A Fabrica: parte 2

Fiquei pasmo ao saber que todos estavam mortos, não poderia ser verdade, eu não conseguia me conformar com tudo aquilo.

- O que foi aquilo ?

- Você deve conhecer a historia dessa fabrica, com certeza você já ouviu falar.

- Eu conheço, mas eram só boatos.

O velho começou a gargalhar, não entendi o motivo só fiquei furioso.

- Porque esta rindo ?

- O que você sabe sobre aquela fabrica ?

- Calma rapaz, eu vou lhe contar tudo.

- Eu trabalhei naquela Fabrica por 20 anos , eu conhecia o presidente John, ele era um cara bacana, o seu erro foi ter feito aquilo...

- Aquilo ?

Interrompi o velho antes que ele acabasse a sua fala.

Ele me olhou estranho.

- Desculpe, continue.

- Bom, John era apaixonado por uma de suas empregadas a jovem Mariana, ela era um costureira da fabrica, ela era linda, pele clara, olhos claros, parecia uma princesa, John não era o único a se apaixonar por ela, até o velho Joseph aqui se encantou por aquela beleza.

- Você ?

- Eu posso parecer acabado agora, mas nos meus melhores anos eu era um galanteador, as mulheres eram loucas por mim.

Um sorriso apareceu em meu rosto, em meio a toda aquela tragédia era a primeira vez que voltava a sorrir.

- Voltando a historia, John era casado com Ana Lisa, uma mulher rude que tratava todos os empregados com desprezo, e claro que ela não desconfiava de nada ali, mas começava a notar o interesse obsessivo que John tinha pela tal empregada.

- Aceita um café ?

Disse o velho interrompendo a historia.

- Não continua, por favor.

- Esta bem, esta bem.

- As suspeitas só foram crescendo e em um dia quando Ana Lisa saiu mais cedo, John me pediu para que convocasse Mariana em sua sala, eu obedeci e chamei Mariana, os dois se trancaram naquela sala, John me deu ordens claras para não ser interrompido, só que nesse meio tempo Ana lisa retornou, parece até que ela havia armado para pegar os dois em flagrante, eu tentei distrai-la, mas não consegui, ela entrou no escritório e pegou John e Mariana juntos.

- Que historia, mas o que isso tem haver com os boatos que o povo conta ?

- Eu ainda não acabei.

- Eu fiquei na sala ao lado, o expediente já havia se encerrado, mas eu tinha um pressentimento de que iria acontecer algo de ruim naquela sala, eu ouvi gritos e vozes alteradas, ate que ouvi John gritar, entrei no escritório as presas, Mariana estava estirada no chão já sem vida, Ana lisa, segurava uma arma em suas mãos, John estava chorando ao lado do corpo de Mariana.

" Não foi minha culpa"

- Dizia Ana Lisa.

" Temos que enterrar o corpo, ninguém pode saber disso.''

- John não queria aquilo, mas era o único jeito, enterramos o corpo, em seu próprio escritório.

- O que muitos não sabem dessa historia e que não foi nenhum espírito que possuiu John ele enlouqueceu, ele amava Mariana e não aguentou a dor de viver sem ela, mas Mariana não entendia isso, ela morreu com muita raiva de John, seu espírito ficou preso naquela fabrica, logo depois de sua morte, ela começou a se vingar de pessoas inocentes, todos os dias operários morriam naquela fabrica.

- Que historia, mas e Ana lisa, o que aconteceu com ela ?

- Ela enlouqueceu com todos aqueles acontecimentos e foi internada em um clinica psiquiátrica, John não suportou a pressão e colocou fogo em sua própria fabrica.

- E o corpo dele ?

- Porque não foi encontrado ?

- Isso eu não sei, mas temos que acabar com isso, Mariana não pode continuar matando inocentes, eu já fiquei tempo demais vendo inocentes morrerem dentro daquela fabrica.

- O que iremos fazer ?

- Iremos ?

- Você não vai, se alguém tem que resolver isso, esse alguém sou eu.

