Vingança

O gato miou dolorosamente quando a vassoura o atingiu com força. Não entendia a fúria da mulher. Desde que seu dono fora levado em um grande carro preto, toda a sua vida mudara. Antes era permitida a sua presença na casa. Podia andar livremente pelos cômodos. Sua tigela de comida estava sempre cheia. Carinho nunca lhe faltara. Agora todas as vezes que sua presença era notada, recebia pancadas e era escorraçado brutalmente porta á fora. Inocentemente ele sempre voltava.
Os olhos da mulher brilharam maldosamente á espreita. Sempre odiara aquele gato. O suportara todos aqueles anos para agradar o marido, mas agora que ele falecera não tinha nenhum motivo para aturar aquele bicho insuportável. Já o espancara diversas vezes, mas ele sempre voltava. Estava decidida. Desta vez daria um jeito definitivo.
A água fervente o atingiu com força assim que penetrou na cozinha. Arrastando-se com dificuldade, o gato foi para o quintal onde ficou agonizando. Munida de um pedaço de pau, sem piedade a mulher completou o serviço. Em segundos o animal estava morto. Satisfeita a mulher entrou em casa para ver o filho que chorava.
Levando as mãos á cabeça a mulher gritou histericamente. Deitado no berço o bebê jazia imóvel. Da boquinha roxa saia uma pele preta. Desesperada e tremula ela começou a puxar. Com ânsia de vômitos percebeu que era o gato que matara.
Um barulho na sala chamou sua atenção e ao adentrar no aposento, viu o falecido marido carregando nos braços o filhinho, enquanto o gato preto enrodilhava em suas pernas.