Vingança é um prato que se come com sangue.

Todo ano a empresa de advocacia onde trabalho faz uma festa em um hotel muito bonito, onde todos vão de roupas chiques, jóias chamativas, e uma vontade gigante de puxar o saco do chefe e o tapete do colega. Porem, nossa participação é obrigatória e vai de encontro a minha vontade de ficar em casa bebendo cerveja e assistindo filmes. Coloquei um terno preto, camisa branca, gravata borboleta - acredite se quiser - e um sapato preto muito bem ilustrado.

O salão estava lotado de pessoas escondendo sua infelicidade no álcool, fingindo sorrisos, gargalhando de piadas ridículas, o que as pessoas não fazem por um mísero aumento?

Jason se aproximou de mim com uma taça de champanhe em mãos, a qual ele nem consegue beber, claramente ele não se adaptou ao sabor, porem o status de perambular a festa com a taça o prendia a ela.

- A Gabriela não veio?

- Isto não é mais um problema meu - respondi de forma fria - mais tenho certeza de que você adoraria que fosse seu.

Jason lançou um olhar agressivo sobre mim.

- Esta grosseria que a fez vir correndo até mim - ele fez uma pausa dramática enquanto movimentada o copo de forma circular, acredito que para ver o liquido passar pelas bordas da taça - Você é um idiota.

- Isto não é da sua conta. - sussurrei enquanto me afastava

Agarrei um copo de champanhe que estava sobre uma bandeja, atravessei a festa desviando de alguns olhares incômodos, e atravessei a porta dos fundos, diante de meus olhos surgiu um grande jardim com uma piscina muito grande, ao redor dela havia mesas e cadeiras enfeitadas também para a festa, porém, o frio mantinha as pessoas no salão.

Me aproximei da piscina ainda tenso por minha conversa com Jason, lancei a taça sobre a água da piscina e a vi flutuar, de repente alguém espirrou, voltei meu rosto violentamente para o lado e com o susto quase experimentei as águas com um toque de champanhe.

- Me desculpe.

Sua voz suave atravessou meus ouvidos me deixando sereno, um sorriso sincero atravessou meu rosto, fui forçado a me aproximar lentamente esbanjando meu charme.

- Oi - fiz uma pequena pausa para manter o mistério - sou Erick e você?

- Elizabhette, mais pode me chamar de Lise.

- Nome bonito - puxei a cadeira enquanto jogava meu charme - assim como você.

Ela manteve sua feição fria bloqueando minhas tentativas de aproximação.

- Posso me sentar? - questionei

Ela moveu o rosto lentamente de forma positiva, mais eu já havia sentado - discrição nunca foi o meu forte - e comecei a observá-la. Cabelos longos e negros, rosto redondos e esbranquiçados, olhos grandes, claros e frios, vestido preto com detalhes vermelhos, parecia mais um vestido usado pelas cantoras de bandas góticas do que os da década de 80. Eu não sei como aquela mulher conseguia me deixar boquiaberto, de repente ela se levantou.

- Devo partir - disse ela se afastando.

- Não - gritei - me passe seu numero.

Quando segurei seu braço ela apoiou a outra mão sobre meu peito e me lançou contra a mesa, se aproximou de mim e mostrou seus dentes afiados.

- Você é um vampiro? - gritei - como?

Jason surgiu por detrás dela.

- Vejo que já conheceu minha prima sanguinária - disse ele em meio a gargalhadas - mate-o.

Ela lançou seu corpo frio sobre mim, e fincou seus dentes em meu pescoço, senti minha vida ser arrancada de meu corpo, meu sangue jorrava sobre o vestido de Lise que agora ganhara mais detalhes vermelhos, de repente ela se afastou, agarrou meus ombros e me lançou sobre a piscina para facilitar minha morte. Tudo escureceu. Eu estava morto será?

Meus olhos se abriram lentamente e eu identifiquei o local, um cemitério muito rustico, com mausoléus grandes e chamativos que gritavam a morte na escuridão da noite. Gatos corriam de um lado para outro, aves surgiam e desapareciam nas trevas, e eu não sentia absolutamente nada. Caminhei para fora do cemitério e me dirigi a casa de Jason, meus dentes me incomodavam, e a unica pessoa que encontrei no caminho correu de mim. Sim, eu me tornei um vampiro, e agora eu precisava matar Jason. Sua casa estava escura, arrombei a porta, um pequeno cachorro me enfrentou, o parti no meio com meus dentes, vi seus orgãos internos desenhar nas paredes brancas da cozinha. Uma adolescente surgiu e gritou.

- Meu Deus, porque fui assistir crepúsculo hoje????

Levantei uma das sobrancelhas.

- É uma piada? - sussurrei

Ela tentou correr, eu a agarrei, mordi seu rosto e arranquei a pele sentindo seus gritos desesperados, depois enfiei a mão sobre sua boca e arranquei seu queixo. Seu corpo desmoronou diante de mim. Uma mulher gravida surgiu e desmaiou em poucos segundos. Então Jason surgiu entre os umbrais da porta da cozinha.

- O que você fez com a minha família? - ele gritou - o que?

- Senta - sussurrei segurando o pescoço da mulher gravida - Senta, e come esta sopa.

Havia um prato com um resto de uma sopa fria, ele começou a sugar o líquido, lancei o corpo da mulher contra ele, ela bateu a cabeça na mesa e jogou algumas gotas de sangue na sopa.

- Experimentei a morte misturadas a água da piscina e champanhe, e você a experimentara com sopa e sangue.

Em dez minutos eu já estava fora da casa, a policia apareceu e encontrou todos desossados, nunca conseguiram explicar o que aconteceu ali. Para quem gosta de romance devo dizer que não me apaixonei por Lise, mais a caçarei por toda a eternidade. Afinal, a vingança é um prato que se come frio, e com sangue.

Ashira
Enviado por Ashira em 17/07/2014
Reeditado em 05/08/2014
Código do texto: T4885511
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