minhas filhas. Por favor, pelo amor de Deus, eu te imploro.

  Fábio olhou para as duas crianças. Fábio não tinha muito tempo, olhou para o relógio em seu pulso e depois para as três. Érica estava encima de outra escada, nas mesmas condições de Isadora. Ele não conseguia acreditar que elas eram tão lindas, tão lindas quanto a mãe. Carla continuava indecisa, queria que tudo aquilo não passasse de um terrível pesadelo, pois ela não podia fazer aquela escolha.

 - Faça sua escolha agora!! – Ele disse enquanto apoiava seus pés sobre a cadeira a que ela estava amarrada. As mãos e os pés dela presos a mesma. Ela só precisava dizer um nome e ele pouparia a vida que ela achasse mais importante.

  Não havia nada que pudesse fazer, nada. Mesmo se ele desse a ela uma eternidade para escolher entre as duas, ela não teria resposta. Nunca uma mãe poderia escolher qual filha deveria morrer. Carla o olhou nos olhos, viu o sofrimento das duas e seus olhares inocentes e brilhosos enquanto as lágrimas incendiavam suas faces.

 - Mate as duas!! – Ela disse em resposta.- Acabe logo com isso! Seja homem! – Ela disse enquanto o assassino a olhou com o mesmo olhar que a olhara quando pegou as três e as levou para aquele maldito passeio.

 - Não, hoje não Carla. – Ele disse sorrindo. Olhou novamente para as duas, viu as cordas. Elas não morreriam rapidamente devido a altura que havia calculado. Fábio havia as assistido algumas vezes, dançavam com maestria. Ele adorava ouvir musica clássica e vê-las envolvidas com aquilo. Era realmente reconfortante, entretanto não era o bastante. 

  As cordas estavam amarradas na madeira do telhado. As duas irmãs gêmeas estavam a um metro e meio de distância uma da outra. Enquanto a mãe estava sentada um pouco abaixo delas. 

 -  Duni...duni...te... – Fábio começou a cantarolar enquanto andava em círculos em volta das duas, fazendo um oito e tocando-as como se fosse empurrá-las, mas apenas se divertia com o sofrimento de Carla que a cada suspiro desesperado das filhas se sacudia na cadeira, babando em meio as lágrimas.

 - Seu porco imundo!! Solte-as!! – Ela gritou.

 - Você quem pediu! – Ele disse. Ele olhou para Carla, sorriu, abriu os braço e tocou levemente as escadas fazendo que as duas descessem abruptamente, enquanto as  vidas de ambas eram tragadas pela pressão exercida pelas cordas.

  - Nãoooo!!! – Gritou Carla vendo as duas bailarinas dançando freneticamente no ar, como nunca haviam dançado. Carla fazia força tentando se soltar da cadeira, sacudia feito uma louca. O barulho da madeira batendo contra aquele piso velho e oco reinava junto a seus gritos. Naquele momento Fábio a apagou.   

 


 - Afinal, onde estou? – Ela se perguntava enquanto sentia o cheiro da serragem adentrar em suas narinas. O barulho oco da madeira chegava a seus ouvidos junto da dor que ensangüentava sua pele depois das pancadas convulsas disparadas contra aquele recipiente que ela julgara ser uma espécie de caixa e aparentemente se assemelhava a um caixão. 

  Aqueles minutos de agonia a estreitavam. Carla não enxergava nada, não sabia onde estava, e até ali a única certeza que tinha é que suas filhas estavam mortas. O tempo correu melancólico enquanto ela tentava se mover, se livrar daquele cubículo tortuoso. A cada movimento sentia os inúmeros ciscos de madeira e de poeira caírem sobre seu corpo e olhos. Aquilo a afligia ainda mais. 

  Carla começou a apalpar a superfície inferior e procurar algo que pudesse ajudá-la a sair dali. Foi aí que enfim sentiu que havia algo no canto do caixão. Era algo cilíndrico, fino e que alternava seu diâmetro a medida que seus dedos o tocavam. Ela conseguiu segurá-lo e levou as mãos a altura do abdômen. Com seus dedos a analisar aquele objeto em meio a escuridão que se encontrava, ela tentava entender o que era aquilo. Foi quando algo se moveu na superfície cilíndrica. Uma espécie de botão empurrado pelo dedo fez com que a luz daquela lanterna apontasse direto para seu belo rosto.

 - Graças a Deus. – Ela dizia com dificuldade enquanto confirmava sua teoria, e descobria que realmente estava dentro de um caixão. O ar cada vez mais furtivo, mas ela sabia bem o que tinha que fazer.

  Carla era médica há doze anos, convivia com a morte o tempo todo dentro do hospital em que trabalhava. Ela precisava se acalmar, sabia que Fábio a deixaria uma escolha, uma saída para aquilo tudo. Apontou a lanterna de luz fraca, mas suficiente para enxergar a um palmo de distancia. Começou a procurar pelos lados, pelo seu corpo, atrás de si enquanto curvava o quanto podia seu pescoço, e foi nessa hora que ela vislumbrou o objeto preso na parede de madeira que ficava acima de seus olhos. 

