THE HOUR OF AFRAID #1 - O VELHO QUARTO DOS SONHOS

O velho

quarto dos sonhos

Criado Por.: Vinicius N. N.

Parte 1

- Mamãe, já faz dois dias que estamos na estrada! Quando vamos chegar logo na casa nova? Perguntou Andrew a sua mãe Raquel.

- Já estamos chegando Andrew! A casa que seu bisavô deixou para nós, fica no interior, e ainda faltam uns quarenta quilômetros de distância, até chegarmos lá. Respondeu Raquel.

- Porque tínhamos que nos mudar de nossa antiga casa? Eu tinha muitos amigos lá no bairro, e também vários colegas na escola que se importavam comigo. Insistiu Andrew.

- Você sabe muito bem o porquê nos mudamos daquela casa. Não tínhamos mais como pagar o aluguel direito, o dinheiro estava acabando e as contas só aumentavam, ainda bem que seu bisavô deixou aquela casa de herança para seu pai. Não fique deste jeito, quando chegarmos você fará muitos amigos. Explicou Raquel.

- Para de reclamar moleque, nem chegamos ainda, e você só sabe ficar choramingando!!! Exclamou Michele, a irmã mais velha de Andrew, que só vivia no celular o dia inteiro.

- Olha, é melhor vocês pararem de brigar, não quero ter de iniciar uma discussão dentro do carro. Avisou Jefferson, pai de Andrew e Michele e marido de Raquel.

- E como é esta nova casa que o bisavô deixou para nós pai? Perguntou Michele.

- Bem, ela é grande, seu bisavô construiu entre os anos quarenta e cinquenta, ele vivia dizendo que aquela sempre seria sua casa dos sonhos. Só visitei uma única vez aquela casa quando era criança, meu pai, seu avô Luiz, não gostava que eu fosse lá, ele achava Carl seu pai era meio louco. Mas nunca reparei se ele era mesmo louco, para mim ele era uma pessoa muito boa e gentil. Disse Jefferson.

- Como o bisavô morreu mamãe? Perguntou Andrew.

- Bem, ele não tomava direito seus remédios, vivia sempre em casa, não gostava muito de se socializar. Foi a empregada que o encontrou, ela havia saído para comprar comida, e quando retornou, achou Carl no sótão caído no chão. A autópsia preliminar revelou que ele havia apenas morrido de velhice, já que tinha mais de noventa anos, uma hora ou outra aquilo ocorreria. Esclareceu Raquel.

Parte 2

Quando chegamos finalmente na nova casa, já havia escurecido, era noite de lua nova, e o céu estava coberto por várias nuvens negras, das quais podiam se ouvir raios e trovões, uma grande chuva estava prestes a cair naquela região. Havia um alerta de tempestade espedido, portanto papai ordenou que entrássemos logo dentro de casa.

A casa não era lá grande coisa como haviam comentado, o teto estava com goteiras, não havia luz, pois a afiação era antiga e vivia dando curto, e ainda por cima a mudança só chegaria amanhã, por causa do mau tempo.

Raquel disse para escolhermos os quartos onde iriamos dormir, como a mudança chegaria amanhã, já deveríamos saber onde ficaria nossas coisas. Tentei ficar com o quarto maior, aquele que ficava ao lado do banheiro, mas Michele acabou fazendo um escanda-lo e ficou com ele. Não conseguia acreditar que papai aturava aquela garota mimada, que só vivia no telefone.

Jefferson pegou um pacote de velas e as acendeu na sala, onde ficamos conversando durante um tempo antes de irmos dormir.

- E ai, o que acharam da casa? Perguntou Jefferson para mim e Michele.

- Desde que tenha linha de telefone aqui e meu notebook, acho que posso me virar! Respondeu Michele, daquele jeito dela, que diz que não está nem ai para casa.

- Na verdade, esta casa me dá medo papai, ainda mais se não houver luz. Indagou Andrew.

- Fique calmo Andrew, amanhã vou começar os reparos na rede elétrica e tudo vai ficar melhor, só preciso de minhas ferramentas que estão no caminhão de mudanças. Falou Jefferson.

