DIÁRIO DE UM CAÇADOR DE VAMPIROS (PARTE 3)

CONTO: DIARIO DE UM CAÇADOR – PARTE 3

Por: Adriano “Hayato” Sintate

Embu das Artes: 27 de Julho de 2014, 17:36hs

Bom por onde começo...., já sei, à três noites atrás eu acabei com a existência de um vampiro, um guardião por assim dizer, pela primeira vez desde que eu comecei a caçar, tive remorso em matar um vampiro, mas o importante não é isso, as informações que ele me passou sim, e o principal delas era a localização de 3 vampiros anciões, esperando para virarem churrasco, parece que eu ganhei na loteria dos caçadores de dentuços, né?

Errado!!!! É como dizem: “- Estou avisando capitão, ISSO VAÍ DAR MERDA!” e hoje tem grandes chances de eu morrer.

Mas dane-se, alguém precisa fazer o serviço, pois logo, logo esses merdas vão acordar com fome, e irão chamar o seu empregadinho e adivinhem..., o desgraçado virou carvão alguns dias atrás, então eles vão sair, começar caçar e matar as pessoas, em resumo, o trampo precisa ser feito e tem de ser feito hoje!

Mantenho o refugio dos vampiros sob vigilância, durante a noite, e durante o dia deixo uma câmera ligada diretamente ao meu celular, com isso, consigo sair para comprar as coisas que vou precisar para executar o meu plano, coisinhas simples, gasolina, componentes eletrônicos, aproveito passo na igreja, faço as minhas orações como todo bom católico, pego água benta, e outras coisas, depois corro para o mercado compro umas cervejas, charutos, e uma garrafa do melhor whisky que eu possa pagar, afinal se eu morrer hoje, que seja em grande estilo, se eu sobreviver. Bem..., vou ter alguma coisa com o que comemorar.

13:40hs, Volto para casa, faço um belo almoço, aproveito cada segundo, escuto os meus Cd’s favoritos, rancind, bad religion, pantera, só coisa pesada, coisas que lembravam a minha adolescência, tudo isso regado a cerveja e whisky, me permito sorrir um pouco, relaxar, pois faz uns bons anos que eu não me divertia tanto, tento esquecer um pouco o que sou e o que faço.

Bom são 15:00hs, acendo um charuto, sento e revejo os planos, a merda é que durante o dia eu não consigo entrar no refugio sem chamar a atenção das pessoas, pois a porcaria da rua é movimentada, mas a noite depois das 19:00hs é vazia, mesma hora que os lazarentos acordam, o que torna o trampo bem mais difícil e perigoso, mas não vai ter jeito, tem de ser esse horário mesmo.

Pego algumas garrafas vazias de cerveja encho com gasolina e preparo coquetéis molotov, monto alguns dispositivos eletrônicos, e os amarro em algumas bananas de dinamite que eu consegui comprar de uns manos que conhecem outros manos das quebrada, bom vocês..., me entenderam, faço também alguns frascos com água benta, separo as estacas e recarrego as armas de fogo, afio e abençoo uma faca, deixo tudo separado e funcionando.

16.00hs, carrego o carro com as coisas, e me permito um pequeno cochilo, talvez o ultimo!

17:25hs, acordo assustado, corro para a câmera, volto o vídeo um pouco para ver se teve movimentação na casa, graças a deus nada, ligo o meu notebook, posto parte do que estou escrevendo, acrescento alguns anexos, em um site de histórias de vampiros, falando do local ondes os filhos da puta estão.

Bom se eles me derrubarem hoje, amanhã essa merda vai estar forrada de caçadores tentando terminar o serviço, já vai ter valido a pena e se eu der sorte dessa informação chegar aos ouvidos certos, eu mato dois coelhos com uma cajadada só!

Você deve estar se perguntando por que esse imbecil não pediu ajuda de outros caçadores?

A resposta é simples, existem muitos caçadores, é verdade, mas a grande maioria morre cedo por serem burros, ou por serem malucos e psicopatas, são poucos os que se destacam que vivem mais que dois anos nessa profissão, eu mesmo estou ha dez anos nisso e sou considerado um dos melhores, além de mim só existem mais quatro caçadores com o mesmo status, sendo que dois estão na Europa, um nos Estados Unidos e outro na Ásia.

Bem..., olhando as probabilidades, os caras fodões estão longe, e como não quero ter na consciência a morte desses imbecis, muito menos confiar a minha vida a um psicopata maluco, acho que a melhor opção é trabalhar sozinho mesmo.

18:00hs: Está começando a escurecer, começo a fazer os últimos preparativos, visto uma calça jeans, camiseta preta, coldre na perna e em volta do peitoral, coloco as armas menores, uns 3 frascos de água benta, minha faca que me salvou da ultima vez, e outras coisinhas menores que eu descolei na igreja.

