DKR Investigações - Caso #57

Esse é o relato do caso #57, acometido no apartamento 602 do edifício Solangelo. A testemunha morava logo abaixo do apartamento onde ocorreram os fenômenos. Para preservar a privacidade da testemunha, ocultaremos sua identidade neste documento e aqui usaremos um pseudônimo quando for necessário.

Nota do escrivão: A transcrição deste documento foi complicada devido ao estado de mental da testemunha. Apenas o que for importante para o esclarecimento do caso entrara neste documento formal, por isso, com o aval do Senhor “R”, ocultamos todos os momentos de choro, gritos, desespero e ataques de pânico que ele teve enquanto relatava o que aconteceu no edifício. “R” agora será encaminhado para outra casa de repouso para idosos, que também será omitida neste documento. Os fatos descritos a seguir pertencem ao caso #57 da DKR - Investigações Paranormais e todo seu conteúdo é baseado no depoimento integral de “R”, que diz ter presenciado quase todos os acontecimentos.

(os nomes das famílias do prédio foram censurados com o caractere X)

Segue abaixo a transcrição completa:

R:

“Eu me mudei para aquele apartamento há oito anos, logo após minha aposentadoria. Eu vivia sozinho, pois meus filhos moravam no exterior e eram os únicos laços familiares que eu tinha contato. A dona do prédio, apesar de velha, era alguns anos mais nova que eu, e morava no ultimo andar desde quando o prédio existia. Seu único filho morava na cidade vizinha. Eles eram afastados do restante da família por algum problema que tiveram alguns meses antes do garoto se mudar pra lá. O pai/marido havia morrido semanas antes do nascimento da criança em um acidente na fábrica onde trabalhava. O dinheiro da indenização que a empresa pagou foi usado para construir o prédio. Na época, Não sobrou para instalar um elevador e por isso o prédio foi construído com uma escada no centro que ligava todos os apartamentos. O que dificultava a minha ida e saída de casa, e dificultava mais ainda a vida da dona, que acabara de descobrir um câncer no cérebro que prejudicou sua coordenação motora. A principio ajudei no que pude com a Sra. Solangelo, mas eu não pretendia me dedicar a cuidar de uma “idosa” mais jovem que eu. Sem outra alternativa, notifiquei o filho dela que, após ficar sabendo, ainda relutou muito a vir ajudá-la. Ele parecia preocupado em se mudar pra de volta. "

Transcrição do áudio do trecho em que “R” fala sobre a ligação para Bruno Solangelo:

“E o que o senhor disse a ele ao telefone?

Eu falei pra ele que a mãe dele tava com câncer e ele duvidou de mim. Eu falei pra ele que ela não conseguia nem ir no banheiro. Eu tentei imaginar na hora porque ele duvidou. Ele tava mais preocupado se o maldito prédio iria cair na cabeça dele do que com a mãe. No final ele ainda quis pedir mais alguns dias. Eu falei pra ele que ele deveria cuidar da mãe doente dele. E ele respondeu com uma frieza na garganta 'eu sei, mas isso não quer dizer que seja seguro para mim'."

R:

“Ele demorou três dias para chegar. Disse que teve problemas em deixar os negócios. Ele era palestrante sobre segurança do trabalho. Inspirado pelo acidente que causou a morte de seu pai na fábrica. Ele chegou durante o dia e sua primeira intenção era de poder dormir fora em algum hotel ou pensão. Ele tinha algumas economias, mas não ia poder pagar lugar pra ficar sem nem saber quanto tempo exatamente sua mãe ainda tinha de vida. Perguntei-me porque ele não quis contratar uma enfermeira ou algo do tipo. Na segunda madrugada após a chegada dele, enquanto ele dormia no hotel, eu ouvi uma correria vinda do apartamento da Sra. Solangelo, mas não podia ser provocado por ela, já que ela mal conseguia andar sobre suas duas pernas.”

Transcrição do áudio do trecho em que “R” fala sobre os barulhos noturnos no prédio:

“Nenhum outro morador ouviu?

