“As vezes viver não é a melhor escolha”
 
  Nádia abriu os olhos e sentiu o desequilíbrio tomar seu corpo. O gosto amargo impregnado em sua boca, enquanto o cheiro característico do clorofórmio ainda permanecia vivo em sua região facial. Sentiu seus braços presos enquanto duas mãos seguravam seu corpo. O homem sem rosto a olhou e sorriu enquanto ela entendia onde estava. Nádia sentiu o roçar da corda em seu pescoço enquanto a voz maléfica e fria chegava aos seus ouvidos.

 - Olá Nádia, seja bem vinda. Vou soltar as minhas mãos e deixar que você se equilibre sozinha. Seus pés estão livres, mas suas mãos estão atadas. Um único movimento em falso e você cairá – Nádia sentiu seus pés se apoiarem a algo, que balançava flexível abaixo de si. Aquilo a deixou ainda mais nervosa. Ela estava de pé, sobre uma rede de dormir,  e ainda se sentia meio tonta. A rede esticada de um gancho ao outro, dois ganchos próprios para fixação de rede, afixados as paredes da varanda de sua casa, enquanto uma corda a ameaçava acima de sua cabeça.


  O Jogo da Forca – Capítulo III – Fase I - O Primeiro encontro - 2ª Temporada  

  “Quando eu montei naquele cavalo, vi que a sela estava ao contrário. Não, isso é só o principio. Parei num bar, fui jogar baralho e encontrei uma letra a, mas tudo ainda estava ao contrário. Sentei-me e veio uma doutora para terminar com minha agonia, a dama abreviada resolverá essa charada. Ligue no número que está escrito na fita e dê a largada. Bom jogo Max! Fim de gravação.”

  Carla ouviu a mensagem tentando se concentrar, mas o medo, a sensação de isolamento e a escassez de ar no ambiente em que se encontrava tornavam seu raciocínio mais lento. Fechou os olhos tentando concentrar-se, pensou em todos os joguetes de Fábio. De como ele estudava seus casos antes de ir ao Júri, para ele a vida era um maldito jogo, e o que importava não era ganhar ou perder, mas sim não cometer o mesmo erro duas vezes. O maior motivo de ter se apaixonado por ele, era justamente a inteligência arrojada que ele exibia sem nenhuma modéstia.

  - Carla, precisamos matar a charada e salvar essa pessoa! – Disse Max enquanto tentava pensar na charada – Quando eu montei naquele cavalo? O que diabos ele quer dizer com isso? Vi que a sela estava ao contrário? Isso é só o principio? – raciocinava quando Carla o interrompeu.

 - Sabe, ele me contou o que te fez. Me disse que matou sua mulher e que seqüestrou seu filho – A voz de Carla chegava melancólica e ao mesmo tempo meiga – Nunca pensei que ele fosse capaz de algo assim, mesmo depois de... - Carla sentiu um frio arrepiar dentro de si - Ah meu Deus, o que ele vai fazer com Isadora? – Ela dizia referindo-se a ele como se Fábio estivesse vivo.

  - Olha, Carla, sei que estou te pedindo demais, mas se quer sua filha viva, precisa manter o controle. Sei que sua situação é ainda pior, pois está trancada aí, mas em meu caso, do jeito que ele montou tudo, tem que haver algum motivo para você estar aí. Não vou te abandonar, vamos encontrá-la e salvar essas pessoas. Confie em mim, ok? – Max disse ainda sem saber como decifraria aquela charada.

 - Ok. – ela disse enquanto seus olhos percorriam o interior daquele caixão, ao menos a parte que ela podia ver da posição que estava.

 


 - É o homem dos noticiários – Pensou a policial enquanto anotava a ocorrência. Ela conversou mais um pouco com o dono do hotel e disse que estaria enviando uma viatura para o local. Disse também que iriam fazer o possível para recuperar o carro e desligou o telefone – Me ligue com Alex Sales, urgente! – Ela disse enquanto assustada olhava para a TV, onde um repórter narrava todo o acontecido daquele dia. As imagens que se passavam na tela eram a de três corpos saindo de maca, cobertos por um pano branco. Três cadáveres saindo da mansão de Rafael.
 
