Sombra - Ato I - Capítulo 13
 

   Há uma árvore enorme exatamente no centro da floresta, mas só depois de um tempo observando é que se nota algo estranho nela. Seu tronco é grosso demais o que significa que ela está ali a muitos e muitos anos e todas as árvores em volta devem ter no máximo um terço da sua idade.
-Aqui! – apontei na direção de duas raízes que formavam uma pequena caverna contra o tronco.
-Espere Liam. Há algo estranho aqui. - Ela transformou-se em espírito.
-Interessante. – Uma voz fria e gritante falou. – Vocês dois são realmente muito corajosos em vir até aqui. – completou.
-Quem, quem é você? – perguntei claramente assustado.
-Não tenha medo Liam, nós não queremos nada de você. É ela que queremos de volta.
-Onde estão meus pais? Você os matou? – perguntei desesperado.
-Você os verá em breve!
   Ao meu redor tudo começou a escurecer, eu estava caindo em sono profundo enquanto ouvia os gritos de Lauren, só podia me debater em pensamento enquanto caia ao chão. Acordei em um vazio escuro, alguns sussurros sobre mim se estendiam pelo caminho e pouco adiantava me mexer, não sairia do lugar.
-Senhor Liam, você é culpado de transformar Lauren em um espírito de luz, acha mesmo que sairia em pune disso?
-Eu não sabia, eu, eu, a amo.
-Ama? Explique para mim. – O senhor de olhos negros se aproximava devagar enquanto falava.
-Como vou explicar um sentimento, para alguém que vive de morte e desespero?
-Cale-se garoto, se você ainda está vivo é por meu interesse em sua história. Contudo devo revelar alguns fatos importantes. – sabia que a partir dali ouviria coisas banais. – Lauren nasceu em mil novecentos e cinquenta e nove, ou seja, sua “amada” tem cinquenta anos, ela matou pessoas inocentes enquanto ficou presa naquela casa...
-Então ela me encontrou... Onde quer chegar? - O interrompi sem permissão. - Eu não a verei como um monstro, eu entendo o passado dela, faria o mesmo em sua situação. - Completei.
-O caso é que você é um humano comum Liam, já fez sua parte, ambos estavam seguindo seus caminhos até você decidir tentar se matar.
-Foi então que ela se tornou um espírito de luz?
-Sim e não, na perseguição da floresta já estava evidente que ela se tornaria um em breve, por isso quis arrancá-la de você.
-Agora conseguiu o que queria, tirou meus pais e ela de mim. O que vai fazer comigo agora? – Perguntei começando a me entregar as lágrimas.
-Lhe dar uma escolha. Você pode salvá-la, mas nunca mais verá seus pais, ou então, pode tê-los de volta e nunca mais ver Lauren. 
-Deixe os ir e me mate, você não precisa dos meus pais e nem de Lauren.
-Não posso deixar que eles partam assim, preciso de pelo menos duas almas.
-Você disse que Lauren é um espírito luz, talvez esqueceu de notar no que eu e ela vínhamos trabalhando.
   Pela primeira vez consegui me concentrar o suficiente para brilhar, pensava em meus pais e em Lauren, no que podiam estar passando e aquela energia me preencheu por completo. Iluminei cada centímetro da escuridão naquele espaço, comecei a percorrer um pequeno caminho assim que consegui ver onde estava.
   Eu corria para frente, chamando por Lauren e meus pais em uma floresta sombria, galhos se quebravam atrás de mim, meu coração batia acelerado. Foi quando pensei, se estou em um sonho era apenas acordar e soltar Lauren, mas onde estariam meus pais?
-Já chega! – gritei.
-Desiste tão fácil Liam.
-Não desisti, apenas quero saber onde estão meus pais.
-Eu nunca trouxe eles para cá, eles estão na árvore, ela é o centro de tudo. Quantos anos acha que eu tenho garoto?
-Não me importo, este será seu último.
-Você tem uma confiança admirável, mas ao mesmo tempo, é muito tolo em fazer ameaças assim.
-Talvez você tenha razão, mas não estou sozinho, não como você.
   Gritei por Lauren enquanto aqueles olhos negros tentavam entrar em minha cabeça. 
Acordei e em poucos segundos consegui me levantar, o senhor encapuzado estava ao lado da árvore, já haviam passado algumas horas, a lua cheia estava totalmente visível sobre nós.
Lauren estava amarrada em um dos galhos, desorientada, podia apenas ouvir sua voz sussurrando baixinho.
-Lauren! – Corri até perto dela.
   Em poucos segundos ela acordou e se soltou, caindo próximo a mim, a abracei forte e disse que teríamos que agir rápido. O senhor encapuzado já havia desaparecido. O que me deixou completamente sem saber ao certo como agir.  
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 01/05/2015
Reeditado em 23/02/2017
Código do texto: T5227010
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