Cratera (Parte 7 e 8)

Parte 7 - O segurança

Aperta o botão do equipamento, diz: - Portaria! - É o Marcondes que fala! Alguns segundos depois! Emerge a voz: - Boa noite! - Seu Marcondes! - Aconteceu alguma coisa? Marcondes: - Desculpa ligar a esta hora, mesmo estando fora do expediente! - É que aconteceu um pequeno imprevisto aqui em casa e preciso da ajuda de algum segurança! - Tem como deslocar algum para cá? Rádio: - Seu Marcondes, hoje a maioria dos seguranças estão manejados na área da recepção do salão, pois precisam escoltar o pessoal que participará do torneio! - Virão à comitiva política do município, empresários importantes e fazendeiros! - A central de segurança não permitirá deslocá-los! Marcondes: - É que é urgente! - Estou sem saber o que fazer! Por minutos o silêncio paira no local, logo o rádio solta: - Estou com Gerson,

na portaria, acabei de pedir para que dê uma passada rápida aí, em instantes chega! Marcondes: - Obrigado, será breve! Rádio: - Sabe chefe, é que não posso ficar muito tempo sozinho aqui, logo terei de auxiliar os visitantes que chegarem, não sei se darei conta sozinho! Marcondes: - Fique tranquilo, logo liberarei! Desligam! O mesmo sobe novamente para o banheiro, olha o local, solta: - Se ele chegar e ver isso, vai estranhar! - Preciso esvaziar a banheira! Agacha-se, com ar de ojeriza, solta: - Não vou colocar minha mão nesta água! - Isso tá nojento! - Vou pegar alguma coisa pra tirar a tampa do ralo e um pano pra limpar o chão! Desce! Na área de serviço à procura de pano, vira-se novamente para a direção do jardim, solta: - Estranho, parece que escutei de novo aquele barulho de chacoalho! Olha para as moitas do jardim! Nada vê! Pega os matérias e sobe! Agacha-se, com a ajuda do rodo consegue desprender a tampa, ao mesmo tempo que a água descia, limpava o chão! Repentinamente emerge a campainha! O zelador terminava a limpeza da banheira, solta: - Ainda bem que deu tempo de limpar isso! - Assim, não há o que suspeitar! Desce com os materiais em direção à área de serviço! Deixa-os! Vai em direção a porta! Atende o segurança: - Boa noite, Gerson! - Entre, fique à vontade! O mesmo entra, observa o espaço! Solta: - O que houve chefe? Marcondes com o ar tímido, diz: - Aqui em casa tá tendo vazamento, chamei o Seu Zé para me ajudar, ele entrou no lavabo, e não está me respondendo! Ambos se aproximam! Gerson meio sem entender, solta: - O Seu Zé, está no lavabo? Aponta pra porta! Marcondes: - Sim, e não responde, nada! - Estou chamando, bato, e nada! - Não responde! - Acho que vou arrombar a porta! Gerson: - Por que não chama o resgate? Marcondes se faz de desentendido, diz: - Não pensei nisso ainda! - Ele acabou de chegar! Gerson: - Mas o senhor, chamou ele a esta hora? - Sabe que amanhã terá o torneio, e a esposa dele? O mesmo se altera, muda o tom! Solta: - Sabe Seu Marcondes, já que estamos só nós dois aqui, vou dizer, acho muito explorador, não respeita os funcionários! - Acha que a gente tem que fazer tudo na hora que manda! - Aumento que é bom, nada! Marcondes perplexo, diz: - Agora não é tempo de você querer lavar suas roupas comigo, fale direto com o síndico, só cumpro ordens! Gerson: - Quer saber chefe, já que é para me entender com o síndico, se vira aí! Vai para porta! Sai! Marcondes atônito com a cena, solta: - Mas que cretino! - Deixa, resolvo sozinho! Fecha a porta! Volta para a caixa de ferramenta! Olhava para o lavabo, solta: - E agora o que farei? Pega um alicate e tenta abrir a trava! Gerson em direção a portaria, solta: - Esse zelador é uma porcaria, só manda! - O síndico tem que demitir esse imbecil! Escuta um barulho inesperado entre as moitas! Solta: - Parece barulho de chacoalho, deve ter algum roedorzinho atrás da moita! Se aproxima! A moita se movimenta freneticamente! O rapaz curioso enfia o rosto pra observar! Algo emerge rapidamente da moita! É tragado! Sangue jorra enquanto pedaços são arremessados!