Um repórter noticiava o caos...

 - Senhores, hoje foi um dos dias mais trágicos da história dessa cidade. Mortes realmente bisonhas e um assassino frio e calculista que teve seu merecido fim. Apesar disso tudo, a policia insiste em omitir os fatos. Isso daria um Best Seller senhores, um maldito conto de terror. Agora vamos ao noticiário Nacional com Carolina Rangel direto de nossa central. 

 


  Bernardo abriu os olhos e se levantou assustado, as luzes do quarto estavam apagadas. Levantou-se sorrateiramente e preocupado em acordar o pai seguiu na direção do banheiro. Acendeu a luz e olhou para o sofá onde Max havia deitado. Viu o lençol jogado de lado e andou na direção do assento que jazia de costas para ele.  Olhou por sobre o encosto e surpreendeu-se com a ausência de Max. 

 - Pai? Pai, você está aí? – Ele chamava enquanto acendia as luzes uma a uma. Se viu confuso em meio à situação e decidiu procurá-lo do lado de fora, levou as mãos até a maçaneta da única porta que o livrava dali e naquele momento percebeu que estava preso.

 


  Max olhou para o relógio, quinze minutos e não conseguia pensar em quase nada. Olhava para o gravador, Carla balbuciava como ele os trechos da charada, entretanto não obtinham sucesso algum até ali.

  - Espera aí – ele disse - fui jogar baralho e encontrei uma letra a. No baralho, Carla a letra a corresponde ao As. – Ele disse enquanto Carla se via ainda perdida, mas concordava com ele.

  - É isso mesmo, Max. As! Perfeito. Por isso ele te escolheu, você é muito bom em charadas. – Ela disse entusiasmada.

  - Não, não sou tão bom assim. – Max disse lembrando-se da primeira charada, de quando ele ainda estava perdido, e de quando naquela lanchonete Nadia havia resgatado suas esperanças – Tive uma grande professora – Ele completou.

  - Sua mulher? – Carla perguntou, enquanto se ajeitava no caixão, como se de alguma forma ela fosse se sentir bem ali.

  - Não, uma amiga muito especial, alguém que aprendi a gostar em muito pouco tempo. – ele completou enquanto continuava a pensar.

  - Sabe, essa charada me lembra dele, ele adorava cavalos. Nosso primeiro passeio juntos, foi na fazenda do pai dele. Eu era péssima, Max. Montei no cavalo e cai. Ele desceu e veio até mim e me pediu um beijo.

  Max a ouvia, sabia que ela precisava conversar para se manter mais calma. E era isso que ele podia fazer por ela, pois até agora ele não tinha praticamente nada.

  - E você, o beijou? – Ele perguntou enquanto olhava pelo retrovisor e via que a rua estava deserta. Apenas ele trafegava por ali com o carro que acabara de roubar. Aquilo o fez pensar em como estaria Bernardo, mas ele sabia que seu filho logo estaria com Alex, ou com alguém da policia. Uma companhia muito melhor que ficar no encalço de um assassino.

  - Não. Eu não gostava dele ainda. Na verdade, estava com ele apenas porque uma amiga o apresentou para mim. Mas ele era encantador, Max - Ela disse enquanto pensava em tudo que viveram e um filme passava por sua cabeça. Fábio simplesmente havia se tornado o oposto do que sempre foi.
 
  - Você disse não? – Ele perguntou enquanto pensava na charada.

  - Sim, Max. Eu disse – ela confirmou.

  - Não, isso é só o principio – Max falou.

  - O que? – Carla continuava confusa.

  - Carla, ele está falando de vocês na charada. Desse encontro que tiveram, quando ele disse não para você. – Max mal podia se controlar – Não, isso é só o principio. Ele fala desse não. 

