A Aparição da Rua Treze - DTRL20
 
 
  A lua brilhava com toda sua fúria, apaixonante e ameaçadora. Nuvens acinzentadas e indistintas a acarinhavam, seduzentes. Os ponteiros postaram-se eretos e insinuantemente beijaram-se por alguns segundos, e desse romance se deu a morte de um e o despertar do outro... E o cronômetro zerou. E ela acordou...

  O medo de fato é um companheiro fiel para mentes fantasiosas, cruel para os que o alimentam, no entanto, é vida para aqueles que o afrontam.  Naquela rua deserta e nostálgica, a garota caminhava em sua perturbação. Era só uma adolescente, que incoerentemente desafiava a si própria.


  Marchando há tal hora parecia apenas querer provar que não havia nada com o que se preocupar, enfim, lendas e estórias de terror não eram coisa alguma senão estórias, contos tolos que se espalhavam por aí, não é mesmo? Ela queria chegar a determinado lugar, todos sempre querem.  Levantou da cama como se aquilo fosse normal, vestiu uma blusa de frio de cor preta, abriu a janela e saiu a passos deliberados, com a certeza de seu destino, cerca de quinhentos metros de onde estava.

  Não tinha ninguém nas redondezas, ao menos não pela rua. Vera apresentava dezesseis anos e pela pessoa que era poderia ter vivido muito mais que isso, havia sido iludida pelo seu primeiro amor. Ele havia morrido próximo aquela mesma rua e desde então, o medo cercava-a por todos os lados, como se mapeasse cada movimento da jovem, e assim ela nunca mais se sentiu livre.

 
  Ainda que muito nova, um cálice intenso havia abrigado em seu peito, lá, onde contava sua mãe, ser a morada de todos os sentimentos. Ah, se ela tivesse se apaixonado por alguém mais moço... Como se aquele amor simplesmente pudesse ser controlado?
 
 
O coração é o baú de sua essência, menina. Mantenha-o fechado e não conhecerá o amor, abra-o, e esteja sempre preparada para sensações inesperadas, daí quem sabe... Grandes aventuras Palavras de sua mãe, Doralice.

  A moça de longos cabelos negros, de cachos abertos e volumosos, caminhava mansamente. As mãos se abrigavam dentro dos bolsos do agasalho, enquanto a friagem a rondava em tom de deboche. Tudo estava tão estranho naquela velha rua, de repente já não parecia ser a mesma.

 
  O silêncio ecoava tal qual o som alarmante da solidão, contudo antes ele que a companhia de um alguém qualquer àquela hora da noite. A cada passo, o pulso alterava, ora parava, ora aumentava, ou algo semelhante a isso... Talvez somente sensações, quem sabe? Olhando para as casas, além das janelas via sombras se construindo e lhe destruindo a coragem, tão apenas cópias negras de cidadãos acuados, vultos que dentro das casas se recolhiam abdicando de seus televisores e se apegando a força do sono.

  A menina bocejou, ou talvez esteja enganado, pois não tenho certeza se o sono para ela realmente existia a altura daquele desafio, afinal parecia ansiosa pelo findar de tal aventura. O peso de seus pés era a cada erguida mais conhecido pelos joelhos. Algumas árvores na calçada deixavam o ambiente menos aterrorizante. Ela admirava aquilo como uma criança que a cada volta pela rua notava algo novo, sempre atenta, aprendiz de seus caminhos.  Se o peso de seus passos aumentava, a velocidade com que caminhava era cada vez menor. O medo a anestesiava e a mente lhe pregava peças, iludindo-a completamente. Seria possível que ele ainda a estaria esperando? Será que se lembrava onde a deixou? Afinal, por que ela ainda o procurava? Por que ainda o esperava? Em meio a devaneios lembrou-se do que seu pai disse certa vez:

 
"Até mesmo os mortos vivem. Eles sentem, eles amam, eles morrem... Algum dia eles morrem, seja nas lembranças ou até mesmo na ausência delas.
 
  A luz do último poste funestamente  piscou, ela sempre piscava e aquilo ainda a causava arrepios... Finalmente chegou a seu destino. Alguém a esperava na esquina... Agora estava de pé sobre o manto negro da Rua Treze, naquela mesma esquina, onde todas as vítimas haviam sido achadas, aonde há um ano o corpo de um garoto foi misteriosamente encontrado.