Ajoelho de frente ao sofá, pego a foto da minha família e rezo, peço a minha mulher que me de força, e a minha filha que me proteja, lembro que ela faria 11 anos nas próximas semanas, se eu sair dessa inteiro prometo ir visitar o seu tumulo, choro, guardo a foto na jaqueta, levanto e dou um ultimo trago na garrafa de whisky, pego as coisas necessárias para entrar na casa e saio.

19:00hs, Hora do show!

Desço as escadas do prédio, para não encontrar ninguém no elevador, entro no carro dou uma ultima olhada nas imagens da câmera no apartamento, sem movimentação, ótimo, então me dirijo para o refugio dos vampiros e coloco o carro em frente ao portão e faço os procedimentos para abrir, não vou descrever aqui, por que é muito nojento, e o meu congelador ainda está fedendo por causa disso.

Depois de abrir o portão entro com o carro e estaciono no jardim da residência, é um casarão antigo, térrea, em estilo colonial, pintada de branco meio desbotada pelo tempo, com detalhes em preto, mas com um belo gramado e algumas arvores espalhadas pelo terreno, e vigiada por diversas câmeras pelo terreno inteiro, nota mental, achar a sala de segurança e acabar com as fitas de segurança.

Abro o porta mala do meu carro e retiro a mala cheia de coisas que preciso, e instalo as dinamites nas principais pilastras da parte externa da casa, a principio não deixo nada programado, mas deixo tudo engatilhado caso precise derrubar a casa em cima desses vampiros.

Depois disso vou até a entrada principal da casa, e sigo as instruções de Fausto o vampiro que eu matei na outra noite, uso seu olho e a mão nos leitores biométricos da porta, ela se destranca e abre com uma suavidade impressionante.

Entro com armas em punho, e fico maravilhado com o local, o decorador fez um trabalho impressionante, uma grande sala retangular com dois corredores em suas pontas e duas escadas laterais que davam a um segundo ambiente, que levam a uma grande estante cheia de livros, que cobria toda a extensão das paredes, dando a impressão de ser uma grande biblioteca.

Os móveis seguiam o mesmo padrão colonial do casarão, não duvidaria se alguns deles não fossem móveis de época, em resumo a casa parecia uma grande biblioteca do Brasil império, pena que eu vou ter de queimar a casa depois.

Foco novamente no trabalho e vou até a cozinha, sigo até uma porta que fica ao fundo do cômodo, abro e encontro uma escada que desce, sinto um cheiro forte de putrefação, ligo o interruptor da luz, e começo a descer as escadas bem lentamente, a cada passo que dou sinto cada vez mais forte o cheiro de morte, então pego um lenço no bolso e coloco sobre o nariz e boca para ver se diminui um pouco o cheiro forte do local, mas o que eu vi quase me fez vomitar.

Dois corpos secos e em estado avançado de putrefação pendurados por correntes e ganchos, como se fossem gado recém abatidos, e em baixo dos corpos dois sarcófagos, provavelmente os corpos eram cortados para sangrar e depois pendurados para alimentar os desgraçados, dei uma olhada em volta e achei mais um sarcófago e em outro canto mais alguns corpos jogados.

Pego a minha mala e tiro um pé de cabra, abro o primeiro sarcófago, e estranhamente encontro um corpo que parece ser de uma mulher em estado de mumificação e com uma estaca de madeira enfiada no peito, Tiro da minha bolsa uma garrafa com gasolina e espalho pelo corpo da vampira e depois coloco fogo, a cena não é muito agradável, dá até para ouvir alguns gemidos vindo do corpo e os estralo dos ossos enquanto queima.

Ah se todos os vampiros estivessem assim quando a gente os encontra, meu trampo seria bemmmmm mais fácil!!!!!

Foco novamente no trabalho, e abro o segundo caixão outro corpo só que dessa vez de um homem, e sem estaca, mas também em estado de mumificação, só que esse corpo tem um pouco de consciência e emite algumas palavras em um tom bem baixinho e esganiçado, com um sotaque italiano, quase um sussurro:

- Sangue Fausto, sangue....., tenho fome!

Não dou muita atenção, pego outra estaca e enfio com tudo no coração do vampiro, e uso o restante da gasolina no corpo e ateio fogo, e vejo o desgraçado queimando por alguns minutos, e penso:

- Droga, tá fácil de mais, tem alguma coisa errada!

Vou para o terceiro caixão, abro, e nada de vampiro dentro, merda, será que esse porra saiu para caçar e eu falhei no monitoramento, não..., não pode ser, eu não daria um vacilo desses, eu teria visto, a não ser que....