  Com bastante dificuldade dobrou seu braço para que ele passasse e assim pudesse retirar a fita adesiva que prendia o objeto. Tentando conter seu nervosismo e ansiedade em ter alguma noticia das filhas, sentiu seu cotovelo arranhando dolorosamente na madeira inferior enquanto conseguia fazer o movimento necessário para sua manobra. Seus dedos começaram a arrancar a fita bem pregada enquanto com a outra mão ainda a distância ela iluminava o objeto. 

  Clara segurou o objeto retangular já percebendo o que era. Apertou duas teclas do conhecido celular e viu o alerta piscando. 

 - Mensagem para você... Mensagem para você – Dizia a mensagem.
Ela clicou a tecla do meio e começou a ler.

 - Olá Carla, primeiro se acalme – ela lia tentando realmente se acalmar, mas até ali aquele escrito deixou-a ainda mais nervosa. Louca para quebrar aquele celular, se conteve e continuou a ler. – Isadora ou Érica? Que pena que não pôde escolher... Mas logo terá as respostas que tanto deseja. Primeiro vamos as instruções iniciais. Você está em um local seguro e sabe se cuidar melhor do que qualquer outro que estivesse aí, até mesmo do que eu. Bem como disse anteriormente quero sua ajuda e para isso tem um bilhete colado em suas costas. Essa é a primeira missão, mas antes assista ao vídeo número dois gravado no celular, e seja uma boa garota!

 - Desgraçado!! – Carla rosnou como um cão enquanto entrava na pasta de vídeos, selecionou o mesmo e pressionou play. A imagem começou a rodar.

   Isadora e Érica estavam suspensas no ar se debatendo em dor enquanto eram estranguladas. A voz dele chegava junto a imagem de seu rosto.

 - Qual delas, Carla? Isadora ou Érica? – Ele disse apontando a câmera do celular para as duas respectivamente. Carla sentiu um nó na garganta. Ela não queria assistir aquilo, mas ela queria ver agonia de suas filhas terminar logo. Hora queria que elas morressem e tivessem o sofrimento neutralizado, hora queria que ele as tirasse dali. Mas ele ainda poderia ser pior que aquilo. Abruptamente o corpo de Isadora começou a tremer e naquele momento Carla gritou o nome da filha.

 - Isadora!! Ajude-a seu desgraçado! – Ele voltou a imagem para ele mesmo e sorriu.

 - Aposto que pediu para que eu a salvasse. Você escolheu! – Disse ele Erguendo o corpo de Isadora enquanto Carla gritava com ele de dentro do caixão, como se tivesse se esquecido que aquele vídeo estava gravado no celular e não estava sendo passado ao vivo. Ela acompanhou a agonia de Isadora, enquanto ele a tirava da forca e a deitava no chão. Ela tossia e se engasgava, sentia o ar faltar, mas estava viva.

  Carla viu a imagem voltar a se mover sem foco, até parar naquele corpo infantil. Érica tinha o pescoço afundado na corda, meio jogado de lado, suas mãos ainda coladas na corda acima de sua cabeça, enquanto sua língua decaia ao lado de seus lábios e seus olhos se perdiam num branco nefasto.

 - Nãooooo!!! – Gritou Carla, vendo que sua filha estava morta.

 - Só há uma maneira de encontrá-la. E para isso você deve jogar, portanto o jogo começou. Fim de gravação! – Disse Fábio.

  Carla ficou ali por cerca de cinco a sete minutos entregues ao acaso enquanto as imagens de terror não saiam de sua mente. Mas ela precisava salvar Isadora, ou ao menos tentar. Buscando forças na maldita esperança que a mantinha viva, novamente se moveu com dificuldade, curvando a barriga para cima, descolando suas costas do caixão e fazendo com que sua mão entrasse por debaixo de si até encontrar o papel. Encontrou-o, estava dobrado em várias partes e aquilo só aumentava sua agonia. Puxou-o, desdobrou e apontou a luz fraca para ele. Leu o recado, pegou o celular e ligou para o numero, receosa se conseguiria sinal algum.

  Mas a esperança continuou a lhe dar alento, o toque veio após meros segundos, a ligação foi atendida, entretanto voz alguma chegou a seus ouvidos. Apenas um sonoro silêncio, que lhe revelou toda surpresa e receio de trinta durante intermináveis trinta segundos.

 - Eu preciso de sua ajuda! – Ela disse quebrando o gelo enquanto ouvia a respiração ofegante dele – O metal mais abundante do corpo humano? Não acerte! Se não está aqui onde pode estar? Qual é o nome com Cinco letras? – Ela tomou ar – Sou eu! É o meu nome que responde a charada, me chamo Carla! O jogo precisa continuar, Max! 

("Corrija Com o n, depois tira o ra, por fim tire a roupa e veja como vai findar") =
Continua dia 29-07

  Leia a primeira temporada da aventura de Max - Já postada como o jogo da Forca - Em sete episódios separados.

Bem vindos novamente, espero que tenham gostado!

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Encontre abaixo os capítulos da primeira temporada do Jogo da Forca -  Saiba como tudo começou!

Capítulo I           Capítulo II        Capítulo III        Capítulo IV
Capítulo V             Capítulo VI          Capítulo VII
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 26/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
Código do texto: T4405040
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