Milena – Gênesis (Capítulo XI - Uma Notícia Inesperada)

Dois anos se passaram sem nada de estranho acontecer, estava tudo perfeitamente normal; Eu, Déb, Tawan, Jack e Jhol estávamos no ultimo ano escolar, o ano mal havia começado e estavam todos eufóricos e ansiosos para a festa de formatura.

- Eu adoro ficar assim com você - dizia Débora me abraçando, estávamos deitados em minha cama, contemplando a lua pela janela.

- Queria passar o resto da vida assim - disse a ela.

- Ah, vai dar não - disse ela olhando no relógio - se eu não chegar em casa em tempo pro jantar minha mãe me mata - ela calçava os calçados pulando com apenas um pé, e correu para fora.

- Os pombinhos já terminaram o que estavam fazendo? - perguntou Mi me encarando quando abro a porta.

- Não estávamos fazendo nada - disse ela - Tchau Mi, até amanhã.

- Menina chata - balbucia Milena.

Milena estava brava, porque sempre que levava Débora em casa eu selava o quarto com sal, assim não permitindo sua entrada no cômodo.

- Relaxa Mi, a gente não faz nada... - digo tentando me explicar.

- Me poupe dos comentários - disse Milena entrando no quarto.

Quando entramos no quarto, algo estava diferente, havia uma folha em cima da cama com os seguintes dizeres:

A Sacerdotisa está em perigo, Salve-a

- Que brincadeira é essa Milena? -pergunto a encarando.

- Não olhe pra mim Benjo, não fiz nada dessa vez, juro, e se você não se lembra eu estou morta, como posso ter escrito um bilhetinho? E não há nenhum Chico Xavier por perto, você é muito insensível sabia?

- Desculpa Mi - digo correndo para fora do quarto.

- Aonde vai? - pergunta ela.

- Débora está em perigo.

Chego à casa de Dé, aparentemente não havia ninguém, estava completamente fechada. Olho pela janela e a única coisa que vejo é a escuridão.

- Que bom que chegou - era o pai de Débora, ele estava com uma aparência muito ruim, olheiras e rugas, parecia que não comia a dias. - Eles a levaram, levaram minha menina.

- Quem a levou? - pergunto segurando em seus braços - Onde ela está?

- A Ordem do espinho a levou, vão matá-la.

- Como pode deixar isso acontecer? Ela é sua filha.

- Tentei impedir, mas não consegui - abaixou a cabeça e começou a chorar.

- Onde ela está?

- Altar do sacrifício.

- Onde fica isso? Não temos tempo para ficarmos conversando fala logo.

- Fica no mesmo galpão que te levamos para ser sacrificado, por favor, a salva. Tinha que chamar alguém, mas quem? Não poderia colocar Tawan e Jack em perigo, e Jhonatan estava fora da cidade.

- Erick - falei enquanto corria para o altar - Erick, por favor, apareça - Não estava dando certo, Erick não apareceu - Saco, onde ele se mete quando preciso?

Cheguei ao tal galpão, que eu pensava que estava abandonado desde a ultima vez que havia ido lá, olhei pela janela, havia várias pessoas, com mascaras de animais, parecia uma festa.

- Que isso? - me assusto com Milena que aparece ao meu lado.

- Milena, não me assuste - digo a ela num sussurro.

- Festa?

- Parece mais um ritual, olhe lá - aponto para o centro, onde Débora estava amarrada, parecia estar desacordada.

- Qual é o plano Benjo?

- Vamos, temos que entrar - digo.

- Assim? Apenas entrar? - diz ela.

- Algum plano melhor senhorita esperteza? - digo a ela - Se tiver diga logo, tenho que tirá-la de lá.

- Você a ama, não é Benjo?

- Isso não importa agora, vamos.

Me levanto de onde estávamos, e subo no telhado, onde há uma janela entreaberta. Subo até ela e empurro para abrir mais, escorrego e caio fazendo barulho. Espero um pouco para ver se ninguém ouviu, então desço por uma escada.

- Benjo, olha lá - em uma mesa, havia várias das máscaras de animais, pego uma qualquer, que depois percebo que é um tigre - vamos embora tigrinho.

- Sem gracinhas Milena - me aproximo de onde Débora estava, em meio a multidão que dançava.

- Como vai tirar ela dai sem ninguém perceber?

- Se eu soubesse já tinha tirado.

- Para de ser grosso Benjo.

- Desculpa Mi, sabe que às vezes a raiva me domina.

- Tenta controlar a sua maldade, agora deixa comigo.

Ela sobe em cima de Débora, vejo Milena sussurrar algo no ouvido dela, que acorda em seguida, Débora me olha e balança a cabeça negativamente, uma mulher sobe no altar em direção a ela com uma tocha.