 - Mas, por que diz que é só o principio? – Perguntou Carla.

 - Porque é só o princípio. Ele fala do n, o principio do não, a primeira letra. Ele sempre fala de letras ou silabas. “N” e “as”. Nas – Max completou - É um nome e “nas” tem alguma coisa a ver com ele – Disse Max.

   - Isso. Mas e o inicio da charada? Ele disse que montou em um cavalo. O que pode ser? – Ela perguntou.

 


  - Sabe de uma coisa. Não sei se concordo em te deixar assim, sofrendo por tanto tempo. Uma hora dependurada de cabeça para baixo? – O assassino olhou-a e segurou-a pelos cabelos longos e negros. Olhou-a mais uma vez. Encarou-a nos olhos e sorriu sadicamente. Pegou a lâmina e aproximou do pescoço da vitima que sentiu a morte ainda mais próxima. – Você poderia sofrer bem menos. – Ele disse enquanto suas mãos tremiam. E a navalha arranhava levemente o pescoço da mulher.
 


  O homem olhava para porta e via a maçaneta se movendo, sorriu e aumentou o volume da TV. 

  Bernardo viu que as janelas e portas estavam trancadas. Correu até o banheiro, o basculante não estava trancado, mas havia uma grade, o que deixava aquilo ainda mais semelhante a uma prisão.

  Bernardo olhou para a cama, para o sofá, olhou em volta e procurava uma maneira de sair dali. Algo dizia que seu pai precisava dele, e que corria perigo. O garoto olhou para o teto, havia um forro PVC. Pensou e olhou para aquilo que ele tinha certeza que o ajudaria.

 


  - Não sei. Mas acho que tem algo que estamos deixando passar. – Max disse pensativo.

  - Quando eu montei naquele cavalo, vi que a sela estava ao contrário? – Carla tentava raciocinar – Estava de cabeça para baixo? – Ela perguntou.

 - Pode ser, mas acho que quando se monta uma sela ao contrário se monta ela de trás para frente, não – Raciocinou Max.

 - Ales? Sela ao contrário – Disse Carla. 

 - Alesnas... Tem algo errado aqui. – Continuava a pensar Max.

 - Bem, e quanto ao fim? Sentei-me e veio uma doutora para terminar com minha agonia, a dama abreviada resolverá essa charada – Ela indagou.

 - Dama abreviada resolverá essa charada. Mas qual será a abreviação de Dama? Ou melhor, e se abreviada for referente a outra coisa. Não vejo como encaixar dama nesse nome. E por que ele fala tanto de baralho – Max disse exausto.

  - Você deve ter tido um dia cheio. E agora está tentando me ajudar. Afinal, quem é você, Max? – Ela perguntou admirada.

  - Sou um homem que aprendeu que para se proteger um filho não existem limites, Carla. Eles nunca existiram. Essa é a maior verdade que Fábio pode me mostrar – Max falava de Fábio com uma frieza justificável. 

  - Ele não era assim, Max. As coisas aconteceram e de repente eu me vi presa a ele. Me apaixonei como uma colegial por um professor, um amor que ultrapassava os limites da admiração. Mas , não era pra dar certo, não tinha como. – Ela disse.

  - O que você faz da vida, Carla? – Ele perguntou.

  - Sou médica. – ela disse prontamente.

  - Uma doutora – Max sorriu e de repente ficou mudo. – é isso! 

  - O que foi, Max? – Ela estava ansiosa.

  - A dama abreviada é você, você fez tudo isso com ele, ajeitou a vida dele. A vida dele estava embaralhada. Estava tudo ao contrário, Carla. É isso que ele diz. Meu Deus, ele realmente te amava ou ao menos te amou muito algum dia - Max comentou.

  - Mas o que você quer dizer? – Ela indagou novamente.

  - Doutora abreviada, Dra Carla.

  - Mas isso nos dá, alesnasdra? Droga! Continua ao contrário, é Alessandra! O “nas” também continua ao contrário. É isso que diz a charada, mas... Não pode ser? – Carla estava surpresa.