Parte 8 - Satisfações

Fazia esforço para destravar a trava, em vão! Solta: - Que droga! - droga! - É impossível abrir esta trava! - Quem projetou isso, não pensou em facilitar para quando houver algum desatino! - Droga! Deixa as ferramentas no chão! Vai para a cozinha, volta a olhar o relógio! Solta: - Já são quase duas e meia! - Preciso tomar uma atitude! - Não posso ficar com esse cara preso no lavabo! - Acho que chamarei o resgate mesmo! Som do rádio emerge alto da sala! Solta: - Deve ser da portaria! Corre para atender, diz: - Pois não, Marcondes! Radio: - Seu Marcondes, o Gerson já saiu daí? - É que preciso dele na portaria, o pessoal logo começará a chegar! Marcondes, estranha, fala com um tom de voz alterado: - Faz quase meia hora que saiu daqui! - Estranho! - Não chegou aí ainda? Radio: - Meia hora, Seu Marcondes? - Não é possível! - Até agora, não chegou! A voz do rádio, num tom de surpresa, questiona: - Seu Marcondes, é sério? - Não saiu mesmo? O zelador altera-se, responde: - Pelo amor de deus, estaria brincando uma hora dessas? - Tenho mais o que fazer! Pára, por um instante, com ar irônico, volta a dizer: - Deve ter dado uma volta, esse povo pra enrolar serviço, faz qualquer coisa! Grosseiramente, desliga na cara do porteiro! Alterado, solta: - Era só o que me faltava, esse bando de imbecis, só me dão trabalho, mas terei uma conversa séria com o síndico e a administração, farei uma demissão em massa! Solta risos! Logo, emerge a campainha, surpreso, solta: - Que saco! - Não acredito! Vai atender, bufando! Olha pelo olho mágico, solta: - Não acredito, é Dona Luzia! - Com certeza quer saber do Seu Zé! Nervoso e confuso, solta: - Abro ou não? - O que falarei pra ela? Decide abrir, pede para entrar, deixa-a à vontade, vai para cozinha pegar algo para ambos beber! Luzia senta no sofá à espera! Solta: - Sabe Seu Marcondes, tô preocupada, o Zé tá demorando muito! O zelador da cozinha, nervoso e pensativo com a satisfação que diria! Solta: - É que ele tá no banheiro de cima, tá tendo vazamento, não está conseguindo controlar! Vai para sala, serve um copo de água! A moça olhava para á sala! Parecia desconfiada! A mesma pergunta, olhava em direção a porta do lavabo: - A luz do lavabo tá acesa? - Tem alguém lá dentro? - Dá pra ver a luz saindo pela fresta! Marcondes vira rapidamente para o local, nota o incidente, solta aos gaguejos: - Não, não! - O Seu Zé tá fazendo um teste no banheiro de cima e precisa da luz acesa! A mulher desconfiada, levanta, vai em direção ao lavabo, diz: - Estou apertada, vou usar! Tentar abrir a porta, se dá conta que estava trancada, vira e diz: - Por que tá trancada? - Pra fazer teste precisa trancá-la? - Tem alguém aqui dentro? Indagava! Marcondes, atônito com a situação e sem saber o que fazer, pensava numa outra desculpa, tem que despistá-la, a mulher alterada forçava a trava! Marcondes angustiado em pensamentos: - Tenho que fazer algo, pois poderá fazer escândalos! Olha para caixa de ferramenta ao lado! A mulher aos gritos e forçando a porta: - Seu cretino, o que você fez com meu marido? - Por que o explora? - Sabia que não estava em horário de trabalho! - Seu oportunista, vou ter uma conversa com o síndico! - Entregarei seu couro para administração! Marcondes vai ao encontro da caixa de ferramenta, agachava-se aos poucos, aproveita o descontrole e a histeria da mulher emotivamente transtornada! Abre, procura por ferramentas, encontra um martelo! Exaltada! O homem passa despercebido por trás! Levanta discretamente! Cutuca-a! Ao virar é surpreendida por um golpe! Cai esfacelada!

Parte 9 - Trancada e amordaçada