Cannibais

14 de Fevereiro de 2011 essa data nunca irá sair da minha mente.

Enfim estava de ferias, depois de um longo ano de duro trabalho em minha empresa de automóveis, eu merecia aquele descanso, meu sócio e melhor amigo Augusto iria tomar conta dos negócios enquanto eu estivesse ausente. Eu confiava muito no Augusto a nossa amizade era antiga eu o conheci quando me mudei para o Rio de Janeiro, era uma figura, cara engraçado, me fazia rir ate em momentos sérios.

Eu estava precisando dessa folga, minha esposa Mariana já se queixava, ela dizia o tempo todo.

- Você tem que tirar uma folga, pelo menos uma vez no ano, eu quase não lhe vejo em casa eu sinto a sua falta sabia ?

Ela estava certa eu pensava demais naquela empresa e me esquecia do mais importante.

Mariana queria viajar, ela dizia que eu só iria parar de pensar na empresa se estivesse longe do Rio, ela estava certa, eu queria muito esquecer os problemas e o estresse do dia a dia.

Depois de pensar em diversos destinos, decidimos que o local de nossa viagem seria a floresta amazônica, era um sonho antigo que vinha me acompanhando desde a época de criança, eu sonhava em conhecer aquela enorme floresta, os animais, os índios, eu estava muito feliz, iria realizar o meu sonho de criança.

- Vai ser demais amor, vamos nos divertir muito, eu prometo.

Aquela Viagem era um forma de compensar a minha falta de atenção nos últimos anos, eu sabia que isso não era o bastante, mas já era um bom começo.

- Sim amor, nos vamos.

Disse Mariana com um brilho diferente no olhar.

Durante aquela viagem eu notei o que a muito tempo eu não notava, como era bom ficar ao lado dela, ver ela dormir, sentir o cheiro dela, eu tinha uma mulher incrível do meu lado, mas não estava dando o valor que ela realmente merecia.

- Mariana eu te amo.

Sussurrei em seu ouvido enquanto ela dormia.

Depois de algumas horas de viagem aterrissamos em Manaus, o voo Havia sido cansativo, pegamos um táxi e fomos para um hotel descansar um pouco.

No dia seguinte acordei animado e bem disposto,Mariana também parecia estar animada com o nosso Tour pela floresta, contratei um guia para nos guiar durante o nosso trajeto, o nome dele era Junior, com traços característicos da região, pele morena, cabelos negros e lisos, dava para notar que era um descendente de índio, ele falava pouco, mas era muito eficiente.

- Agora estamos passando perto da tribo Guarani, umas das tribos mas antigas da Amazônia.

Durante a viagem eu notei que ele estava se afastando muito do combinado.

- Já estamos muito longe do que combinamos, eu acho melhor voltar.

Mariana me olhou preocupada.

- Fiquem tranquilos, vou levar vocês para conhecerem a minha tribo, a tribo caveira negra.

- O que ?

Disse Mariana aflita e preocupada.

- estou brincando com vocês.

Disse o guia sorrindo.

- Chegamos.

O lugar era bem distante do nosso hotel , eu não confiava muito naquele cara, mas o que um cara como aquele poderia fazer de ruim para agente, desviei meu pensamento para as belezas que haviam ali ao meu redor e esqueci a minha preocupação.

Junior nos guiou pela tribo nos mostrando os habitantes daquele local e seus costumes, não havia nada de errado ali eles eram índios normais, como qualquer outros, a tribo era bela e enfeitada havia uma grande estátua feita de barro, nos aproximamos para ver o que havia sido esculpido ali, era a estatual de uma caveira sentada em um trono.

- Credo o que é isso ?

Disse Mariana assustada.

Um dos índios que nos acompanhava no tour não gostou muito das palavras de Mariana e nos advertiu em um tom ameaçador.

- Não se deve dizer isso de Olum , ele e um divindade do nosso povo, ele pode amaldiçoar vocês.

- Me desculpe.

Falou Mariana assustada.

Depois disso participamos de algumas de suas festividades e nos alimentamos com os seus alimentos, que por sinal eram muito bons, depois de algum tempo comecei a ficar zonzo, olhei para Mariana e ela também me parecia que não estava bem.

- O que esta acontecendo ?

Perguntei a Mariana.

- Estou me sentindo tonta.

- O que você colou na nossa comida ?

Perguntei a Junior que sorria sarcasticamente, tentei atingi-lo, mas não consegui em poucos segundos eu apaguei.

Acordei amarrado em um tronco, observei que ao meu redor havia uma grande fogueira, e os índios faziam um espécie de dança ao seu redor, eles se vestiam com vestes parecidos com a caveira daquela estátua, seus corpos estavam cobertos de uma tinta vermelha e usavam mascaras de caveira confeccionadas com ossos de animais mortos, ou pelo menos parecia ser animais, olhei para o meu lado e Mariana estava lá ainda desacordada, gritei o seu nome e lentamente ela foi recuperando a sua consciência.

- O que está acontecendo ?

- Porque estamos amarrados ?

Perguntou ela assustada.

- Eu não sei

Comecei a gritar e implorar por socorro, rapidamente um dos índios que estava na roda começou a me xingar.

- Cale essa boca.

- Vocês irão morrer, essa noite.

- Morrer ?

- O que a gente fez pra vocês ?

Disse Mariana.

- Vocês serão entregues como oferta ao todo poderoso Olum, Deus dos Deuses.

Aquilo era realmente serio eles já faziam os preparativos para o sacrifício, um dos homens veio na direção de Mariana.

- Não, me largue ?

- Tire as mãos dela, me leve, não.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa foi agredido por um dos índios que me deixou inconsciente.

Quando recuperei a minha consciência, eles já haviam começado o ritual, Mariana estava amarrada em volta da fogueira, eles haviam retirado as suas vestes, tentei gritar, mas eles haviam amordaçado a minha boca, eles cortaram o pescoço dela e se banharam com o sangue, tentei me liberta, mas não consegui, aquilo era horrível, a crueldade daqueles atos que me deixavam sem ação, depois de minutos de tortura eles queimaram o corpo dela e veneraram aquele deus, um dos índios apontou na minha direção, provavelmente seria a minha vez de morrer, um dos índios retirou as amarras da minha mão, aproveitei aquela situação para fugir, golpeie forte aquele índio na barriga e corri para a mata, percebi que eles correram em minha direção.

Depois de um longo tempo correndo eu me escondi atrás de um arvore e percebi que eles não estavam me perseguindo, nesse momento não contive as minhas lágrimas, Mariana estava morta e o culpado daquilo tudo era eu, foi eu que tive a ideia de fazer essa maldita viagem ninguém merecia a morte tanto como eu.

Caminhei por aquela floresta em meio a escuridão da noite, não sabia para onde eu estava indo, olhei ao horizonte e pude observar que havia um rio, me aproximei e percebi que bem distante havia um barco provavelmente de um pescador, chamei a atenção do mesmo com gritos, ele me socorreu e me guiou ate o meu hotel.

Eu dei queixa na policia, mas eles nunca encontraram os culpados, nem sei se tentaram, a cada dia que passa , cada noite que eu durmo, eu me lembro desse dia, da dor que Mariana sentiu, da frieza que aqueles malditos índios tiveram para acabar com a vida da minha mulher.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 11/01/2015
Reeditado em 11/01/2015
Código do texto: T5098231
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