  - Quem é Alessandra? – Perguntou Max completamente perdido.
 



  - O que você quer comigo? – Perguntou Nádia com tremenda dificuldade.

  - Não tenha medo, só tenho uma charada para você. Me responda rápido e salve sua vida – Ele disse com sua voz quase demoníaca – Onde eu estou? Ouça bem o som, e me uni, depois separa, ponho o fim e acordo para uma nova batalha. Diga agora Nádia, o tempo está acabando! – Ele disse enquanto preparava-se para cortar a corda que segurava a rede.

  Nádia fechou os olhos, enquanto viu a navalha cortar a corda amarrada ao gancho, e só assim ela soube o significado daquela charada.

 


  Ainda faltava meia hora, Max pisava fundo no acelerador. O telefone estava sobre o painel do carro enquanto ele ia direto para casa de Alessandra. Olhou para o relógio mais uma vez, os ponteiros pareciam não querer parar de rodar, mas ele estava apenas a dez minutos da casa da mulher que até pouco tempo atrás era um mistério. 
 


  Dentro do caixão a lanterna acendia e piscava enquanto Carla ainda pensava em tudo o que estava acontecendo. As lágrimas chegavam sempre que se lembrava de suas filhas e de como Érica havia ficado dependurada na forca. Carla fechou os olhos enquanto lágrimas ruinosas eram espremidas por eles e bateu com a cabeça contra o caixão. O som oco chegou até ela. Não somente o som oco da madeira, mas também o som oco da superfície em que o caixão estava apoiado.

  - Droga, o que é isso? Onde é que estou? – Carla estava completamente confusa e o medo a tomava cada vez mais.

 


   O assassino olhou para Alessandra. Sorriu da obra de arte que havia feito enquanto via o sofrimento estampado no rosto da mulher.

  - Você está linda! – Ele disse enquanto olhava para o celular e discava um número. Pegou a navalha, olhou para corda e depois para o corpo desnudo de Alessandra. Ela tremia enquanto a dor chegava dilacerante. Os gritos de pânico eram abafados pela mordaça de pano que a silenciava. Eram ouvidos apenas murmúrios desacertados, sussurros de uma alma em sua total perturbação. 

 


  O teto do quarto era alto, Bernardo havia arrastado a mesa e subido nela. Apertou suas mãos forçando o material sintético para cima, aquilo mostrou a real fragilidade daquela estrutura, assim como era em seu quarto. Ele forçou e puxou repetidas vezes. As pontas de seus dedos penetrando nas juntas já entreabertas que separavam as peças do forro e se ferindo devido ao esforço que fazia. Aquilo fez com ele visse o telhado acima de sua cabeça. Feliz por não haver laje alguma ali, Bernardo continuou o trabalho enquanto ouvia o som das sirenes de uma viatura se aproximando cada vez mais.
 


  O telefone de Max tocou. Ele olhou o numero e atendeu.

  - Matou a charada, Max? – perguntou o assassino.

  - Alessandra! É esse o nome, é ela. Não é? – Ele respondeu – Estou há trezentos metros, vou libertá-la! Esse é o trato. Qual a próxima charada?

  A voz sarcástica riu enquanto Max sentiu que havia algo de errado, mas viu que já estava perto do local como Carla havia descrito.

  - Quer saber a próxima charada? Tudo bem, Max. Acabou de vencer o primeiro round e impedi-la de ser enforcada. Mas como no jogo da forca Max, a cada letra errada algo acontece. Preciso ir. Meus parabéns e da próxima vez, seja mais rápido.

  - O que? – Max perguntou aturdido e acelerou rumo a casa de Alessandra.  Max parou o carro e viu a fachada conforme Carla havia o descrito – é aqui! – Desceu do carro e entrou, chamou por ela, e viu que a porta estava apenas encostada – Alessandra?? Você está aí? Tem alguém aí? – Disse apoiando o cotovelo na maçaneta e forçando-a para baixo. Um clique chegou ao de baixo som enquanto o ranger da porta se abrindo, chegava melancólico e sombrio. 