 

 Um ano atrás...
 


 
  Paulo caminhava sozinho, vagando em direção a Rua Treze. A próxima esquina abrigava estórias, lendas, contos que os velhos... Que os mais antigos teimavam ser verdadeiros.

  O avô do garoto havia advertido para que não ficasse “zanzando” durante a noite, pois havia uma lenda macabra de um fantasma. Uma alma penada que aparecia uma noite por ano (não se sabia o motivo ou quem era)... Ele ou ela caminhava da sua antiga casa até aquela esquina, e lá fazia suas vitimas.

  O velho disse não saber de quem realmente se tratava, pois o fato era que muitos jovens haviam morrido daquela mesma forma, naquela esquina. Rumores diziam que muitos saiam de suas casas às escondidas, como se fossem atraídos por um chamado macabro do próprio ego, sendo desafiados a enfrentar seus medos e então rumavam para a Rua Treze e lá mesmo eram mortos... Sempre de maneira brutal.

  O velho contou a Vitor que havia arquivos da polícia, manchetes de jornais e tantas outras evidências que apontavam para um suposto maníaco, dizem que vez ou outra, semanas antes de cada crime um homem era visto encapuzado, andando por onde as vítimas moravam, como se ele procurasse algo, indo de um lado para o outro, mas em datas diferentes a dos assassinatos. E ano após ano garotos e garotas eram encontrados mortos na rua... 

  Os crânios eram completamente deflagrados, os dedos e mãos sempre quebrados. Nunca eram localizadas pistas ou digitais que levassem a um suspeito. Existiam relatos de peritos em reportagens, onde os mesmos alegavam que tudo só podia ser trabalho de um profissional, uma mente sádica, porém ardilosa. A imprensa o apelidou de “O quebra-cabeças”...

 
 Se os céticos teimavam em implantar a razão, a população tinha “estórias” suficientes para sustentar suas teorias. A mais impressionante delas era o relato de anos atrás, quando em uma noite um pai perseguiu um garoto que andava “em transe” em direção a esquina, e quando o pai tentou impedi-lo o filho caiu no chão em coma profundo. Ficou em casa, vegetando durante meses e então acordou exatamente um ano depois, e nessa mesma noite foi entregue “a maldição”.

  Paulo queria tirar aquilo a limpo. Caminhou certo de que nada o impediria, como se estivesse sendo guiado por uma força de outro mundo. Ao chegar ao local sentiu um terrível medo adentrar no cerne de seu cérebro e logo esse sentimento sombrio e inquietante inundou seu corpo.

Em sua frente à imagem que o emudeceu...

 Uma garota caminhava em sua direção, ela usava uma roupa estranha, escondia o rosto, parecia ser uma pessoa normal, mas ao se aproximar e ver o garoto, o semblante dela mudou de maneira assombrosa.

  Sorrindo e com a face em forma demoníaca, com uma língua que media em torno de quinze centímetros e que dançava sarcástica no ar, hora lambendo os lábios, hora bifurcada como a de uma serpente, entrando e saindo da boca da garota.

 Dos olhos da jovem, lágrimas escarlates minaram e tingiram a face empalidecida da assombração. Os pés dela tocavam o chão, e de repente não tocavam mais. A pele já estava enrugada e envelhecida, a coisa avançou na direção de Paulo, ele permaneceu travado, as pernas não se moveram, e os olhos arregalados e inseguros, vivos e apartados miravam na criatura.

  O garoto temeu que ela viesse ao seu encontro, receou que o matasse, mas a jovem parou a centímetros dele, e o rosto... O rosto dela subitamente voltou ao normal.

 - Me ajude, por favor! – Ela pediu num tom de voz mais infantil do que a idade e semblante denunciavam.

 Paulo a olhou, pôde ver a angústia nos olhos dela. A jovem chorou uma lágrima infeliz e melancólica. O olhar revelou a densidade do sofrimento que explicitamente a marcava.

  Ela ergueu a mão direita e chamou-o com um sinal típico, movendo os dedos enquanto aparentemente parecia ouvir algo mais.