Depois de uma meia hora, mamãe apagou as velas e disse para irmos dormir, já era mais de meia noite, e uma tempestade muito forte já havia se iniciado. Ela era tão forte que não me deixava pregar os olhos no travesseiro. Portanto achei melhor ficar acordado. Durante uma hora inteira, a chuva caiu sem dó nem piedade, fiquei muito amedrontado. Quando ela finalmente diminuiu, achei que poderia ir até o banheiro.

No caminho até o toalete, comecei a ouvir alguns barulhos estranhos, como arranhões nas paredes, risadas e durante um tempo, parecia que alguém estava me chamando. Quando cheguei perto da porta do banheiro, reparei que a porta do sótão estava brilhando, então sussurrei um pouco alto:

- Mamãe, papai, quem está ai? Perguntou Andrew com uma voz baixa cintilante.

-...

Depois de uns trinta segundos, algo respondeu.

- Sou eu Andrew, Carl seu Bisavô, venha brincar comigo, suba aqui!!! Chamou a voz de traz da porta do sótão.

Fiquei hipnotizado por aquela voz, e ligeiramente caminhei até a porta, mas quando ia abri-la, fui interrompido por Michele.

- O que você estava fazendo garoto? Perguntou Michele.

- Eu ai apenas no banheiro. Disse Andrew.

- Não sabia que o banheiro ficava no sótão. Exclamou Michele

Logo após Michele me tirou do transe, fui ao banheiro e depois voltei a dormir.

Parte 3

Uma semana depois

- Andrew, vá buscar algumas caixas que eu deixei lá no sótão, por favor. Falou Jefferson.

Já fazia uma semana desde que aquele evento estranho havia ocorrido comigo, e desde aquele dia, nunca mais fui no sótão.

Papai me disse que Carl havia construído o sótão para ser seu quarto dos sonhos, onde ele poderia descansar e nunca ter nenhum pesadelo. Durante vinte e três anos, Carl fez o máximo que pode para melhorar significativamente seu quarto, até pediu que o padre da cidade realizasse uma reza nele para que o quarto se tornasse ainda melhor. Seu bisavô era completamente insano, e depois de um tempo, começou a não querer sair mais de seu quarto, ele não permitia que ninguém entrasse nele a não ser ele mesmo, e após um tempo, as pessoas começaram a se afastar dele, pois Carl começava a se tornar agressivo. Em 1985 ouve um incêndio em sua casa, Carl estava em seu quarto, quando tudo começou, o fogo consumiu tudo, até que chegou no quarto, Carl ia se sacrificar pelo quarto se não fosse os vizinhos que o tiraram rápido de lá. Depois daquele dia, o quarto dos sonhos se tornou apenas um sótão velho, e ele nunca mais foi o que era antes. O velho homem ficou em um estado vegetativo, e daí para frente precisou de ajuda vinte quatro horas.

- Só um minuto pai, já estou indo lá! Respondi a Jefferson.

Estava meio receoso a ir até o sótão, mas papai queria aquelas caixas e precisava mostrar para ele que eu podia fazer aquilo, portanto me estuguei até a porta do sótão. De frente para aquela porta toda acinzentada de modo quase fúnebre, pus minha mão sobre aquela maçaneta fria e a girei. O sótão não parecia diferente do que havia na minha outra casa, contudo, alguns pontos do sótão apresentavam sinais de queimado, provavelmente resquícios do incêndio de oitentona e cinco. Enquanto carregava as caixas para sair daquele lugar o mais rápido possível, a porta ruiu e se fechou numa sinfonia assustadora, da qual eu acabei derrubando as caixas, fiquei assustado e comecei a bater na porta desesperadamente, comecei a ouvir alguém murmurando.

- Porque? o que fizeram com meu quarto? Dizia a voz que surgia no meio do sótão.

Comecei a chorar, não sabia o que fazer, até que senti um calafrio muito forte sobrepujando meu ombro.

- O que eles tiraram de você filho! Disse a voz que parecia tocar meu ombro.

- Não tenha medo garoto, pois estamos no meu quarto dos sonhos, aqui você não precisa chorar.