- Enfim um sacrifício ao Deus dos Deuses, Behemoth - e todos começaram a gritar, me senti no meio de uma torcida organizada - A Sacerdotisa que falhou em sua missão de matar aquele que trará o inferno a terra.

- Pera ai, eles vão matá-la em sacrifício a um demônio porque ela não matou quem iria trazer o inferno a terra? - disse Milena voltando pro meu lado - Não entendo a cabeça dos adultos.

- Milena, como vamos tirara-la de lá? - digo me desesperando.

- Benjo... Para de ser um Bonbenjo um instante, você esta um chato sabia?

Sempre brigando comigo, me expulsa do quarto, não me agradece, e sempre esta nervoso, cadê o Benjo que conheci?

- Isso não é hora pra isso Milena.

- Se me prometer que vai me tratar como uma...

- Está bem Milena - me enfezo - Você é e sempre vai ser minha princesinha, tá bem?

- Está ótimo - diz ela.

- Agora tira ela de lá.

- Não precisa...

Neste momento Débora puxa o braço, e a corrente se solta.

- Afrouxei as correntes - diz Milena sorrindo.

- Milena eu te amo - digo correndo para ajudar Débora, a mulher com a tocha grita, enquanto eu a empurro; peguei na mão de Débora e a puxei, as pessoas tentavam correr atrás de mim, que subo as escadas, e jogo a tocha que a faz pegar fogo instantaneamente.

- Como pode? - digo olhando para Milena.

- Você é muito burro mesmo não é Bonbenjo? - diz Milena correndo ao meu lado - tinha olho na tocha.

Fomos para minha casa, que estava deserta, todos haviam saído para algum lugar, subi para meu quarto com Débora, Seguidos de perto por Milena, bato a porta na cara de minha amiga e selo a entrada com sal como era de costume.

- Legal, é assim que vocês me agradecem? - a ouço gritando do lado de fora - Não queria entrar mesmo.

- Coitada dela Benjo - diz Débora se sentando na cama.

- Ela se acostuma - digo me sentando ao lado dela - Então, vai me contar o que foi isso?

- Minha família é complicada amor.

- Não como a minha - retruco - mas... Continua, quem eram aquelas pessoas?

- Meu pai é de uma seita de sacerdotisas para o bem da Humanidade, e aquela que ia botar fogo em mim quando você chegou, era minha mãe, ela é satanista, adora um Demônio que é metade animal.

- Sua própria mãe queria te matar?

- Um sacrifício - Débora falava como se não ligasse para o que tinha acontecido com ela - mas sabia que você iria me salvar, elas não podem sacrificar uma pessoa salva por outra de um sacrifício, por isso deixei o bilhete.

- O bilhete - me lembrei tirando do bolso - foi você?

- Sim - ela chegou mais perto e me beijou.

Ficamos nos beijando por um tempo, o calor do corpo de Débora se juntava ao meu, ela tirou minha camisa.

- O que... Está... Fazendo? - digo em meio aos beijos, estávamos ofegantes.

- Você não quer? - pergunta ela me deitando na cama.

- É tudo o que mais quero...

Acordo com Débora em meus braços, a noite havia sido simplesmente mágica, cada toque, cada movimento, suspirei e levantei procurando minha roupa pelo chão.

- Hum... - a ouço falando - Fica deitado mais um pouco.

- Temos que ir para a escola amor, já estamos meio atrasados.

Ela se levanta correndo, como se tivesse despertado de um sonho, ela sorri e põe sua roupa, ela não havia achado sua camisa, então pega a minha do chão e coloca. Abre a porta para ir embora.

- Não quer tomar banho aqui? - pergunto.

- Não tenho roupa para ir à escola.

- Hehe - diz Jhonatan passando pelo corredor - A noite parece que foi boa para vocês! Não é? - ele levantava a sobrancelha rindo.

- Não podia ter sido melhor - diz Débora descendo as escadas.

Na escola estavam todos animados como sempre, na quadra com Tawan conto a ele o que havia acontecido na noite passada.

- Nossa - diz Wan sorrindo - Parabéns meu irmão, antes tarde do que nunca.

- Acho que estou apaixonado por ela Wan, ela é como um sonho que espero nunca acabar.

As meninas chegam, parecia que estavam falando de algo muito engraçado.

- Oi amor - Débora senta ao meu lado me beijando.

- Qual é o assunto pessoal?

- Parece que a festa de fim de ano vai ser melhor do que imaginávamos - diz Jack - A coordenadoria conseguiu marcar um dia e uma noite inteira no castelo de Rockenly que fica na serra, a algumas horas daqui, vai ser perfeito.

- Putz - diz Tawan - Vamos botar aquele castelo velho abaixo.

- Castelo de Rockenly? - digo pensando - Não é aquele mal assombrado que teve a chacina da serra?

