O QUE SÃO AQUELAS COISAS CAINDO DO CÉU ?

É uma maldita invasão , disse Santiago apontando para cima , para os discos que despencavam do céu a todo momento . Pareciam pires , um monte deles , desciam e pousavam no meio da rua . Eram do tamanho de carros populares e quando pousavam não chegavam a tocar o chão , ficavam ali flutuando como balões . Perguntei a Santiago se deveríamos trancar as portas , ir se esconder no porão ou quem sabe nos armarmos com facas e pedaços de pau . Ele me devolveu a pergunta .

Acha que devemos ? Digo , acha mesmo que devemos encarar essas coisas ?

Acredito que não teríamos a miníma chance contra eles .

E assim ficou decidido . Permanecemos olhando tudo da garagem . Do radio do carro ouvíamos as noticias , que nos fazia pensar que tudo aquilo se passava apenas na nossa cidade .

Mas que sorte a nossa não ? Disse eu a Santiago , lhe passando a lata de cerveja . O céu era uma grande nuvem de fumaça .

Temos que fazer alguma coisa a respeito da cerveja . Elas estão acabando , sera que o mercado ainda esta aberto ?

Olhei no paraguaio algemado ao meu pulso .

São seis e meia , o mercado fecha as oito , falei .

Entramos no carro e seguimos em frente . As ruas estavam um caos , tivemos de desviar de pessoas o caminho todo . Os desgraçados abandonavam seus veículos na pista , e quando não havia jeito de desviar montávamos noutro e continuávamos . No horizonte um enorme cogumelo de fogo surgiu , arrastando poeira e ar quente até nós . Fechamos nossas janelas enquanto lutávamos para vencer a poeira .

Meu deus , Santiago , não consigo enxergar nada ! Falei depois de passar por cima de alguma coisa .

O que você atropelou ? Perguntou meu amigo , no passageiro.

E eu é que sei ?

Então porque você não liga o GPS antes enfiar o carro no rio ou coisa assim .

Boa ideia .

Mas o maldito GPS não funcionava , S. , botou a cabeça para fora e esfregou o para-brisa com um pedaço de pano para tirar um pouco da sujeira .

Cara , entra logo , isso não tá funcionando .

Então o que fazemos ?

Uma pessoa surgiu no meio da poeira , trazia uma criança no colo , uma criança de seis ou sete anos .

Hey , senhor , esta tudo bem ai ? Perguntei .

Santiago abriu a porta do carro e os deixou entrar .

Era um chines e uma garotinha . A menina chorava assustada .

O que se passa , pequena ? Disse eu acariciando sua cabecinha .

O chines pai quis saber para onde estávamos indo . Disse que precisávamos chegar ao mercado .

Não adianta , já foi todo saqueado , esta uma bagunça para esse lado , temos que voltar , voltar , voltar agora !

O homem realmente sentia medo . Dissemos a ele que não teria como voltar , explicamos que os mercados do lado de cá já eram , e só nos sobravam os do lado sul , tínhamos que continuar para o sul . Santiago encontrou um pirulito no porta luvas . Entregou garotinha .

Toma menininha .

Ela apanhou com a mãozinha tremula . Os dois estavam cobertos por cinzas .

Mas acabei de vir do sul , esta um caos , as ruas estão cheias daquelas coisas verdes de olhos grandes .

Ouve uma explosão que fez o carro tremer .

Uoou !Essa foi das grandes , muito grande mesmo ! Soltou Santiago em meio aos risos .

Ei , escuta aqui senhor , falei ao homem que estava encolhido no banco de trás com a menininha chinesa , você acha mesmo que vai sobrar alguém para contar historia ?

O que ?

Não é por nada não , mas acho que estamos todos ferrados . É por isso que eu e meu amigo aqui queremos encontrar um mercado . Nossa cerveja acabou , e não estamos nem um pouquinho afim de morrer careta , você me entende , não ?

Os olhos apertados do chines pai se abriram incrivelmente .

Qual é o problema de vocês dois , são malucos ou que ?

Talvez , respondo .

O homem saltou para fora do carro para ser engolido pela poeira .

É isso ai, Santiago , você viu só isso ? Acabamos de apanhar um alucinado , um louco !

Pois é , e aquela menina ? Pensei que crianças chinesas gostassem de fogos de artificio !

Com muito esforço chegamos ao shopping . O céu começava a clarear e a poeira baixar . Caças do exercito cortavam o espaço sobre nossas cabeças aos montes . No estacionamento havia umas dez naves pires flutuando , e de dentro delas saiam uns carinhas verdes nus e magros com suas cabeças enormes e feias . Não demos muita bola para eles, e eles também não se importaram com a gente . Concordamos que talvez os carinhas estranhos pudessem dar um jeito nessa bagunça .

Quem sabe não é a melhor chance que esse planeta azul já teve ?

E porque não , falei . Já tivemos nossa oportunidade e o que fizemos ? Metemos fogo e poluímos tudo com nosso lixo .

O ar no estacionamento do shopping estava pesado , nos apressamos para entrar . Uma porção de pessoas saqueavam os setores fast food , saindo com punhados de comida altamente calorosa . Eu e meu parceiro seguimos entre as lojas de roupas , passamos pelos banheiros , nem demos bola para os eletrônicos . Finalmente chegamos a choperia , estava intacta , imaculada . A TV se encontrava ligada , panico e horror na tela de plasma . A presidente dava um pronunciamento . A merda tinha sido jogada no ventilador . Todos os canais exibiam a mesma coisa . Segundo a mulher no poder , os americanos estavam mandando reforços . Grande bosta , resmungou Santiago enchendo dois copos .

Preferiria que fossem os japoneses montados em seus robôs

grandões .

O Jiraya ? Perguntei , soprando a espuma .

Não , não ...teria de ser o Jaspion e o incrível Daileon …

Pode crer , pode crer ...

28/07/2014

13h04m

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 28/07/2014
Código do texto: T4899914
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