Sonâmbulos

Uma psicanalista foi investigar um mistério que rondava uma família tradicional da Europa. Por coincidência ou não, eles ainda mantinham os costumes da época, até mesmo a casa aparentava ser do século passado. Ao chegar no local, Mary foi recebida pela empregada sorridente que a tratou muito bem, eram pessoas muito bem acolhedoras e conversa com a madame Rubi:
- Seus vizinhos estão preocupados com vocês!
- Por que?
- Dizem que ouvem barulhos estranhos na sua casa em plena madrugada, quebrando coisas e batendo nas portas!
- Eu não sei do que estão falando, nós dormimos cedo logo após o chá das cinco e nunca ouvimos nada até hoje, são pessoas fofoqueiras que gostam de se meter em nossas vidas!
- Eu entendo senhora Rubi, mas vocês tem algum problema de saúde?
- Não, só meu sobrinho que mora comigo que tem problemas mentais, mas ele vive trancado no quarto, nunca sai de lá, não sabemos o que pode acontecer!
- Posso vê-lo?
- Claro, mas tenha cuidado...
Mary subiu as escadas antigas e seguiu por um corredor escuro e sombrio, até avistar uma porta de ferro trancado a sete chaves, ao olhar pela fechadura, outro olho bem vermelho surge de repente assustando a profissional que quase cai para trás. O rapaz doente começa a gritar nervoso e batendo na porta violentamente, mas a madame acalma a doutora e disse:
- Ele sempre fica assim quando está com fome!
- Isso é loucura!
- Eu sei, mas o que podemos fazer?
- Posso passar alguns dias com vocês, ver melhor o que está acontecendo?
- Claro querida, será muito bem vinda!
Na primeira noite nada aconteceu, ela até pensou que fosse realmente conversa das pessoas. Mas na noite seguinte ela teve que dormir no quarto junto com a empregada Sara, por que não tinha mais espaço para suas coisas. Na madrugada, Mary acordou e não viu a criada na cama e ela se levantou para ir a cozinha beber um copo de leite morno. No entanto, avistou um vulto atrás dela passando no corredor...
- Quem está aí?!
Ninguém falou nada e ela mesmo nervosa foi a geladeira pegar o copo de leite. Inesperadamente, ela ouve muitas risadas no andar de cima, tremendas gargalhadas que arrepiavam a alma. Ela corre até o quarto da senhora Rubi e tudo estava vazio, não tinha ninguém deitado em seus leitos. A jovem doutora pegou um pedaço de ferro e começou a caminhar cautelosamente, até ouvir um barulho no banheiro, ao abrir a porta, avistou dois olhos luminosos, sem pensar duas vezes ela ataca a figura estranha com vários golpes. Só quando apareceu a empregada em choque perguntando por que tinha matado Jefrey, o gato de estimação da família, ela parou de bater e olha o corpo massacrado do animal cheio de sangue.
- Me desculpe, eu não sabia...
- Vamos esconder ele no jardim antes que os donos acorde!
- Mas eles estão fora dos quartos!
- Isso não quer dizer que estão acordados...
Sara cava um buraco e joga o felino lá dentro, tampando com mais terra. No dia seguinte, a madame pergunta á Mary se tinha visto seu gato, pois havia sumido, a psicanalista disfarçou fingindo que não sabia de nada. Mais tarde ela fala com a criada e pergunta por que convive com isso todas as noites e ela respondeu que essa família esconde um baú cheio de joias caríssimas e sua única oportunidade de roubar é quando eles estão fora de si no meio da noite, percorrendo no interior da casa como sonâmbulos.
- Se você me ajudar eu te dou metade!
- Eu quero ajudar essas pessoas, elas precisam de tratamento!
- Nós roubamos e fugimos, ninguém vai descobrir!
- Eu não vou permitir que você os roube, eu vou acordá-los quando estiverem sonâmbulos!
- Você está cometendo um grande erro, não faz idéia do que eles são capazes de fazer enquanto estão dormindo!
- Eu não tenho medo de nada!
- Então prepare-se para mudar seus conceitos esta noite...
Anoitece e na madrugada, Mary ouve novos ruídos na casa, onde ela pega seu machado afiado e vai até o quarto da senhora Rubi e mais uma vez de porta aberta, ouvia-se passos ao redor, mas Mary não conseguia distinguir quem era, estava muito escuro, ela apenas se escondeu atrás de uma cortina branca. O marido da madame Rubi aparece no quarto pelado e com um copo de whisky na mão, olhando ao redor, como se tivesse observando o local. Mas a empregada aparece e esfaqueia o homem até a morte. Em seguida ela começa a vasculhar as gavetas, até que acaba achando o tesouro perdido.
- Finalmente achei, estou rica!
- Eu não contaria com isso...
Mary aparece armada com o machado e ordena que devolvesse as joias ou a mataria.
- Cuidado, atrás de você!
Por um momento Mary acreditou e ao olhar para trás, Sara a empurra para o corredor e tenta pegar sua arma, mas ela não consegue e leva um tapa na cara da doutora. A criada corre nervosa e com uma chave na mão, disse:
- Você vai pagar caro por esse tapa... Conversa com ele agora... O menino que nunca dorme...
Ela abre a porta de ferro, onde estava preso o sobrinho doente da família. Surgiu um homem forte de dois metros de altura, a pele em decomposição e o corpo cheio de feridas abertas, o monstro parte pra cima de Mary furiosamente, enquanto a empregada fugia com o baú roubado. O ser começa a enforcar a mulher, que tenta se soltar e para se livrar do pior, ela dá uma machadada no braço do psicopata, arrancando seu membro na hora, fazendo ele gemer de dor. Em seguida, ela pega sua arma novamente e acerta o crânio do monstro, matando de vez o brutamontes. Quando ela começou a ir embora, uma criança aparece no corredor pedindo ajuda e a psicanalista acompanha a menina até um quarto escuro e vazio e de lá desapareceram misteriosamente...
Na verdade desde o começo, a casa sempre esteve abandonada e não era habitada há séculos e depois que a doutora Mary entrou naquele casarão, nunca mais foi vista por ninguém...
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 12/09/2013
Reeditado em 24/09/2016
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