Sombra – Ato I - Capítulo 9
 
   Acordei no dia seguinte com algumas dúvidas, em meu sonho vi como era Lauren, seu corpo inteiro, seu rosto e cabelo, era tão linda que se estivesse em minha frente eu me concentraria apenas em admirá-la.
   Quando cheguei na escola notei que metade da minha classe não havia aparecido, então meu professor de história revelou o motivo:
-Estão todos doentes, depois dos últimos dias de frio intenso, a maioria dos alunos da escola não resistiu e pegaram um grande resfriado. Aconselho a vocês que fiquem bem agasalhados.
-Teremos aulas normais? – Cristine perguntou para ele.
-Por enquanto sim, até vermos como estão todos e quanto tempo levarão para se recuperarem.
   Quatro horas depois eu estava na estrada, voltando para casa quando vi de longe a velha casa perto do lado, o sol a iluminava tão bem, que parecia ser apenas uma casa normal.
   Me aproximei novamente olhando em volta para ter certeza de que ninguém tinha me visto entrar. Tudo estava como antes, empoeirado, quebrado e até com algumas manchas escuras de fumaça.
   Subi as escadas, andando pelos corredores e olhando em cada quarto, até que encontrei o quarto.. dela. A janela quebrada fazia com que aquela cena se repetisse na minha cabeça, algumas marcas de sangue em seu lençol me faziam chorar e quando me olhei em seu espelho na parede vi seu rosto, não tive medo, fiquei feliz, ela sorria como se estivesse em seu sonho particular.
   Sentei-me em sua cama e voltei a observar seu quarto, sua pequena escrivaninha onde provavelmente lia seus livros e fazia seus deveres e trabalhos da escola, um guarda-roupa pintado de rosa e um baú médio ao lado da cama, onde deveriam estar guardados suas bonecas da infância.
-Você se lembra de tudo isso?
-Sim, é bom e triste estar aqui novamente, tanto tempo passou e tudo parece como no passado, as mesmas coisas, nos seus lugares.
   Me levantei e fui até a janela, olhando para baixo e procurando o que jamais queria encontrar. O lugar onde Lauren caiu naquele dia, a grama não cresceu mais ali, deixando aquele vazio sobre a terra, definindo a forma de seu corpo deitado de lado, com seus braços perto de seu rosto e suas pernas esticadas.
   Eu pulei, no momento em que tive coragem, de frente e com toda a coragem que tinha, queria mostrar para ela que poderia sobreviver a queda, e se eu sobrevivo ela também poderia ter sobrevivido.
   Toquei o chão com força, meus joelhos arderam demais, no impacto me lancei para o lado, deitado sobre a grama, sem me mexer por causa da dor, sabia que podia levantar, mas não naquela hora, devia deixar meus músculos se recuperarem, devia deixar a dor ir embora.
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 26/04/2015
Reeditado em 07/05/2015
Código do texto: T5220862
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