O Encontro

Sexta-feira, noite de lua cheia na pequena Greenville, Pensilvânia. As casas acesas, as pessoas na rua, o bar do Bill lotado. Podiam-se ouvir as risadas dos beberrões que já tinham passado do limite. Sentia-me estranha, tinha uma sensação de que algo ruim estava para acontecer.

Experimentei olhar a lua, para esquecer. Linda, gorda e amarela. Hipnotizei-me por alguns instantes.

De repente, escuto barulhos se aproximando, me tiraram do transe. Entre os galhos das árvores, atrás de mim, sai um casal. Reconheci o garoto, Joe Schmied, lembro-me dele pequeno, vinha sempre aqui com seus pais e irmãos, para brincarem durante horas.

Ouvi Joe dizer, certamente sua família nem imaginava onde ele estava e muito menos às escondidas com sua namorada que quando olhou para cima em direção a lua, pude reconhecê-la, Jennifer Sanders, cabelos loiros e encaracolados, rosto redondo, os olhos eram duas esmeraldas, pele branca, macia e bem cuidada, uma menina linda. Joe tinha bom gosto. Resolvi prestar atenção no que faziam. Ele montou a barraca enquanto Jennifer juntava os gravetos e acendia a fogueira. Tiraram alguns marshmallows da mochila, sentaram nas grandes raízes da árvore atrás deles e começaram a cozinhar os pedacinhos brancos presos nos espetos.

Tudo perfeito, o tempo passou rápido e já era tarde quando senti o chão tremer. O casal não sentiu, continuaram abraçados olhando a fogueira consumir toda a madeira. Vejo algo correndo, pequeno e distante, aquela sensação ruim toma conta de mim. Sei que aquilo que está vindo é algo ruim. Continua avançando, como um trem desgovernado, o casal estático, não sente o chão tremer.

Tento avisá-los, grito, gesticulo, mas sem sucesso, eles não me ouvem e não me vêem. A coisa é uma fera, um lobo que avança em minha direção, o chão treme com mais intensidade conforme se aproxima, mas nem Joe nem Jennifer sentem. Grito e gesticulo de novo, mas nada, eles não olham pra mim. O lobo, que ao longe era pequeno, é enorme, pêlos espessos pretos, o focinho comprido, os olhos dilatados e as orelhas pontudas em alerta. Ele pára atrás de mim. O casal está distraído, conversando amenidades.

- Ei Joe, sai daí. - tento chamá-lo sem que a fera me escute.

Ele não ouve e ela dá o bote. Arranca a cabeça, o sangue jorra, Jennifer grita horrorizada, o animal investe contra a garota, provando sua carne e se lambuzando de sangue. Tentei avisá-los, mas não me ouviram. O lobo, satisfeito após a refeição, dá um uivo de triunfo. Fez-me gelar, minhas raízes tremerem e minhas folhas... Chacoalharem.

Miliany Pellegrini
Enviado por Miliany Pellegrini em 28/06/2014
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T4861468
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