Acho que não dava pra ouvir por causa do forro entre os andares, que só não tinha no meu apartamento. Eu nunca reclamei nada porque a velha Solangelo não fazia nenhum barulho, mas aquela noite parecia que tinha uma corrida na casa dela. Eu fui olhar o que era pensando que ela tivesse precisando de alguma coisa. Não me toquei na hora que a velha mal conseguia sair da cama.

Quando abri a porta os passos pararam. A o apartamento tava com as luzes apagadas e quando tentei acender pareceu ter dado mal contato e não ligou. Fui no escuro até o quarto dela, que pelo som da respiração tava dormindo. Virei às costas pra cama e me virei na direção do corredor que eu tinha vindo. A luz acende e eu vejo em pé no corredor uma criança. Mas não era uma criança normal. A pele era cinza e tinha um grande hematoma na testa, e tinha sangue escorrido tampando os olhos. Ela veio andando na minha direção, mas ele não dava passos nenhum. Eu estava cagado de medo, aquilo não podia ser de verdade. Eu comecei ir para trás; era meu corpo recuando. Ele, AQUILO chegou a uns 2 metros e a luz apagou de novo Eu só queria que ela não acendesse mais. Eu ouvi de novo sons de passos fortes. Eu tava apavorado eu não queria estar ali. A luz acendeu outra vez. Quando acendeu, eu estava no meu apartamento. Tentei ir trancar a porta, mas ela já estava trancada pelo lado de fora e eu não encontrei minha chave. Eu passei o resto da noite acordado com lâmpadas e velas acesas enquanto eu ouvia passos e barulho de homens discutindo do andar de cima. Aquela foi a pior noite da minha vida até dois dias depois.”

R:

“Bruno Solangelo achou meu chaveiro com as chaves do apartamento jogado no lixo do térreo. Ele destrancou minha porta. Contei a ele o que havia acontecido. Ele parecia apavorado mas nem um pouco surpreso. Perguntei a ele se ele sabia do que se tratava e ele negou. Eu disse a ele que ele tinha que cuidar da mãe dele a noite. Dessa vez ele concordou facilmente, o que eu estranhei em primeiro momento.

Eu não sabia o que estava acontecendo e eu queria muito sair daquele prédio. Eu não tinha onde ficar a não ser que eu fosse pra um abrigo de mendigos. Como eu me arrependo de não ter ido logo.

Ele começou a tentar organizar um pouco da imensa bagunça que estava no apartamento de sua mãe. Tinha vários papeis jogados no chão. Rabiscados avulsos em outras várias cópias de documentos fazendo um segundo piso de papel no assoalho. Vendo que não ia conseguir, arrumou o que pode na cozinha e foi ao mercado comprar algo para o jantar. A Sra. Solangelo tinha que se alimentar com alimentos pastosos ricos em fibras devido sua condição. Eu pedi algumas coisas do mercado também. Não sei ao certo a que horas ele foi e quanto tempo demorou. Mas eu vi a hora que ele chegou.

Ele estava apavorado, pálido e tremendo de medo ou nervosismo. Quando perguntei a ele o que aconteceu ele só respondeu “acho que cometi um erro a respeito do meu pai”. Não entendi a principio e ele não quis falar mais nisso.

Eu não havia descido nem visto os vizinhos a uns 4 dias. Estava estranhando a falta de uso do portão, que fazia um barulho alto na hora que os moradores entravam e saiam. Desci para ir à casa dos XXXXXXXX que moravam logo abaixo. Mas a porta deles estava trancada e ninguém atendia. Curioso, desci para perguntar aos XXXXXX onde meus outros vizinhos estavam. A mesma coisa na casa deles. O que me incomodou foi a que luz da sala estava acesa e projetava luz por debaixo da porta. Não se ouvia nada do lado de dentro mais havia aquela luz. A mesma coisa aconteceu nos outros 2 andares inferiores. Subi ao meu apartamento preocupado e com a intenção de chamar a policia. Quando chego na porta, a Sra. Solangelo estava lá, me esperando chegar. Ela parecia bem melhor. Eu fiquei com medo na hora. Pensei em apenas entrar, mas acabei perguntando se ela havia sido avisada do paradeiro dos outros moradores. Ela disse, numa voz sem muita habilidade vocal graças ao câncer, que haviam todos saído para férias juntos.

