Noite Sombria

Era uma noite como qualquer, estava um céu limpo com estrelas por toda parte.

Eu estava cansada de um longo dia de trabalho, tinha saído depois do meu horário de sempre. Devia ser umas 23h, não havia quase ninguém nas ruas deixando-a um deserto sombrio.

Ao entrar em um beco notei naquele momento que estava sozinha, senti um calafrio subindo pelas pernas até parar em minhas mãos. Olhei para os lados e a única coisa que me fazia companhia era uma lua cheia.

Então apressando os passos para chegar logo ao fim, percebi que algo me seguia. Quanto mais rápido eu andava, mais ouvia sua respiração ofegante atrás de mim, eu tentava lhe enxergar, mas não encontrava nada além de sombras.

Já estava em um desespero quase completo, pois o fim do beco nunca chegava.

Quando ouvi um barulho estranho vindo de uma abertura atrás de uma lata de lixo. Assustada com aquele barulho, comecei a correr. Mais algo me segurou com força pelo braço esquerdo. Gritei apavorada, mas minha voz havia sumido tentando inutilmente me soltar de tal brutalidade me virei e me deparei com um homem enorme, fixei meus olhos nos seus que eram num tom vermelho incandescente.

Ele me segurou mais forte me impossibilitando de qualquer movimento, e com uma voz suave dizia:

-“ Acalme-se minha querida, não adianta gritar que ninguém vai ouvi-la”.

Aquilo me desesperava mais ainda, pois ele estava certo, nenhum som saia de minha garganta.

Com uma mão me segurando firmemente ele me prendia, e a outra ele acariciava minha garganta com delicadeza em seus dedos enormes.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu não sabia mais o que fazer naquele momento de desespero.

Retirando os cabelos que cobriam meu pescoço, ele se aproximou mais um pouco. Sua respiração era quente e solitária, respirava fundo encostando levemente seu nariz em minha pele. Eu ainda me debatendo sentia sua força segurando-me. Eu já estava exausta daquela “guerra” inútil de forças. Já não me agüentando nas pernas me deixei levar, não me debatia e nem tentava mais gritar.

Percebendo meu abandono próprio ele se aproveitou cravando seus enormes dentes em meu pescoço gelado.

Um pequeno gemido foi o máximo que consegui expressar naqueles últimos momentos.

Meu sangue escorria em sua boca. Sentido-se satisfeito, me abandonou deitada no chão. Minha respiração estava cada vez mais fraca, mais conseguia o ver saindo correndo por trás das sombras dos prédios e sumindo na distância.

Não sentir minhas pernas, nem fazia movimento algum. Fechando os olhos delicadamente dei o último suspiro abandonando meu corpo frio e sem alma.