As Crônicas do Fim do Mundo - Dreamland

Eu tinha contado a parte bonitinha da história né? Porém não é só de momentos lindos que vive o homem – ou morre no meu caso, sei lá – depois da minha burrada, ou não, as coisas começaram a ir cada vez pra pior.

Você deve estar curioso pra saber como isso continuou depois da minha pergunta, certo? Vou dizer para você. Mas não diga que não avisei. A vida real não é como os filmes da Disney. A vida real nem sempre tem um final feliz.

Sim – Essa foi a sua resposta, essa foi à resposta que eu queria ouvir. Demorei um pouco para assimilar aquilo tudo. Demorei muito mais para perceber que ela estava horrorizada e emocionada. Em meio aos olhos brilhando ela deu um grito tão alto que os mortos poderiam se levantar, claro se eles já não tivessem fazendo isso por causa do anel. Olhei para o sol e ele estava com uma cor diferente. Um verde musgo. E todo o céu estava negro.

Finalmente a ficha caiu, cometi um dos maiores crimes que alguém pode cometer. Desafiei Hades.

Enganei Hades. Menti para Hades. Confrontei Hades.

E agora todo o mundo, ou pelo menos todo mundo da minha cidade, estavam sofrendo as consequências.

Segurei a mão de Nara.

- Tudo bem amor. Eu não vou deixar que nada aconteça com você – ela me olhou nos olhos – Eu confio em você Will.

Beijamos-nos. Ali mesmo. Os mortos passando do nosso lado. Aquele ar gelado e fedido de gente morta. Mas nada disso importava na hora, o beijo de Nara é o melhor beijo que já ganhei. Doce. Suave. E ao mesmo tempo intenso e sexy. Olhamos-nos e olhamos ao redor. As pessoas estavam correndo desesperadas. Os mortos corriam atrás delas. Algumas casas já foram invadidas. Outras até já pegavam fogo. Porém não saia fumaça. No céu havia um sol verde musgo e o resto tudo preto. Porém a rua estava iluminada como se houvesse um sol maior que o normal. Tudo estava estranho. Nada que era real realmente era real.

- Você sabe o que está acontecendo? – Nara perguntou.

- O mundo inferior se uniu com o nosso. Eu não devolvi o anel da vida – estava desejando que ela soubesse de tudo. Não queria que ela começasse a se culpar.

- Suspeitava. – Senti minha cabeça quebrar. Realmente, senti mesmo. Como assim SUSPEITAVA? – Han? – foi à única coisa que consegui dizer.

- Como falei Will. SUSPEITAVA – Ela colocou a mão no bolso de trás da calça. Não, não poderia ser o que eu estava pensando. Ela tirou um anel e me mostrou. Era um anel da vida.

Minha cabeça quebrou novamente.

Ela não só sabia do anel, como tinha um. Perguntei-me como não percebi antes.

- Você também é uma morta? – Nada fazia sentido pra mim.

- Não. Eu sou viva, muito viva. Mas sou filha de Athena com um mortal. E ganhei esse anel da vida como presente. – Então ela também fazia parte desse mundo de deuses. Muita informação para minha cabeça.

Ela se aproximou e me beijou novamente. Ainda estávamos nos beijando quando uma voz ecoou.

- Will você cometeu o maior dos crimes. E agora sua cidade a de pagar por tudo. – O chão começou a tremer e uma rachadura na vertical apareceu. E foi abrindo. Abrindo. Abrindo. Até ficar grande o suficiente para sair milhares de almas de lá. Desde almas estilos zumbis até almas estilo gasparzinho. Não tinha bem um padrão para isso, mas a única coisa que sei é que não era uma coisa boa.

Os mortos começaram a se aproximar de nós. Peguei a mão de Nara e comecei a correr para o lado oposto. Os mortos estavam vindo de lá também. Estavam chegando perto. Muito perto. Apertei a mão de Nara e fechei os olhos desejando que tudo aquilo fosse apenas um sonho...

Abri os olhos. Tudo estava branco e claro. Não conseguia enxergar muito bem, mas ao longe eu vi uma mulher loira caminhando até a mim. Ela carregava algo nas mãos.

Enquanto ela se aproximava conseguia ver vários traços do rosto e olhos parecidos com o de Nara. Mas não era Nara. Com uma roupa branca e uma caixa não mão ela sentou do meu lado.

- Will. Você deve estar se perguntando onde está. Você está em um lugar seguro, mas Nara não. – Meu estomago se revirou, quase vomitei. Como assim? O que tinha acontecido com Nara?

- Hades a capturou. Você terá que ir até lá resgatá-la – ela estava falando como se realmente eu não fosse querer ir resgatar meu amor.

- Você é... – não consegui completar a frase – Sim, sou Athena. Mãe de Nara. E consegui te resgatar a tempo para entregar-lhe isso – Ela deu a caixa para mim.

Abri a caixa e dentro dela tinha uma espada e um escudo. Tão brilhantes que conseguia ver meu reflexo como se fosse uma câmera profissional de última geração. Acho que deu para notar a minha preocupação.

- Tenho fé que você vai conseguir Will. O amor de vocês é mais forte que muitos deuses.

- Você não pode me ajudar? – Perguntei esperançoso.

- Infelizmente a única coisa que posso fazer é lhe dar essas armas. Um Deus não pode invadir o reino de outro Deus sem seu consentimento. – Assenti. Peguei a espada e o escudo. Eram pesados demais pra mim.

- Essa espada e escudo se alimentam da confiança de seu dono. Quanto mais confiança mais poderosa e mais leve fica. Quanto mais medo e insegurança, mais pesada e fraca ela fica. – Um silêncio tomou conta de um ambiente que já era silencioso por si só – Está na hora de ir.

- Sabe Athena. Prometa-me uma coisa?

- O que Will?

- Se eu voltar de lá com Nara. Vou poder te chamar de sogra? – ela sorriu.

- Vai sim Will.

E tudo novamente ficou branco... E depois cinza... Por último preto.

Estava em um local fechado. Parecia um cubo. Com várias pedras escuras trancando o lugar. Parecia um calabouço daqueles filmes e jogos de Rpg. Tinha uma porta de madeira na minha frente. Tinha algo escrito nela. Com um giz. Algo que só eu e Nara poderíamos entender. Estava escrito DREAMLAND.

Com lágrimas escorrendo dos meus olhos. Sussurrei.

- Nara. Estou indo te buscar.

Willpsk
Enviado por Willpsk em 07/01/2014
Código do texto: T4640475
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.