- Sim, este mesmo - diz Débora sorrindo - e este vai ser o tema da festa, uma festa a fantasia com direito a muito sangue de mentira monstros decorando o local.

Um mês se passou, recebi um telefone muito estranho de Débora, dizendo que precisava conversar comigo com urgência, marco de nos encontrarmos na praia, chego um pouco adiantado, pois estava ansioso, quando a avisto vindo a meu encontro correndo, estava pálida e parecia que tinha chorado.

- Que houve Déb? - pergunto preocupado.

- Você não vai gostar da notícia que vou lhe dar.

- Aconteceu algo grave?

- Eu... - ela para de falar, parecia que tinha algo engasgado em sua garganta.

- Que houve? Você está me preocupando amor.

- Benjo, eu não menstruei este mês, fiquei preocupada com o enjoo, fui ao médico e ele disse que...

- Você esta doente?

- Depende do ponto de vista - ela não me encarava nos olhos, comecei a temer a resposta - Eu estou grávida Benjo.

Parecia que haviam jogado um balde de água fria em mim, me sentei e comecei a pensar, Meu Deus, que foi que fiz? Minha primeira vez; engravidei Débora, o que minha mãe vai falar? Não podia a deixar perceber o meu estado, mas estava completamente desnorteado.

- Tem certeza? - pergunto ainda olhando pra ela, me levanto e tento dar um sorriso.

- Sim, o que faremos?

- Não há o que fazer, estamos em março, só acho que você vai passar a festa de formatura um pouco gordinha.

- Para de brincadeira menino - ela me da um soco no ombro - sua mãe vai nos matar.

- Disso pode ter certeza.

- Vamos contar pra ela ou vamos esconder?

- Não podemos esconder uma coisa assim, você quer ir lá em casa agora?

- Com que cara vamos olhar para sua mãe?

- Com essa ai - digo ainda tentando fazer piada - ou você tem outra?

- Vamos então...

Cheguei a casa lentamente, quando abro a porta da sala percebo que não havia ninguém em casa.

- Ah que ótimo - disse suspirando.

- Que cara é essa Benjo? Viu um fantasma? - Milena me olhava de cima da escada.

- Sim, estou olhando para você.

- Porque é que você tem que me lembrar de que estou morta a cada 5 segundos? - disse ela descendo, estava sorrindo, mas quando chega perto de mim e Débora o sorriso some - O que vocês estão escondendo de mim?

- Não sei se você vai gostar da notícia Milena - Débora sorria, mas percebia que o sorriso era completamente falso.

- Benjo seu irresponsável - minha amiga ficou muito estranha, o semblante dela havia mudado - Como pode engravidar a Débora?

- Eu não tive culpa - disse tentando me defender - E para de me dar sermão, já basta mamãe que vai comer meu fígado.

- Sua mãe não é canibal - disse Erick entrando pela porta.

- Sentido Figurado - digo revirando os olhos - Pessoal, eu tenho 17 anos, não sei nem cuidar de mim mesmo e vou ser pai, esse é o problema.

- Vai ser o que Benjo? - Jhol vinha da cozinha segurando um prato com um lanche enorme.

- Pronto, agora que a vaca atola mesmo. - digo me sentando.

- Não é o fim do mundo - diz Milena - apenas vai ser o fim da sua vida de adolescente - ela ria - porque sua mãe vai definitivamente te matar, falando nela, olha ela ai...

Mamãe entra com várias sacolas, seguida de perto por Lua, Luís e Ane.

- Mamãe querida - me levanto para ajudá-las com as sacolas.

- Que você quer Rogério? - pergunta ela - Olá Erick, que bom te ver por aqui.

- Benjo se meteu em encrenca tia - disse Jhonatan.

- Ah, valeu mesmo Jhol - digo a ele ironicamente.

- De nada, agora conte para nós o que foi que você fez - ele se sentou e começou a comer.

- Eu estou grávida - disse Débora que até o momento permanecia em silêncio.

Mamãe caiu sentada no sofá, o baque foi mais forte do que havia imaginado.

Não sabia como seriam meus estudos depois que acabasse a escola, não sabia se iria cursar uma faculdade, minha cabeça pensava, pensava, pensava e tinha apenas uma certeza:

- Débora... Eu... Jamais deixarei faltar nada para você, nem para nosso filho...

- Filho? E se for uma menina? - diz ela.

- Precisamos pensar em um nome - diz Milena, que não saia de perto de Dé desde que descobriu que ela estava grávida.

- Se for homem vai se chamar Alison Henrique - digo de imediato.

- Se for menina? Sueli é bonito - diz Débora.

- Não, nome feio - retruca Milena - Isabela? Maria? Juraci?

- Que mau gosto para nomes Milena - digo me levantando, temos muito tempo para pensarmos nesses detalhes.

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 20/10/2014
Código do texto: T5005511
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