- Eu vou junto e nem tente me impedir.

O velho me olhou estranho, mas acabou aceitando a minha companhia.

Esperamos o anoitecer e fomos para a fabrica, não sabia qual seria a minha reação quando voltasse a pisar naquele local, mas eu tinha que fazer isso, em memoria dos meus amigos e minha namorada que morreram inocentemente naquela maldita fabrica.

Adentramos o local, ainda havia sangue espalhado por todas as partes.

- O que iremos fazer ?

Perguntei ao velho.

- Nos iremos convocar o espírito.

- O que ?

- Vamos para o escritório.

Eu não gostava nada daquela ideia, mas se aquela era a única forma de vingar meus amigos, eu estava dentro. O velho havia trazido algumas velas consigo, parece que conhecia muito sobre magia, ele desenhava alguns símbolos no chão, nunca havia testemunhado nada igual em toda minha vida, mesmo sendo um grande conhecedor dos símbolos sobrenaturais.

- Que símbolos são esses ?

- Isso é magia antiga meu jovem, vamos invocar Mariana e tentar convence-la de que isso é errado.

Depois de desenhar todos os símbolos, Joseph me chamou pra perto dele.

- Vamos começar, segure em minha mão e não solte, vou abrir o portal dos mortos, muitos espíritos tentaram lhe enganar, não acredite em nada que eles disserem.

O ritual começou, Joseph pronunciava algumas palavras em um antigo idioma, não parecia ser latim e sim algo muito mais antigo do que isso, durante o ritual as chamas das velas que iluminavam o escritório se apagaram, comecei a ouvir vozes eram os meus amigos, eles gritavam por mim.

- Não de ouvido a eles, não são seus amigos.

As lágrimas tomavam conta dos meus olhos, senti um calafrio ao meu redor, Joseph soltou as minhas mãos, as chamas das velas reacenderam, e no centro do circulo estava uma mulher.

- O que é isso ?

Perguntei assustado.

- Essa é a Mariana.

- O que estou fazendo aqui ?

- Quem são vocês ?

- Mariana, sou eu Joseph, não temos muito tempo, você tem que parar com isso, você esta matando inocentes.

- Eu estou matando inocentes, vocês não pensaram quando tiraram minha vida, você ira pagar Joseph, você e esse garoto irão morrer.

Ela desapareceu.

- O que foi isso cara ?

Perguntei assustado.

- Não tem mais jeito, iremos morrer.

- O que ? não fala assim cara, tem de haver um jeito.

Foi interrompido por passos, que vinham em direção ao escritório.

- Vamos sair daqui.

- Não eu mereço morrer, me deixe aqui.

As portas do escritório se fecharam, Mariana estava ali diante de nossos olhos, eu tentei impede-la, mas ela me jogou contra a parede, ela caminhava na direção de Joseph que já esperava o pior, antes que ela pudesse machuca-lo um voz disse.

- Mariana, pare.

- John, é você ?

Disse Joseph

- Não machuque ele, se alguém merece sua irá esse alguém sou eu.

- A culpa foi minha, eu lhe amava, mas não tive coragem de dizer isso para Ana Lisa, foi um covarde, assisti o seu assassinato sem fazer nada para impedir.

A expressão de raiva havia sumido no rosto de Mariana, ela parecia ter entendido as palavras de John, uma luz surgiu sobre o teto daquele escritório, Mariana e John sumiram em meio a claridade.

No dia seguinte os corpos foram encontrados e a verdadeira historia daquela fabrica era manchete de jornal, fiquei muito abalado com tudo o que havia acontecido e foi internado em um clinica de reabilitação, Joseph morreu 2 anos depois daquele acontecimento a fabrica foi demolida e deu lugar a um moderno Shopping Center, depois de 5 anos eu voltei para as ruas, hoje sou escritor de historias sobrenaturais, muitos me criticam e não acreditam que essas coisas possam existir, o que eu posso falar sobre isso e que elas realmente existem e estão mais perto do que muitos imaginam.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 14/01/2015
Código do texto: T5101738
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