- Filho da puta! Pego a minha mala, e com armas em punho volto a subir as escadas.

Quando volto para a cozinha meus temores se confirmam, tem um homem de idade aproximada de uns 45 anos, pele branca como mármore, olhos azuis congelantes, muito bem vestido com um terno italiano risca de giz, feito sob medida, cabelo engomado e preso em um rabo de cavalo, o conjunto inteiro me fez sentir extremamente apavorado.

Ele estava mexendo na geladeira pegando o que parecia ser alguns pedaços de carne e colocando na pia, e na mesma pia vejo alguns utensílios de cozinha separados como se alguém fosse cozinhar, noto também o que parece ser uma bolsa de sangue, ao me ver subindo as escadas o homem diz:

- Então o senhor é o homem que matou nosso serviçal, e pelo que vejo também acabou com os meus colegas, não é?

Respondo:

- Vire-se bem de vagar, com as mãos para o alto, sem gracinhas por que se não eu vou atirar em você!

Ignorando a minha resposta ele vira a cabeça, olha para mim e diz:

- Aproposito, meu nome é Júlio, Júlio Zartos ao seu dispor, vou preparar um prato especial para você, coração com cogumelos no vinho tinto do porto, é uma receita bem antiga que eu aprendi em Portugal, logicamente com algumas modificações.

- Vamos sente-se caçador, admiro a sua coragem, não vou mentir que estou agradecido pelo que você fez com aqueles dois lá embaixo, eles estavam se tornando um estorvo para mim, presumo que.........

Bang, bang, bang. Dou três tiros, droga..., estou agindo como um amador, o que está acontecendo comigo, que temor é esse, é a primeira vez que eu sinto isso, e ajo dessa forma.

Mas não tenho muito tempo para pensar, pois só vi um borrão preto passando, não tive nem tempo para atirar, pois senti apenas uma mão forte me pegando pelo pescoço, erguendo e me prendendo com tudo na parede, o que me fez quase perder a consciência, dado o tamanho do impacto.

Quando consigo tomar um pouco de folego, me deparo com Júlio olhando diretamente nos meus olhos, só que dessa vez seus olhos que eram azuis, estavam rubros de ódio e raiva e seus caninos estavam totalmente protuberantes, o cheiro parecia ao de uma fera predadora prestes a matar sua vitima.

Ele olha diretamente para mim e diz:

- Isso doí muito caçadorzinho, mas esse tipo de coisa não vai fazer nenhum efeito permanente em mim!

- AGORA EU QUERO OS NOMES DE TODOS OS SEUS CONTATOS NO BRASIL, COMO VOCÊ CONSEGUE AS INFORMAÇÕES SOBRE OS VAMPIROS, QUEM TE FINANCIA, QUEM TE AUXILIA, EU QUERO TUDO!!!!

Graças a Deus, com esses gritos escandalosos ganho alguns segundos preciosos para recuperar folego antes de voltar para a luta. Penso muito rápido, e lembro que tinha um pequeno frasco que estava cheia de água benta que eu coloquei no meu cinto, rezo para que não tenha quebrado com o impacto.

Começo a mexer desesperadamente no meu cinto procurando o tal do frasquinho que poderia me dar alguns segundos preciosos para recuperar o folego e ganhar tempo para que eu possa pensar em uma forma de deter esse filho da puta!

Ao encontra-lo, pego desesperadamente e bato com tudo no lado direito do rosto do maldito, sinto um imenso alivio ao ser solto pois já estava começando a ver estrelinhas, mas não tenho muito tempo para comemorar tenho de pensar rápido, e agir mais rápido ainda, portanto pego o que estiver mais próximo uma estaca e um revolver, que estavam na minha jaqueta, mas quando vou tentar apontar a arma para o vampiro, só sinto um empurrão muito forte e bato com tudo novamente na parede, sinto alguns ossos se quebrando com o impacto.

Perco um pouco a consciência e vejo o mundo girar, mas não tenho muito tempo para tentar me recuperar, pois o maldito me levanta e me dá um soco com toda a sua força no meu estomago, perco novamente o folego, ele levanta o meu rosto e olha bem nos meus olhos, vejo o lado direito da cara do filho da puta todo queimado, dou um grande sorriso de sarcasmo, ao ver isso ele me dá um tapa bem forte no rosto, e diz:

- Se eu quisesse você morto caçador, eu já o teria feito, mas eu quero você vivo, e útil, portanto está na hora de você DORMIR!!!!

E com isso ele me dá um forte soco no rosto, e vejo tudo escurecendo até perder completamente a consciência!!!

hayato
Enviado por hayato em 08/10/2014
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