A BONEQUINHA

Havia certa vez, uma garota que esbanjava em todos os lugares, as majestosas cores das flores em suas roupas, sua pele suave como um pêssego maduro, seus olhos brilhavam como as estrelas numa noite de verão, suas mãos suaves e delicadas, andava com seus passos simples e nunca deixava de causar inveja em cada jardim que passava. Um homem que adorava tirar fotos e montar esculturas em gesso das pessoas que fotografava, encontrou essa garota linda em um parque no centro da cidade e se encantou com tal beleza e suavidade em tudo que fazia. Chegou a ela e iniciaram uma longa conversa que posteriormente se desdobrou em um trabalho de fotografia que entraria para a história. Ela se encantou com o trabalho desse artista misterioso e se pôs a cooperar com seu trabalho. Foram ao seu estúdio para enfim, iniciar as fotografias. Durante uma conversa, a garota detalhou ao artista um sonho de infância, sonho esse que encheu o coração desse artista de alegria. Ela disse que queria ser eternizada para sempre, com sua beleza estonteante. Então, o artista iniciou o que seria sua maior obra prima, primeiro fotografou parte a parte do corpo dessa bela jovem, após esse processo, reconstruiu as fotos a fim de remontar o corpo por inteiro. Ao iniciar a escultura em gesso, foi sentindo dentro de si a cada lasca que tirava um desejo enorme de fazer algo maior do que simplesmente remontar um corpo em gesso, mas eternizar na bela jovem a sua eterna beleza. Conseguindo convencer ela a fazer um trabalho diferente, levou-a a uma sala onde a despiu e a manteve seu corpo em formol para se manter preservada. Óbvio que com todo aquele liquido circulando em seu corpo, ela veio a falecer minutos depois. Porém seu corpo conservava a mesma beleza de antes. Retirado ele do tanque, limpou-o e passou um creme que fixava a pele e não enrugava. Seu rosto foi preenchido com maquiagem para preservar sua beleza feminina. O cabelo foi lavado com vários produtos e secado com secador conseguindo mantê-lo liso. Suas roupas ainda mantinham-se as mesmas de antes. Depois de finalizado todo esse processo, ela foi levada ao mesmo parque que costumava passear nas tardes de sol. Junto a um banco foi mantida sentada, com os olhos abertos preso com silicone e na boca um sorriso lindo e suave, suas pernas cruzadas e os olhos olhando o horizonte. Várias pessoas vinham e tiravam fotos junto a essa obra de arte, sem saber que a pessoa em questão estava morta, tamanha era a perfeição desse artista. Uns esculpem gesso, outros pessoas de verdade.

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 19/08/2014
Reeditado em 28/08/2014
Código do texto: T4928888
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