DIÁRIO DE UM CAÇADOR - parte 2

CONTO: DIARIO DE UM CAÇADOR PARTE 2

Por: Adriano Sintate

Embu das Artes, 24 de julho de 2014, 04:00hs.

Pois é, cá estou eu outra vez escrevendo para vocês, sentado em um sofá velho com uma garrafa de whisky do lado, tentando me recuperar da falta de dois dentes, 1 costela quebrada, vários hematomas espalhados pelo corpo, e de quase morrer nas mãos de um servo vampiro, pobre coitado, pode se dizer que foi um bom negocio, mas não, não foi, e eu fiz merda dessa vez, bom deixa eu começar a contar.

Antes de qualquer coisa, Tenho que admitir, fui muito descuidado, como sempre, mas o trampo parecia fácil e as informações seguras, o plano era bom, perigoso mas bom, o problema é que acabou de uma forma dolorosa para mim, e trágica para ele, mas valeu pelas valiosas informações que eu consegui obter, saber que existem três facções rivais entre os vampiros, sendo que duas se odeiam mutuamente e estão em guerra se matando, realmente isso não tem preço.

Muito bem, vamos pelo começo, estava eu investigando um vampiro idiota chamado fausto, dono de uma rede de supermercados na região de Embu, era um carinha por volta dos seus 45 anos de idade, careca, alto, olhos negros, pode se dizer que o vagabundo era normal para os nossos padrões cotidianos, bem diferente da vadia que pegou um bronzeado no sol outro dia.

Segundo alguns funcionários ele só aparecia à noite, e estranhamente algumas informações oficiais da policia, foram registrados desaparecimentos e mortes estranhas em locais próximos dos seus supermercados. Em resumo, o cara era um vampiro, e eu tinha todos os elementos que eu precisava para caçar ele.

E assim o fiz, aluguei um apartamento próximo do local onde o vampiro morava, segui o imbecil algumas vezes e o vi beber o sangue de uma mulher até a morte uma vez, infelizmente, não pude ajudar, mas prometi para ela que eu ia fazer o maldito sofrer pelo mal que fez a ela e ao mundo.

Com um pouquinho de esforço e paciência consegui descobrir a rotina do nosso amigo, e o tipo de vitima que ele gostava, o único problema era a casa dele, tinha todo tipo de sistema de segurança, e até onde pude constatar não tinha nenhum empregado, então se eu quisesse pega-lo teria de ser fora do seu refugio.

Outro fato que eu deixei passar batido era de que o vagabundo, mesmo alimentado, ele sempre levava mais duas vitimas para o seu refugio, isso acontecia no mínimo uma vez por semana, na maioria das vezes eram mulheres, a principio achei que eram lanchinhos da tarde, e acabei deixando isso para lá.

Nota mental: “BURRO, IMBECIL, você sabe muito bem que no seu ramo de trabalho detalhes salvam a sua pele, e outra coisa, você está cada vez se importando menos com as vitimas humanas, tome cuidado, ou vai acabar se tornando um deles”.

Ignorando esse fato montei um plano, simples e funcional, que consistia em fazer uma emboscada, durante uma de suas visitavas aos supermercados, e quando estivesse voltando para o seu refugio, eu o sequestraria e o levaria para um lugar bem bacana, isolado, e executaria o serviço.

Meu plano corria bem, era uma quarta feira, fria e chuvosa, o vampiro saia geralmente às 19:00, fazia sempre o mesmo trajeto com poucas modificações, mas o mais importante ele sempre contornava uma praça próximo a sua casa, era uma praça até bonita bem arborizada, com uma quadra para as pessoas jogarem futebol, a noite ela era perfeita para o que eu queria, pois geralmente ficava deserta devido a pouca iluminação, ao meu ver, era um local perfeito para se fazer uma emboscada.

Roubei um carro, próximo da casa do meu alvo, e deixei o meu estacionado ao lado da praça, a ideia era bem simples, quando o vagabundo passasse de carro, eu arrancaria com o carro roubado e acertaria o carro do imbecil na lateral o forçando a parar, ai eu sairia, encheria ele de balas, e enfiaria uma estaca no seu peito e o levaria para outro lugar.

Ok, admito, o plano era horroroso, mas nos filmes isso dava certo, valia a pena tentar, e no final das contas deu quase tudo certo, só errei por alguns detalhes, como vocês poderão perceber.

Após uma espera de 2 horas e meia a minha vitima resolve aparecer, estava dirigindo um carro popular com um, bom porta-malas, provavelmente para colocar as suas vitimas, estava chovendo muito, e ele nem percebeu que eu tinha ligado o carro em uma das travessas que davam na praça, e quando ele estava começando a entrar no meu campo de visão, fecho os meus olhos, penso na minha esposa e filha mortas com requintes de crueldade por uma vampira, piso no acelerador com tudo e “bang” acerto a lateral do outro veiculo com tudo.

