O CORVO

Por dentre as sombras sobrevoa,

O parapeito da minha envelhecida janela,

Minha imaginação essa ave povoa,

Cintila sob essa pálida luz da acesa vela!

Um monstro oculto no negrume,

Batendo suas asas com mórbida sinfonia,

Dispersa esse sepulcral perfume

Neste grasnar diabólico de imortal agonia

Negros olhos nas órbitas em brancura

Fitam-me com o terror mortal,

Pousado diante da retorcida sepultura,

Ali está o mensageiro infernal!

E observa-me com calada timidez,

Quando perturbado penso senão em agir

No terror de minha imóvel palidez

Que regela-me e insone não posso dormir

Maldita ave que aguarda o vindouro,

A minha partida deste mundo para o além,

Traz nas suas asas todo esse agouro

Para observa-me com seu ignóbil desdém!

Tento-me esconder com olhar torvo,

Nesta vida nasci sobre a estrela em má sorte

Agora esse monstro chamado corvo,

Apressa tão rápido a chegada da minha morte

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 01/03/2015
Código do texto: T5154547
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