Viagem e Psicose

Sonhava como se jamais sonhasse antes, sonhava com tamanha intensidade e vontade que nem meu coração dava mais conta do trabalho. Eu começava a desmantelar aos poucos.

Era luminoso, multicolorido e polissêmico. Talvez um dos sonhos mais fantásticos que eu já estivera em toda minha vida. Meu subconsciente, aflito e a mil por hora, excitava cores e odores por todo canto daquela atmosfera para lá de psicodélica.

De repente surge um pigmeu de cabelo e barba azul e pele laranja. Ele fitava-me como se quisesse algo de mim. Pois eu fui logo perguntar a ele aonde é que eu estava. O pigmeu, aturdido com a minha presença, já foi advertindo com o dedinho que em pouco tempo eu havia de zarpar dali.

Outrora veio uma senhora, uma senhora gorda e negra. Numa mão segurava uma colher de metal e na outra uma colher de madeira e que uivava para mim dizendo para correr dali o mais rápido possível.

Eis que me aparece um coveiro muito taciturno. Uma pá no braço e uma cruz nos ombros. Jesus? Não. Era um simples coveiro, enterrava gente por aí. Acreditava que ele iria acabar me enterrando ali mesmo, naquele chão esquisito e pegajoso.

Um cogumelo do tamanho de uma árvore centenária surge bem em minha frente. Luzia coloridamente de modo que nem meus olhos aguentavam as cores. Catei um pedaço de hifa e meti na boca, viajei, para outra dimensão, só que desta vez, em preto e branco, monocromática e melancólica. Uma dimensão que modela gente ainda mais esquisita que pigmeus, que senhoras gordas, que coveiros e que cogumelos da paixão, são pessoas de carne, pessoas que matam de verdade, que odeiam e que raramente, raramente amam ao próximo.

Nathus
Enviado por Nathus em 01/10/2013
Código do texto: T4507077
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