Até Que A Morte Nos Separe

Ela era especial, olhos claros, pele branca como a neve, era o tipo de mulher que não se encontra por ai, lembro que a conheci em show de heavy metal em São Paulo, lá estava ela em meio a roda de metaleiros, me aproximei meio sem graça e me apresentei, ela sorriu timidamente e também se apresentou, passamos o show juntos, logo depois trocamos telefones e nos separamos.

Eu estava na flor da idade com meus 30 anos bem vividos trabalhava como produtor musical, ainda não havia conhecido alguém como ela, ela era atenciosa inteligente e sombria, curtia as mesmas bandas que eu curtia, era impressionante nossos gostos eram simplesmente iguais, eu havia achado a minha Julieta, com certeza era ela a mulher da minha vida, não sabia muito ainda sobre ela, mas eu tinha certeza de que por ela valeria a pena correr o risco.

Depois de um mês de idas e vindas, decidi que era hora de oficializar o nosso relacionamento, ela não gostará muito da ideia, mas topou, levei ela para conhecer os meus pais e logo depois convidei-lhe para dormir em minha casa, tivemos nossa primeira noite de amor, o seu corpo era frio e sombrio, suas unhas penetravam a minha carne fazendo com que o meu sangue fervesse ainda mais, ela me mordia ferozmente enquanto sentia o meu corpo sobre o dela, tive a sensação de flutuar, era simplesmente incrível, nunca havia sentido algo assim.

Acordei no dia seguinte com uma sensação estranha, sentia uma fome absurda, a minha donzela não estava mais no quarto, suspeitei que ela havia de ter algum compromisso, corri para cozinha e assaltei a geladeira, era estranho mas estava com vontade de comer carne crua, era mais forte do que eu, devorei toda aquela carne ferozmente, ao me aproximar da janela senti a minha vista queimar, parecia que o sol estava me fazendo mal, não conseguia acreditar no que estava acontecendo, corri para o espelho e me assustei mais ainda, minha pele estava pálida e meus olhos avermelhados, no meu pescoço havia marcas estranhas, olhei de mais perto, eram mordidas, eu não podia acreditar, a minha namorada era uma vampira e o pior ela havia me transformado em um vampiro também.

Definitivamente eu não poderia sair com aquela aparência, comecei a raciocinar, me lembrei de que nunca havia visto a minha namorada de manhã, ela alegava que ficava cuidando de sua vó durante o dia, mas agora tudo fazia sentido, por isso ela tinha a pele tão pálida, por isso ela só se vestia de preto, era lógico, ela era uma vampira, naquele mesmo instante peguei um óculos escuro e um chapéu e parti para a casa dela.

Cheguei rapidamente a sua casa, estava com medo do que poderia me acontecer, mas eu a amava e não iria lhe deixar só por causa disso, bati na porta uma duas vezes e ninguém me atendeu, forcei a maçaneta e para minha surpresa a porta se abriu, adentrei a casa que estava completamente escura, gritei pelo nome dela por duas vezes:

- Thais, Thais.

Ninguém respondeu, subi as escadas que davam acesso ao andar de cima, foi surpreendido por um homem enorme que me agrediu com um taco de basebol, após aquela forte pancada fiquei inconsciente.

Acordei amarrado em uma cadeira, estava em porão iluminado por duas velas vermelhas, sentada a minha frente estava Thais, eu não estava entendendo o que estava acontecendo, ela acariciava os meus cabelos, olhei em sua direção e perguntei.

- O que esta acontecendo ?

- Porque estou preso aqui ?

- Calma meu amor, já iremos lhe soltar.

Sua voz era doce e suave, mesmo amarrado em um cadeira sentia a tranquilidade de estar ali ao seu lado. Alguns segundos depois aquele mesmo homem que havia me agredido adentrou o porão, eu não sabia o que ele iria fazer, gritei assustado.

- Corre Thais, foi esse cara que me amarrou aqui.

- Calma amor, esse é o meu pai.

- O que ? - Perguntei assustado.

- Sim, eu sou o pai dela. - Disse o sujeito.

- Eu lhe golpeie por que achei que você fosse um caçador, mas a minha filha já me disse que você é um dos nossos.

- Um dos seus ? Como assim ? - Perguntei assustado.

- Você é um vampiro. - Disse Thais.

Era mesmo verdade ela havia me transformado em um vampiro, logo após um longo dialogo o pai dela me soltou, eu ainda estava paralisado com aquela noticia, minha namorada era uma vampira, toda sua família era composta por vampiros, não entendia bem, o pai dela havia me falado que eu teria que passar por um ritual de iniciamento para ser aceito, tudo o que eu queria naquele momento era voltar para a minha casa, mas ele não havia me deixado sair.

Fiquei sozinho com Thais em seu quarto, ela me observava de maneira estranha, eu não queria, mas não podia deixar de perguntar.

- Porque você não me contou ?

- Eu não podia lhe contar, com certeza você iria fugir de mim, eu te amo, essa foi a única maneira de agente ficar juntos.

Ela estava dizendo a verdade, dava para notar em seu olhar, aquilo era realmente estranho, mas não me importava, para mim a única coisa que valia a pena era o nosso amor, não sabia ainda qual iria ser o ritual de iniciamento, mas toparia.

2 horas depois o pai dela voltava a me chamar, o ritual iria começar, já havia anoitecido, ele me levou em seu carro para um estrada deserta, o mesmo não havia deixado que Thais fosse junto, no carro só havia nos dois, chegamos ao tal local, era um galpão vazio, nele havia uma pessoa amarrada em um cadeira o rosto do mesmo estava encoberto por um pano, o desafio seria me alimentar do sangue daquela vitima, mas isso era monstruoso e desumano, eu não iria fazer aquilo, protestei contra aquela atitude, o pai de Thais furioso me ameaçou dizendo.

- Se você não fizer isso, nunca mais vera a minha filha.

Meu coração estava partido, eu não podia fazer aquilo era monstruoso, sai daquele local arrasado, eu havia me tornado um monstro, caminhei ate um penhasco bem alto, iria acabar com a minha vida naquele instante, não fazia mais sentindo viver, a qualquer momento me tornaria um monstro descontrolado e sedento por sangue, caminhei até a extremidade daquele penhasco, estava preparado para soltar, mas fui interrompido por gritos.

- Socorro, Socorro.

Era Thais, ela estava em perigo, corri em direção aos seus gritos, seu pai havia sido morto por um dos caçadores, senti o ódio penetrar por minhas veias, aquilo era estranho eu havia me tornado desumano, estava mais rápido e mais forte, desviei do golpe de um dos caçadores e o golpeie forte na barriga, ataquei o próximo e mais um, eu sentia fome e raiva ao mesmo tempo me alimentei de todos aqueles caçadores, Thais me acompanhará nesse banquete, logo após o massacre senti remorso, mas aquilo tudo havia sido para um bem maior.

Hoje vivo nas sombras, me alimento de sangue e de dor, junto com a minha companheira vago pela noite procurando a próxima vitima, aprendi que a vida deve se continuar, independente da situação que se viva.

Gostaria de agradecer a todos , essa semana alcancei um numero expressivo de leituras, cheguei a 10 mil leituras e isso só foi possível por causa de vocês, muito obrigado a todos, vocês me inspiram a continuar.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 12/04/2015
Código do texto: T5204338
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