“Pacto de um caipira com o chifrudo”

Já é tarde da noite, o velho Francisco não consegue dormir preocupado com as dividas.

Agora, o pior esta para acontecer; sua mulher esta querendo separar-se dele.

Só lhe resta uma saída, fazer um pacto com o capeta.

Ele conversa com seu compadre, o também velho Tião, Tião lhe da às dicas para ficar rico, mas a dica é meio esquisita, ele deve oferecer ao capeta o que tem de maior riqueza pessoal, sua alma! A noite chega e o caipira vai a uma encruzilhada para encontrar com o chifrudo.

La eles conversam, Francisco sente medo, quase desiste.

O chifrudo olha bem nos olhos de Francisco e pergunta-lhe; tu estas a se acovardar seu frouxo? Não, não.

Eu só acho que a gente poderia pensar em outra coisa.

O chifrudo olha com cara de mal, eu só negocio com cabra macho, vê La se não vai me fazer perder tempo aqui na terra seu bunda mole.

Francisco com o rosto molhado de suor de tanto medo do capeta toma a decisão mais terrível de toda sua vida.

Eu te dou minha alma, diz quase sem voz ao chifrudo.

Mas eu quero ficar muito rico para poder dar uma vida de dondoca para minha mulher.

Teu desejo será cumprido.

Tu vai ficar muito rico, mas daqui a dez anos, eu voltarei para buscar você. – ta, esta bem, daqui a dez anos eu vou dar uma festa, daí você vem para me levar contigo para o inferno.

O capeta fica meio cabreiro e indaga o homem; - porque vai dar uma festa bem no dia em que eu virei lhe buscar? Tu vai morrer seu caipira burro.

Francisco responde-lhe; - eu sei que vou morrer, mas todos me verão morrer feliz. O pior, é que o velho Francisco teve a infeliz idéia de enganar o chifrudo, mas ficou bem quietinho, ele já tinha tudo combinado com seu compadre.

Vou fazer o que o compadre me ensinou, vou enganar este capeta chifrudo.

Ele não vai nem sentir meu cheiro, quero ver se ele é mesmo esperto, quando vier e não me encontrar.

Dez anos se passaram, o caipira estava muito rico, gastou muito dinheiro com sua mulher e agora chegou a hora de pagar a divida com o chifrudo das trevas.

A festa comia solta, quando foi chegando a hora de pagar a divida, a morte do caipira era certa.

A preocupação estava atormentando ele.

O velho compadre se aproxima dele e diz; - vamos por em pratica nosso plano, vamos enganar o capeta. – sim, vamos, diz o caipira atordoado.

O chifrudo esta na porta com seus cupixas do inferno.

Os dois caipiras vão ao banheiro do casarão e lá o compadre raspa a cabeça do Caipira Francisco para tentar enganar o capeta.

Der repente, o bicho adentra a festa em meio aos convidados e começa a procurar por sua vitima, ele quer receber sua divida.

Ele procura, procura e nada de encontrar o caipira.

Francisco passa por varias vezes na frente do capeta e ele não o reconhece isso o deixa muito feliz, sua idéia de enganar o diabo deu certo.

Ele vai saindo da festa pra ir embora deixando os convidados.

Quando sua mulher, toda piruá se aproxima do capeta e pergunta-lhe; o que faz aqui em nossa festa chifrudo? Ele a fita com um olhar debochado e responde; eu venho buscar uma alma que me pertence, por acaso; a senhora não viu por ai um velho caipira espertalhão? A mulher responde; - não, aqui só tem amigos da família, não tem ninguém deste jeito que descreves, mas fica a vontade, pode beber cachaça à vontade. – não, eu não quero ser incomodo, apenas quero receber o que é meu, mas eu não encontro o cabra da gota, vou levar aquele carequinha que esta tentando fugir da festa. Quando a mulher olhou e viu que o capeta falava do seu marido, teve uma vertigem e caiu dura aos pés do chifrudo, ele que não é nada besta, deu uma gargalhada e diz; - eita, eu venho buscar um e levo dois, o jurinho bom.

Eu ouvia esta historia do meu avo quando era ainda menino, engraçado, mas da certo medo.

Fim

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 21/08/2013
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