Tá, não é igual aos filmes, doeu muito, e ainda tenho os hematomas do cinto de segurança, mas consegui o que eu queria, ou melhor, quase.

Com a batida eu fiquei um pouco tonto, mas não tinha tempo a perder, tinha de ser rápido, tinha de ser agora, sai do carro com tudo subi em cima do capo do carro, e com a arma em mãos comecei a atirar com tudo o que eu tinha no vagabundo obrigando o mesmo a sair do carro, o problema era que ele era bem resistente, e as balas da minha arma não estava fazendo muito efeito, mas pelo menos consegui tira-lo do carro.

Quando eu percebi que o vampiro ia sair do carro, peguei com uma das mãos livres, uma das minhas estacas que estava na minha jaqueta, e quando ele saiu pulei em cima dele, tentando golpear o seu ponto mais fraco o coração, ao perceber isso ele desviou um pouco o corpo, suficiente para se salvar, enfiei a estaca no seu peito, mas não no local que eu queria.

Ao ver o que eu estava fazendo, meio que como uma reação instintiva, o vampiro me pegou pelo pescoço me ergueu e me jogou com tudo no chão, mantendo firme o aperto em volta do meu pescoço e com a mão livre, começou a me socar, e a cada golpe que ele dava parecia que eu levava uma marretada na cara, notei que ele estava se divertindo muito com isso, afinal vampiros são sádicos por natureza.

Tentei de todas as formas me desvencilhar do vampiro, e quando eu ia começar a perder a consciência devido aos golpes, e ao aperto de sua mão no meu pescoço, ele resolveu aliviar um pouco o aperto, agora eu conseguia ver bem o seu rosto, os seus olhos eram amarelos como enxofre, e seus dentes saiam do centro da boca como os de um rato, tinha uma face feia e horripilante que causariam medo e náuseas em uma pessoa comum, ele havia se transformado, e isso era sério.

O vagabundo ao ver a minha reação, dá um sorriso sarcástico e diz:

- Está com medo da minha feiura caçador?

- Você achava mesmo que poderia derrotar um guardião do Triunvirato, HEIM???

E com outro soco forte, ele pergunta:

- Quem te mandou até mim caçador, fale e sua morte será rápida, e você terá a honra de servir de alimento para os meus mestres.

Outro soco, quase desmaio, mas como todo bom caçador cuspo sangue na cara dele e respondo:

- As vitimas que você fez para se alimentar, e a minha família que eu perdi por causa de filhos da puta como você!

Com isso ganho alguns segundos preciosos, suficientes para que eu possa respirar e recuperar um pouco a consciência e começar a procurar desesperadamente a minha faca que eu tinha passado em água benta antes de vir.

E após mais dois socos, outro dente perdido, e gritos de morra...., por parte do vampiro, consigo encontrar a minha faca e com as minhas ultimas forças, enfio a faca entre as suas costelas, o vagabundo grita de dor e me dá tempo suficiente para reverter a posição para ficar em cima dele.

A partir disso só consegui ter tempo de pegar outra estaca que estava no chão, pensar na minha família e enfiar a estaca com toda a força que me sobrou no coração do vampiro, acabando de vez com qualquer tipo de reação que ele poderia ter.

Rolo para um dos lados e fico estendido por alguns segundos deixando a chuva refrescar um pouco os meus hematomas, sinto dor, o filho da mãe era forte e sabia bater como ninguém, mas eu não tinha muito tempo, precisava levar esse vagabundo para outro lugar, pois logo, logo, apareceria a policia ou curiosos da vizinhança para ver o que estava acontecendo.

Pego o vampiro, o jogo nos meus ombros e o levo até o meu carro, saímos dali o mais rápido possível, o levo até um galpão abandonado, próximo à casa do vampiro, prendo o vampiro em uma mesa, olho para ele mais uma vez e vejo medo e ódio misturado no seu olhar, retiro a estaca e a primeira reação dele é me morder dou um belo soco na sua cara e enfio a estaca novamente no seu coração dá para ver a dor que ele sentia, me permito um sorriso bem sádico, para esconder as dores dos hematomas que ele causou, olho para ele e pergunto:

- Muito bem feioso, vamos fazer assim, eu faço a pergunta, tiro a estaca e você responde, se você responder o que eu quero, eu não ponho a estaca de volta e posso até deixar você ir embora, ok?

- Vamos à primeira tentativa, o que é o triunvirato que você falou?

Retiro a estaca e não obtenho nenhuma resposta, ótimo!!!!