  Max continuou a caminhar entre a escuridão. Acendia as luzes uma a uma. A casa não era grande, na verdade era simples, uma casa nos padrões de uma classe média baixa. Os móveis antiquados e as cores tão chamativas e pouco decorativas que deixavam o ambiente sobrecarregado. Ele continuou a caminhar desarmado e inseguro, entretanto ansioso em encontrá-la logo. 

 - Alessandra? Sou amigo da Carla, faça algum barulho pelo amor de Deus! – Ele disse e de repente ouviu algo. Apressou seus passos e entrou em um pequeno corredor onde havia uma mesinha com um telefone. Ao lado da mesinha estava a porta do quarto de Alessandra. A mesma estava entreaberta. Max apoiou a ponta de seu pé e empurrou a mesma que moveu-se lentamente enquanto revelava o corpo da faxineira de Carla, suspenso no ar. 

 


  - O garoto está aqui dentro – Ele disse enquanto encaixava a chave na fechadura – A porta se abriu e o policial entrou no quarto vendo a estranha cena.

  - Acho que ele foi dar uma voltinha – Ele disse olhando para o dono do hotel e dando de ombros.

  - Filho da mãe! – Esbravejou o dono do hotel enquanto olhava para a mesa, onde uma cadeira estava sobre ela, e acima, bem no teto havia um buraco. O forro fora arrancado, e as telhas francesas que o menino havia visto assim que entrara no hotel, haviam sido removidas.  

  Há quinhentos metros dali, Bernardo fazia um gesto com o polegar enquanto uma carreta piscava os faróis e parava a vinte metros dele. A porta se abriu e um homem velho de barba avolumada, magro e fumando um fétido charuto sorriu com seus dentes amarelos.

  - Pra onde está indo garoto? – Ele perguntou.

  Bernardo enfiou o aparelho que havia roubado do carro de policia na bolsa e entrou. Ele ainda não sabia para onde devia ir.

  - Pode me deixar próximo ao centro da cidade – Ele disse enquanto o homem o olhava de uma maneira no mínimo estranha.

 

 
  Max olhou para a mulher que gemia de dor enquanto delirava e o sangue escorria lentamente pela pele dela. Alessandra estava nua, o restante da roupa havia sido arrancado, e havia uma corda aguardando para ser cortada.

   Max temia tirar a mordaça da boca dela devido ao estado em que ela se encontrava. Apanhou a faca que estava sobre a cama e cortou as cordas soltando-a. Segurou-a nos braços enquanto sua roupa impregnava-se do sangue de Alessandra que beirava o inconsciente.  

  O celular tocou e Max atendeu.

  - Oi – Ele disse com a voz ainda entalada.

  - Você a achou? – Perguntou Carla.

  - Sim, Carla, ela está viva – Carla logo sentiu o tom diferente na voz dele.

  - Conte-me a verdade, Max – Ela pediu, receosa.

  - É a verdade. Ela está viva, mas... tem um bilhete encima da cama Carla.

Bilhete...

  Não há motivos Max, essa é minha diferença do Fábio. Eu só quero torturá-los, vê-los morrer, quero sentir essa sensação. Você sabe como é revigorante, Max – Max lia aquilo enojado, mas lembrava-se de como havia matado os traidores e do que havia sentido, era um misto de sentimentos – A cada dez minutos desenharei uma parte do corpo. Corpo, pernas, braços, boca, olhos e por fim a forca.

  - Ela foi mutilada. Tem cortes por todo o corpo, Carla – Ele dizia enquanto Carla ouvia a tudo, pasma – Ele passou a lamina contornando os olhos e a boca, fez cortes circulares. Riscou os braços de Alessandra, verticalmente como se tracejasse um braço desenhando uma menina com riscos. Fez o mesmo com as pernas e na barriga dela, no corpo que parece ter sido o primeiro desenho ele escreveu algo. 