Eu não acreditei naquilo. Os XXXXXXXX nunca iriam viajar sem falar comigo. Agora eu estava mais apavorado ainda. Eu estava sozinho no prédio e eu nem tinha certeza se a Sra. Solangelo estava me falando a verdade.

Entrei no meu apartamento e tranquei a porta. Eu até coloquei o sofá imprensando a porta fechada. Peguei a lista telefônica e comecei a procurar um vestígio de um parente deles. Eu sabia que eles tinham um problemas afetivos, mas agora eu tinha um problema pior. Eu já estava desconfiando daquela história e talvez falar com um deles ajudasse. A família paterna, com o sobrenome, residia do outro lado do pais. Liguei e atenderam rápido.

No telefone eu disse que era inquilino do edifício Solangelo e que a Sra. estava com câncer e que estavam acontecendo coisas anormais no apartamento dela. A pessoa que atendeu, tinha uma respiração pesada, que eu supus ser de uma idosa. Ela só me perguntou uma coisa: “O Bruno esta ai com vocês?”. Confirmei. Fiquei com medo após a resposta dela antes de desligar “então ele finalmente vai pagar pelo que fez”.

Aquilo me perturbou muito. Eu tinha que sair daquele prédio. Seja lá o que estivesse acontecendo eu não queria estar ali na hora que ele pagasse por seja lá o que for que ele tenha feito. Pensei novamente em ir pro abrigo para mendigos, pensei em ligar pros meus filhos. Tentei achar alguma solução, mas começou a acontecer novamente antes que minha mente achasse uma saída.

Bruno começou a gritar desesperado no andar de cima. Ele parecia estar procurando algumas coisas pela sala e quartos. Aproximei-me da porta. O sofá ainda estava firme segurando-a. após vários minutos de gritaria e revista pelo apartamento, ele para e parece se conformar. O silencio durou um pouco. Eu, cansado, começo a pegar no sono. Quando meus olhos já estavam fechados e o meu corpo já estava dormente eu escuto a Sra. Solangelo gritar, com uma voz terrivelmente grossa no apartamento acima: ASSASSINO! ASSASSINO! ASSASSINO!

No final da quarta silaba da terceira palavra, as luzes apagam novamente. No escuro eu tentei alcançar a parede, mas não conseguia. Parecia que eu estava num salão enorme no escuro. Escuto o barulho de alguém tentando entrar na porta do meu apartamento, mas não conseguindo arrombar devido ao sofá. Na terceira tentativa eu escuto a voz de Bruno na porta desesperado para entrar. A luz acende de volta e eu estou na escada, do que eu identifiquei ser o vão do segundo pro terceiro andar do prédio. Quando olho para cima vejo aquela mesma criança de antes no topo do daquele vão. Ele é arremessado e cai de cabeça junto aos meus pés. A luz se apaga novamente e quando acende, estou de novo no meu apartamento, com Bruno aos berros pedindo pra eu deixá-lo entrar. Enquanto abria percebi que não escutei nada do grito dele no segundo andar. No agir do momento e cansaço pensei ser o forro.

Quando ele entrou percebi que ele estava chorando muito e estava com os braços arranhados. Deduzi que era da mãe dele. Mas outra coisa me chamou atenção. Ele estava com um pequeno ferimento na testa que estava saindo um pouco de sangue. O ferimento era no mesmo local da testa daquele menino que eu tinha visto.

O que eu mais queria era sair dali naquele momento mesmo. Mas eu ainda precisava saber o que aquele menino queria com Bruno. Lógico que eu já imaginava o que era.”

Transcrição do áudio do trecho em que “R” fala sobre o acidente do menino identificado como Felipe Andreos, 11 anos, que morreu a 19 anos atrás naquele edifício. Segundo a polícia da época, ele faleceu após cair da escada abaixo e ter um traumatismo craniano.

“conte-nos o que ele lhe disse.