Dou um sorriso, pego novamente a estaca e começo a cutucar a ferida em volta do coração do vampiro, dá para ver a reação desesperada dele de dor e sofrimento, até sinto pena, mas respiro fundo, foco no meu trampo, e continuo o serviço, mesmo por que quero pegar outros vampiros além desse idiota.

Continuo torturando o vampiro por mais de duas horas, usei tudo a minha disposição, fogo, água benta, ferro quente, ferro frio, etc, etc, etc, e quando já estava quase desistindo de arrancar alguma coisa dele, o vagabundo resolve falar.

- Ok, ok, eu desisto o que você quer saber?

- Triunvirato, quem são esses filhos da mãe, e quem você está protegendo?

Entre engasgadas, tosses e expressões de dor ele responde:

-Triunvirato é a mais antiga das 3 organizações vampíricas que dominam o mundo, no Triunvirato estão os vampiros mais antigos e poderosos, e são chamados assim por que cada continente é dominado por um grupo de 3 vampiros anciões e abaixo deles esta a sua corte que serve aos interesses desses anciões, a ideia é acumular poder e conduzir a humanidade conforme suas vontades.

- E as outras duas? Pergunto.

- A ordem dos dragões, é uma ordem do oriente, eles são neutros e não se misturam muito conosco, até para nós eles são um mistério, o importante é que eles ficam longe e não interferem nos nossos negócios.

- A outra e mais perigosa de todas as organizações são Os Rebeldes Anarquistas, liderados por Gianna Collins.

Arregalo os meus olhos no mesmo instante, e me lembro de toda a cena da minha família sendo morta na minha frente e ao final a vampira responsável pelo massacre, se aproximar do meu ouvido e dizer o seu nome, até então esse era a única coisa que eu não conseguia me lembrar daquele dia.

Ignorando a minha expressão ele continuou.

- Uma vampira anciã que fez parte do Triunvirato, mas era muito instável e perigosa para ser mantida como uma de nós, ela foi banida e caçada pelo Triunvirato, e no caminho só conseguiram encontrar dor e morte, e depois de algum tempo ela conseguiu reunir um bom grupo de vampiros jovens, ambiciosos, e formaram o grupo que se autodenomina, Os Rebeldes Anarquistas, que tem como intuito destruir e tomar o poder do triunvirato, para que ela possa governar o mundo conforme os seus caprichos.

- Isso já vem acontecendo a mais de 300 anos, e estamos em guerra desde então, até agora o resultado tem sido um monte de vampiros mortos todos os dias, novos inimigos e caçadores como você nos caçando diariamente.

- Onde encontro a vadia?

- Não sei, nem o próprio triunvirato sabe.

- E quanto aos seus chefes, onde eles estão?

Um momento de hesitação, mas ele responde:

- Eles são muito poderosos para você, e outra, mesmo que você consiga mata-los, você estaria abrindo uma brecha muito grande de poder no conselho e a América do Sul estaria à mercê dos rebeldes, eles são os únicos que podem garantir a estabilidade.

Respondo:

- Dane-se, ONDE ELES ESTÃO?

Outro momento de hesitação, mas ele responde.

- Na minha casa, no porão existem 3 sarcófagos eles estarão lá dentro.

- Como faço para entrar na casa e no porão?

- Eu conto, mas você vai ter de prometer que eu vou ter uma morte rápida e por fogo, não aguento mais essa não vida mesmo, pelo menos o fogo pode purificar os meus pecados, não quero ser mais um servo horripilante pela eternidade, muito menos participar dessa guerra.

- Ok, fale!

- Tem um cartão de acesso no meu bolso da calça, você vai precisar do meu olho e da minha mão esquerda para poder ter acesso a casa e ao porão, esses velhos são muito paranoicos.

- Você sabe que eu vou ter de arrancar sua mão e olho antes de te queimar certo?

- Sim já estou ciente, só peço que acabe com a minha existência logo, e me queime quando você pegar o que precisa.

- Ok, será feito!

E atendendo ao seu pedido, mato o vampiro da forma mais rápida e digna que eu poderia lhe conceber, arranco o que sobrou do seu coração, depois cortei a sua cabeça retiro as partes de que precisava e as coloquei em um saco, era nojento admito, mas pela primeira vez estou sentindo remorso pela morte de um vampiro, me sinto mal fazendo isso, chego a vomitar em um canto, penso na minha família e no por que dá minha luta.

E com lagrimas nos olhos, e a sensação de amargura, coloco fogo no que sobrou do vampiro, e saio do local sem olhar para traz, pensando na melhor forma de acabar com 3 vampiros anciões e a dor que eu vou lhes causar, por que esses ai sim, merecem sofrer e MUITO nas minhas mãos antes que eu acabe com as suas existências, só que dessa vez eu não teria nem um pouco de remorso, com o que eu iria fazer com eles.

hayato
Enviado por hayato em 18/08/2014
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