Deserto das Almas

Estava frio. O tempo exalava uma constante sensação de inverno. Assim estava um pequeno vilarejo, pouco conhecido, mas completamente imerso em dúvidas e antigos acontecimentos. O vilarejo era conhecido como “ Deserto das almas”, pois a pequena população de 350 habitantes, antes 730, falecera rapidamente e deixara sempre uma sensação de medo e mistério sobre seus óbitos.

Uma noite, Joana, moça humilde e trabalhadora, andou pelo bosque da cidade, procurando lenha para aquecer-se através de uma fogueira, já que a sensação de frio nunca mudara. Durante a busca por lenha, Joana em meio ao bosque sombrio, havia esquecido-se de levar consigo um lampião, pois a noite chegara depressa. O medo e receio faziam parte dela agora. Alguns minutos depois, um estranho barulho. Ela não podia distinguir o som que atravessara o bosque, pois não sabia dizer se era a voz do medo ou a realidade que, na verdade, poderia dar-lhe mais medo ainda. Mesmo assim, Joana continuou andando, já havia encontrado algumas lenhas. Ao terminar de procurar, ela ouviu novamente um estranho som. Pareciam vozes de socorro, vozes de medo. Ao perceber que as vozes não eram de sua cabeça, Joana correu o mais rápido que podia, deixando cair as lenhas. Além das vozes aumentarem durante sua “fuga”, ela não conseguia sair do bosque. O medo e o desespero tomaram conta, mas mesmo assim, ela conseguiu correr mais e mais sem desistir. De nada adiantou. Joana tropeçou pelo cansaço e antes de desmaiar, viu uma pessoa de vestes negras, cabelo escuro e olhar vermelho.

Dias se passaram, nada se soube sobre Joana. Muitos acreditam que ela sumiu da mesma forma que muitos, mas uma coisa aconteceu. Crianças ainda podiam vê-la correndo pelo bosque e atravessando a cidade correndo.Somente as crianças podiam vê-la, já que, somente elas teriam um dom para ver coisas que ninguém podia.

Uma das crianças correu em direção a sua casa. Sua família morreu assassinada dentro de casa . Suas almas estavam presas naquela casa e a pequena criança, consumida pela dor e pelo medo, ainda sorria pela janela de sua casa olhando o bosque, pois sua mãe, Joana, ainda estava lá e ainda podia olha-lo de longe. Ele a esperava, buscando o calor no qual a lenha iria proporciona-lo e o calor afetivo de sua mãe.

Ele esperou durante dias sua chegada, acreditando assim, encontrar novamente Joana, mãe querida, morta pelo mistério que rondava a cidade. A pequena criança, ainda na esperança de encontra-la, adormeceu profundamente imersa no frio que aumentara naquele dia. Em seu sonho, ele despertara em dor, consumido pelo medo, embora uma coisa o confortasse. Sua mãe voltara pra casa e juntos iriam trilhar o percurso que ambos se encontravam. A morte pela morte, o desconhecido pelo desconhecido. A criança jamais acordou, mas ainda vivia em comunhão na aflição de muitos que buscavam a saída do “ Deserto das almas” ....

Roberto William
Enviado por Roberto William em 13/11/2013
Reeditado em 06/06/2014
Código do texto: T4569164
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