  - Meu Deus, Max. Ele é louco! – Carla disse assustada - O que está escrito? – indagou.

  - Outra charada, Carla... mas essa é sobre mim. Você está cansado, Max. Recarregue suas energias, mas sem orgias, ok? No final ande, e a achará. A primeira coisa que precisa é ter fé. E não se esqueça de começar a rezar, pois isso tudo é uma verdadeira bagunça. Bem vindo a fase dois! 

  - O que vai fazer? – Ela perguntou.

  - Alessandra precisa de ajuda – Ele disse e no mesmo momento o telefone do corredor tocou – Max deixou Alessandra deitada na cama, enquanto ela mal se movia. As lágrimas escorriam untando-se ao sangue que pintava o rosto dela. Ele seguiu segurando o telefone celular, pensou se devia atender ou não o telefone e na quarta chamada se decidiu.

  - Alô? – Ele disse.

  - Vai ficar o tempo todo falando com a Carla é? Assim fico enciumado, Max – Disse a voz zombeteira.

  - Vai pro inferno! Não precisava ter feito isso. Você – Dizia Max quando ele o interrompeu.

  - Tem que jogar melhor, Max. Pense nesse novo jogo como uma nova versão, tipo nos games. Adoro eles. A cada uma as dificuldades aumentam. Os jogos são mais complexos. É um novo nível, Max. E você tem um novo rival. Não sou o Fábio, Max, e é melhor se apressar, pois logo, logo os dez primeiros minutos se passarão. Adoro essa parte e quanto a ela, chame logo uma ambulância. E que ela agradeça por estar viva! Fim de ligação, Herói. Vamos ao próximo, pois estou louco para ganhar uma.

  - Cretino! – Disse Max, enquanto a linha ficava muda.

  - Carla, já te ligo. Ele disse desligando o telefone e discando o numero da emergência. Saiu da casa e entrou no carro. Apoiou as mãos sobre o volante e bateu com a testa forte sobre ele, enquanto as lágrimas chegavam abruptamente – Merda! Merda! Merda! – respirou fundo, tentou se acalmar e ligou o carro. Ele não conseguia raciocinar e tampouco desvendar a charada. Ele precisava de ajuda.

 


  - Aaaaaaaaa!!! – Ela gritou enquanto sentia uma estranha sensação a tomando. Passou as mãos sobre o pescoço e sentiu como se a corda ainda a apertasse. Estava deitada na cama, ainda olhando para o teto.
Ouça bem o som, e me uni, depois separa, ponho o fim e acordo para uma nova batalha.

  - Ouvir o som, e me uni... unir... e + me, é eme. A letra "m". Ponho o fim. Ponho. Ponho, o fim é o, mas nesse caso é uma silaba, nho! Uni depois separa, unir para descobrir que é "m". E separar? Bem, separar... separar? Claro, separar "m" de som. So-nho. Sonho. Era só um maldito sonho. Ainda bem.

  Ela levantou-se e saiu caminhando descalça pela casa. Pegou seu telefone e pensou em ligar para Max. Desistiu, quando viu que era tarde demais. Abriu a geladeira e pegou água, mal preocupou-se com o copo e virou a mesma no bico. Enquanto sentia o liquido gelado tocar sua garganta um som a assustou e ela deixou a vasilha cair, quebrando-se no chão.

  - Aaaaaa! – Nádia gritou sentindo o caco de vidro cravado em seu pé. Tirou-o enquanto o sangue vazava sem remorso algum. Caminhou até a porta receosa e olhou pelo olho mágico.

 – Max! – Ela balbuciou surpresa ao ver a figura chorosa do homem que apoiava as mãos na porta, de cabeça baixa.

 


  Carla ainda aguardava a ligação de Max. Pegou o telefone e resolveu ligar, foi quando um estranho barulho a assustou.
 



("Corrija Com o n, depois tira o ra, por fim tire a roupa e veja como vai findar") = continua dia 02-08-2013
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 31/07/2013
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