  Ele ficou confuso, mas aquele gesto o fez encarar os poucos três passos que os separavam. Ao se aproximar ergueu a mão direita e os dedos de ambos se encontraram num toque mórbido, gélido da parte dela, quente vindo dele. E em câmera lenta, o encontro nostálgico e repleto de sensações adversas; Medo, insegurança, tristeza, pena, alegria, esperança e tantas outras reações para um só toque, foi algo realmente único para ambos.

  As mãos se apegaram, os dedos se abraçaram e então com outro dedo indicador esquerdo levado a boca a garota fez sinal de silêncio. Apontou para um destino curioso e fez com que o rapaz a seguisse para onde indicava.

  Incerto do que a garota era, ou do que ela queria lhe mostrar, ele, atraído abaixou-se copiosamente imitando-a. A moça em meio á escuridão tenebrosa, abaixou-se e encostou a principio, de forma intrigante, o ouvido ao piso negro.

  O garoto repetiu o movimento ao ser instruído por ela, e por fim ouviu a voz lamuriante que adentrou seus ouvidos, abafada, impulsiva e repleta de aflição. O clamor infantil de uma jovem, que por algum motivo surgia dali, das entranhas daquela esquina, vinda por debaixo do solo assombrado, e escapando pelos poros da terra até romper o asfalto escuro.

 - É você? – Perguntou, e mal havia notado que a menina havia desaparecido de sua frente.


Continuou lá ainda com a orelha encostada ao chão, quando ouviu a voz chamar de novo.

 - Estou aqui! Me ajudeeeee! Me ajudeee! Dentro do porão – Implorava a voz da moça chorosa. Ele pensou em correr, em fazer algo, mas... Mas não era aquilo que ele via mais, não.

  Agora ele estava em uma casa velha. Olhava para a porta aberta atrás de si, enxergava além da porta, e via a mesma rua, porém havia algo de errado, alguma coisa muito estranha.

  A rua era de terra, e as casas eram mais antigas, além de haver muitos terrenos baldios. Lotes repletos de mato e árvores enormes. Os postes da rua não eram de cimento, eram mais baixos e de madeira, a fiação telefônica não existia, nem mesmo antenas de TV fechada, ou tampouco parabólicas. Olhou para o chão que socava, e ouviu um barulho oco, o som de madeira.

  Espiou pela fresta entre duas das oito tábuas que formavam uma portinhola que estava trancada por um enorme e enferrujado cadeado de aço, viu a garota, a mesma menina que ele viu na rua. Espantou-se.

 

A menina...
 

 A garota estava com as unhas cheias de sangue, tentava arrancar lascas das tábuas. Mas era inútil.

 Ela inexplicavelmente não o via, olhou pela greta, de pé ela ainda ficava a oitenta centímetros da portinhola, andou de um lado para outro e por fim achou uma lata velha de tintas. Arrastou-a pelo piso úmido do porão. Paulo ouviu o som arranhado da lata deslizando pelo chão grosseiro, feito apenas de concreto mal acabado.

  Ela posicionou a lata e subiu sobre o objeto. Ficou mais próxima da portinhola e com suas mãos socou o material, enquanto gritava por socorro. Socou até que seus dedos se quebraram.

  - Não faça isso! Acalme-se! – Pedia o garoto, aturdido e sem nenhuma reação, ele havia ganhado uma excursão ao passado daquele lugar.

  Por fim a garota olhou para cima, fixou o olhar em Paulo, ou no vazio talvez, e ficou estagnada assim por alguns segundos. Até que num momento súbito foi tomada por enorme loucura, e começou a bater com a cabeça, desesperadamente contra a madeira, até que caiu gravemente ferida.

 

 
 - Nãooooooo!!! – o garoto abaixou a cabeça, seus olhos miravam no asfalto negro, mas ele via o corpo dela, além de uma fresta. Olhou-a caída no chão, em convulsão, babando e tremendo. Do lado dela um objeto chamava a atenção, um belo relógio de ouro. O sangue jorrando da testa e da boca, enquanto a língua dançava em meio ao mar mórbido que vomitava.

