Crônicas da Fazendinha - história 3 - A Serpente gigante do Cemitério Municipal

O bisa me contava muitas histórias nas noites de sexta feira e a criançada não perdia numa delas. Pouco a pouco, um a um procuravam o melhor canto da sala para ouvir os velhos contos de trancoso.

Bisa já tinha a idade bem avançado já tinha 77 anos e muita vitalidade. Dono de uma saúde de ferro ainda fazia cestos artesanais com a palha da oiticica pintadas com tinta natural extraídas das flores dos frutos e vendia-os na feira por uns 5.000 cruzados. Meu Bis Dom Manuel era um a frente de seu tempo. Naquela época já pensava na sustentabilidade.

Homem viajado pelos sertões, já tinha visto de tudo com aqueles olhos tão pequeninos...e adora debater sus aventuras.

(B) Menina você já jantou?

(S)Já bisa! tomei banho, rezei,jantei e agora só falta o senhor contar nosso causo de hoje (risos)

(B) Não ria que hoje a história é de trancoso e você sabe que não de deve rir das coisa do outro mundo.

Meu bisa sabia me fazer ficar quita como ninguém. eu sempre fui medrosa mas isso é sinal de inteligencia afinal o seguro morreu de velho.

depois vai que alguma alma penada puxe a minha perna a noite ..MÃE!!!

Meu avó deixava uma vela acessa quando contava sus histórias dizia que era pra afastar os maus espíritos. Era igual um nado sincronizado; termina a história e vela findava.

(B) Era por volta de 1903 eu era menino quando passou o cortejo de dona amélia de barros mourão considerada uma das mulheres mais ricas da cidade. Viúva e sem deixar herdeiros. Mulher altiva e considerada por muitos sem coração provida dos mais horríveis sentimentos ...dizem as más linguás que ela matava os animais de rua com chumbinho. Muitos gatos lá de casa desapareciam sem deixar rastos...será que era culpa dela mesmo? o que será que ela realmente fazia com os bichos...isso nunca se comprovou...

(B) Eu segui o cortejo, afim de saber se iria ter café pois afinal de contas eu tava era mesmo com vontade de filar alguma boia mesmo..mas como não havia nenhum familiar , nada de especial houve e logo que chegou ao cemitério municipal logo foi sepultada. E o tempo passou e eu já por volta dos meus 14 anos de idade voltando da roça com papai passamos em frente ao velho cemitério e vimos aquele borborinho e logo corremos para ver o que era

(Ra) Era outro defunto?

(S) não interrompe o bisa Renata!

(B) Não era algo assustador e horripilante, algo que fazia com que as forças da natureza estremecessem..... ERA UMA COBRA GIGANTE !!!!!

Bisa deu um grito tão grande que assustou todo mundo. Arenata começou a chora o pobre do Raul se mijou todinho ...Bisa ficou uma ferra com ele dizia meu bisa que o homem que é homem tinha que aprender duas coisa : não chorar e não se mijar por medo.

(B) Os moradores disseram que dona Amelia havia voltado em forma de serpente e que estava colocando todo mundo para correr do cemitério e e meu pai formos a olhar de perto a cena, foi quando avistamos aquela criatura horrenda e macabra.

(F) Pai deixa esse assim com medo e eles não vão deixar ninguém dormir aqui em casa to lhe falando

(S) eu não estou sentindo um pinguinho de medo ( cá entre nós eu tava quase vomitando de tanto medo mas me fiz de durona)

(B) Falando em cemitério temos que ir mesmo para o velório de Seu das chagas morreu tão novilho 88 anos

o homem tinha com certeza ido ao batizado de Dom pedro 2 . saber que uma pessoa de 88 anos era considerada jovem era um alivio pois para quem tinha apenas 8. Eu vou demorar a envelhecer pensava eu e meu carneirinho de pelúcia.

(B) amanhã vamos cuidar é cedo viu!!!

(S) E as crianças vão ficar em casa oba!!!

(B)negativo vão junto com gente para ajudar a família nesse momento. Você minha bisneta vai servir o cafezinho para os convidados.

Eu nem conhecia o defunto e ainda iria servir cafezinho para os convidados realmente eu não entendia porque eu tinha que ir e o bisá finalizou o causo e a vela findou e fez um formato de cobra com a cera ....a tia Francisca disse ...isso é mal sinal....

To be continued