Não conseguia me mexer de tanto medo, mas do nado tudo começou a ficar calmo, senti uma força tão graciosa me circundar, parecia que todos os meus preceitos haviam sumido, todos os meus medos tinham desaparecido, algo inundou meu coração com um sentimento tão forte que me fez parecer estar voando. Fechei meus olhos e quando novamente os abri, vi meu bisavô Carl. Ele estava parado na minha frente, o sótão não estava mais como era antes, tudo havia se transformado, agora aquele lugar execrável, mais parecia ser um quarto, as paredes estavam pintadas de azul marinho, o teto se assemelhava com o céu estrelado, havia também uma cama coberta por um cobertor extremamente macio, o cobertor era feito de penas, o chão era tão macio que me achei que era feito de algodão. Tudo tinha ficado perfeito, talvez até mais perfeito do eu já imaginei em toda minha vida, aquele quarto era o melhor e mais maravilhoso quarto de todos, nem em meus maiores sonhos eu conseguia criar este quarto.

Carl estendeu sua mão e me falou:

- Você pode ficar com tudo isto, apenas venha comigo Andrew, segure minha mão e nunca mais você vai precisar sentir medo. Disse Carl.

Sem nem mesmo hesitar, segurei na mão de meu bisavô e depois disso, ele me levou para conhecer um mundo magico e incrível, que era seu quarto.

Não sabia muito bem quanto tempo havia se passado depois que segurei a mão de Carl, mas já nem mais tinha importância, o que eu queria apenas era brincar e nunca mais sair daquele quarto.

Depois de um tempo, comecei a sentir falta de algumas coisas, como meus brinquedos, meu vídeo game, entre outros, e tudo isso culminou numa única lembrança, da minha família. Comecei a pensar em meu pai, e minha mãe e minha irmã, fiquei triste e parei de brincar com Carl, e então ele me perguntou:

- O que está ocorrendo? Você parece meu triste Andrew.

- Eu quero a minha mãe e meu pai!! Respondi a ele.

- Mas você pode continuar brincando comigo, não precisa mais deles. Disse Carl.

- Não, eu quero voltar para minha família. Exclamei com água nos olhos.

Depois de dizer tais palavras, corri até a porta do quarto e a abri, Carl gritou:

- Nãooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Então tudo ficou escuro.

Depois de sair daquele quarto, reparei que havia voltado para a casa, fiquei muito feliz, desci correndo as escadas e acabei encontrando algumas pessoas estranhas dentro da casa.

- O que você está fazendo aqui? Perguntou uma mulher segurando uma criança.

- Esta é minha casa! Respondi a eles.

- Sua casa nada, estamos aqui a mais de dez anos, e nunca vimos você antes. Disse um senhor que estava junto da mulher.

Perguntei a eles onde estavam meus pais, Raquel Oliveira e Jefferson Oliveira, mas ninguém sabia quem eles eram, contudo a mulher que carregava o bebe disse umas coisas estranhas para o senhor ao seu lado, então ela foi até um armário e pegou uma folha de jornal muito velha.

A mulher olhou para o jornal e ficou pasmada com o que viu, ela mostrou o jornal para o senhor ao seu lado e ele disse:

- Seu nome é Andrew Oliveira? Perguntou o senhor.

- Claro, quem mais eu poderia ser. Respondi a ele já muito assustado.

- Não pode ser. Indagou o senhor.

- O que não pode ser? Perguntei a ele.

- De acordo com este jornal do ano de 2003, você desapareceu a mais de cem anos, sua família procurou por você durante muito tempo, até que desistiram e se mudaram. Sua foto está estampada neste jornal, não tem erro é você mesmo.

Depois de ouvir aquela noticia, Andrew caiu de costas, não acreditou no que ouviu, portanto correu até a porta da rua e sumiu, nunca mais ninguém ouviu falar dele.

Se aquela notícia no jornal estiver certa, todos os familiares, conhecidos e amigos que um dia Andrew teve, agora estão mortos. De acordo com a lenda, Andrew buscou sua família durante anos, mas não encontrou ninguém que ele conhecesse, portanto ele retornou até a casa de seu bisavô Carl, entrou no velho quarto dos sonhos e nunca mais saiu.

Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 19/10/2014
Código do texto: T5004324
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