  Desesperado começou a socar o piso, bateu repetidas vezes até que os dedos das mãos se quebraram, um após o outro... A dor enclausurou os braços e punhos, inabilitou-o, mas ele precisava quebrar aquela tábua. Ele tinha que fazer aquilo. Olhou enlouquecido para ela e decidido ergueu a cabeça, apoiou os punhos quebrados no chão, as mãos cerradas forçosamente, os dedos latejando em dor. Com os nervos a flor da pele olhou-a uma ultima vez, certo de que faria tudo para salvá-la. Imprimiu toda força que podia, e bateu com a cabeça uma vez por sobre o asfalto.

  Os olhos se fecharam simultaneamente à pancada, ele titubeou zonzo. O liquido brotou da testa, quente e doce, escorreu quase inundando os olhos. Ergueu-se apoiado nos próprios braços, como um soldado fazendo uma ultima e heroica flexão, mas, sobretudo obstinada. E ao chegar ao topo desceu com intensidade. O choque foi fatal, o crânio trincou-se e o sangue jorrou, impreciso e mortal.

 
 
 
O Desfecho...
 
  Vera estava lá, onde tudo começou. Olhou para o garoto na rua, um jovem alto, tinha cerca de um metro e sessenta e sete. Entretanto era apenas um garoto de quatorze anos, ainda estava de pijamas, e olhava para aquela menina que surgira em sua frente, até que algo pareceu se apossar dela, e a face da garota se converteu em algo de total terror.

  O garoto se assustou, entretanto algo o prendia ali, ele queria vencer aquele medo.  A menina queria poder falar para ele a verdade, salvá-lo, mas sempre que queria os mandar fugir, a face demoníaca era libertada, pregando o medo, como uma maldita maldição.

  Vera chorou, lágrimas de sangue, ao lembrar o que o velho, seu tio, o dono da casa fizera a ela. Ela ainda era jovem, ele a seduziu de maneira covarde. Era um homem do mundo, um mágico. Ganhava a noite fazendo truques de ilusionismo em praça pública. Sempre usava uma capa negra, brilhante, que tinha um capuz da mesma cor. A menina achava que o amava, porém o mágico a havia hipnotizado cruelmente, quando ela pediu que ele a ajudasse a perder seu medo, pois a pobre moça estava farta de tantos pesadelos. Ela acreditou naquilo, pensava que enfrentava  a fobia que tinha do escuro, que atravessava a rua e seguia até aquela casa, na esquina, pois ele estava tendo sucesso com sua suposta magia. Mas o que o titio queria era o amor da sua sobrinha querida... Certa noite ele levou-a para o porão secreto para mais uma sessão, e alguém bateu a porta procurando pela filha. Era sua irmã, acuado ele se dispôs ajudá-la na busca, entrou, trancou a menina “que ainda permanecia em transe” e saiu pela rua em busca da “sobrinha”.

 

  Vera ficou ali, por horas o esperando, ela só pensava em quando veria seu amor. Trancada ali por noites, todos a procuraram. O velho acabou achando melhor daquela forma, ele a teria só para si, a sua namoradinha. E ainda ajudava sarcasticamente os pais dela na busca.

  O povo da cidade parecia insistir com todas suas forças na busca pela garota, procuraram em todos os cantos da cidade. Todos viam como o tio dedicado colocara todas suas energias para salvar sua sobrinha, a filha de sua irmã Doralice, que cada vez estava mais doente.

 Foram duas semanas de busca até que em uma tarde o velho morreu, quando ia para o trabalho. Sentiu uma enorme dor o tocar, como se fosse golpeado no coração por milhares de agulhas. Agonizando no chão, envolto em sua capa negra, lembrou-se do que sua irmã o falara certa vez, insatisfeita pela escolha dele em viver só.


O coração é o baú de sua essência querido, mantenha-o fechado e não conhecerá o amor, abra-o e esteja sempre preparado para sensações inesperadas, e quem sabe grandes aventuras

  Ele caiu morto, foi enterrado em um caixão caro, ao lado de seus parentes e amigos. Sepultado onde sua irmã em breve também seria, onde já a sobrinha, nunca passaria perto.

  Doralice não suportou perder a filha e o irmão. Mandou destruírem a casa dele, nem ao menos deixou ninguém entrar lá. Ela assistiu a demolição, porém antes disso segurou em suas mãos o relógio que o irmão ganhou do pai, e então o jogou janela adentro. A mulher, depois de tanto sofrimento e perdas, se suicidou após um ano.

  Uma pá carregadeira jogou tudo no chão e depois de um tempo uma estrada foi colocada ali. Ninguém mais saberia daquele porão, não depois do aterro para nivelamento das ruas, não depois do asfalto, não, não saberiam nunca.

  Vera olhou para o garoto agachado no chão a seu lado, olhou para casa reformada que um dia havia sido sua, pensou em como aquela rua havia mudado tanto, em como ela não mudava nada. Pensou em como tudo de repente parecia ser tão real, em como certos momentos estavam tão vivos na memória, e lembrou-se das palavras do pai.

 Sentiu as mãos se desvencilharem das do garoto, e viu-se cair dentro daquele buraco em que o esqueleto de seu corpo se encontrava há meio século. Estava presa lá, e a sensação de medo a tomou por completo.



Lembranças chegaram vivas...


  Já havia uma semana que estava lá e seu tio não havia voltado, estava definhando, enquanto se alimentava de arroz e macarrão crus, ratos, baratas e quaisquer insetos ou alimento que lá se encontravam. Por mais que a fome e a dor lhe acometessem, algo a impedia de gritar, de chamar por alguém, ela só esperava, pois uma voz insistia que ela precisava vencer aquele terrível medo do escuro, para depois encontrar-se com seu amor.

 

 

 
  Quando viu a pequena coisa brilhante caindo pelas gretas da madeira, olhou para o relógio de bolso, banhado de um amarelo ouro metálico instigante. A curiosidade fez com que o abrisse, e ao fazê-lo ouviu o som emitido pelo relógio, um badalar típico e fascinante que a despertou de um sono profundo. Tão logo ouviu o barulho de um motor, uma máquina que parecia estar destruindo tudo lá em cima. Viu a poeira invadir o porão, terra descendo pelas frestas, as tábuas ainda que firmes ameaçavam desmoronar sobre sua cabeça, em estalos e rangidos aterrorizantes. Aquele sofrimento demorou cerca de uma hora, até que tudo abruptamente aquietou-se.

  O ar lhe faltava e ela tossia muito pela enorme quantidade de poeira que ainda inalava. Sem enxergar praticamente nada, em meio ao desespero, andou em círculos, até achar uma lata velha de tinta, que ficava naquele, que antes era apenas um porão velho para armazenagem de suprimentos. A pouca luz que atravessava as brechas insignificantes não permitia que enxergasse sequer a própria pele.

  Vera subiu na lata e enfiou as unhas, cravando-as na superfície acima de seus olhos, cavando como podia. Cutucava a superfície sólida tentando tirar lascas da madeira... Gritava desesperada, mas ninguém a ouviria debaixo de todos aqueles escombros. Ela nunca sairia dali. Ao menos não sairia viva.

 
 

 
 

Onze meses e duas semanas após a última vítima, um homem perambulava pela rua, carregando um belo relógio de bolso... Parou em frente a janela do quarto de uma casa e viu a jovem, uma garota de nove anos. Ergueu a mão, balançou  o relógio como um pêndulo, enquanto a menina seguia os movimentos, compenetrada... O homem misterioro a espiou por um ano, e enfim ela estava pronta... Ele sorriu e sussurrou de lábios semicerrados...
 

 - A lua te fará dormir, o som do tempo lhe libertará... Em breve você precisará enfrentar seus medos... Deverá ajudá-la a fugir... Ela está lá, na Rua Treze... Ouça a voz dela... Siga seus passos... Não tenha medo, meu anjo... Não tenha medo! Caminhe na escuridão e liberte-a!... Liberte-a... Liberte-a...

...Liberte-me!


 
Fim?


Temas: Ex Namorado(a) - Universos Paralelos - Hipnose - Lendas Urbanas

"O texto acima trata-se de uma republicação, porém com uma nova roupagem, desfecho diferente e alterações consideráveis no enredo. Devido a falta de tempo (ou melhor... mudança de planos) resolvi procurar algo antigo e adaptar. Esse texto foi públicado pela primeira vez no dia 25/02/2013, com o mesmo título."


Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 10/02/2015
Reeditado em 11/02/2015
Código do texto: T5132853
Classificação de conteúdo: seguro
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