Ele falou que ele cresceu com o menino. O pais deles trabalhavam juntos na fábrica e eram bem parecidos. Ambos morreram no acidente. Ele falou que, embora Felipe fosse um mês mais velho, o menino era muito pequeno pra idade e tinha problemas nos ossos. A mãe do Felipe foi morar no prédio e ficou com o apartamento do primeiro andar. Eles costumavam brincar no meio do prédio nas escadas. Devido ao problema nos ossos de Felipe, Bruno tinha o dobro de seu tamanho. Foi nessa época, o resultado da pericia da fabrica onde ocorreu o acidente que havia matado seus pais foi a publico. No laudo constavam que ouve sim falha da maquina, mas ocasionada por um funcionário que estava presente. No laudo dizia que o culpado da morte do Sr Solangelo foi o pai de Felipe num erro muito bizarro e bobo de uso de maquinário. Bruno ficou sabendo disso e ficou maluco. Eu juro que enquanto ele dizia isso o silencio imperava no edifício inteiro. Parece que Felipe queria ouvir a versão dele. Bruno continuou dizendo que precisava se vingar da morte de seu pai. O pai de Felipe havia sido postumamente condenado por homicídio doloso devido ao parecer do laudo. Bruno disse que esperou a hora que eles se juntavam pra brincar na escada e, quando teve a oportunidade; atirou o garotinho vão abaixo. Ele bateu a cabeça. Bruno disse que ele não desmaiou de imediato, ele disse que Felipe ainda tentou levantar, mas seu rosto estava jorrando sangue que descia e tapava seus olhos. Bruno correu pro apartamento e contou sua mãe o que tinha feito. A Sra. Solangelo também tinha ficado muito revoltada ao saber que perderá seu marido daquela maneira. Ela fez um acordo em diminuir o aluguel de todos os inquilinos pela metade pro resto de suas estadias se eles afirmassem que o menino caiu sozinho.

A mãe de Felipe, claro, ficou desolada. Bruno contou que ela implorou pra ele contar a verdade sobre o filho dela. Ela sabia o que ele tinha feito.

Como não deu em nada, graças ao testemunho dos moradores, a morte de Felipe foi dada como acidente. A mãe dele, que ainda tinha que pagar a indenização pelo homicídio doloso cometido pelo seu marido, se matou no apartamento 103 um mês e meio após a morte de seu filho.

Depois desse acontecimento, coisas estranhas começaram a acontecer e Bruno, com o raciocínio avançando com a idade, começou a se perguntar se ele realmente tinha feito o certo. Quando voltava da escola, ele podia ouvir claramente o grito de Felipe pelas escadas do prédio. As vezes ele sentia a presença e até via Felipe em pé esperando ele passar. Moradores reclamavam do choro noturno que vinha do apartamento 103 e do barulho de homens no terraço durante a madrugada. Bruno não teve outra alternativa a não ser se mudar da casa para a casa de seus parentes. Com dois dias lá, a casa havia virado um verdadeiro inferno. Nenhum de seus tios conseguia dormir devido ao barulho de choro que vinha do quarto da escada da casa durante a noite. A avó paterna de Bruno, desconfiada acabou pressionando o rapaz a dizer a verdade. Logo após ela deu uma quantia em dinheiro e expulsou-o da sua casa e nunca mais voltaram a falar com ele ou com a Sra. Solangelo, posteriormente mudando de estado.

Ele se mudou de cidade, mas acreditava que um dia Felipe iria cobrar vingança.

Quando ele terminou de falar eu não quis saber de mais nada. Eu não ia participar disso. Sai pela porta com a própria roupa do corpo e fui embora daquele edifício. Não olhei para a porta dos vizinhos nem nada. Peguei um táxi e fui dormir em um abrigo de idosos que fica do outro lado da cidade. DO OUTRO LADO DA CIDADE.

Na noite seguinte, eu falava com meus filhos pelo telefone do abrigo que eu estava. Contei a eles o que aconteceu e mesmo sem acreditarem, eles disseram que me mandariam dinheiro para alugar outro local até eu me recuperar.

Desliguei o telefone e me preparei para dormir. A luz do corredor era a única que víamos do dormitório do abrigo. Havia umas 30 pessoas dormindo ali. A luz começou a falhar e eu comecei a ficar com medo. Procurei uma lanterna e achei na gaveta ao lado da cama. Enquanto encaixava as pilhas, a luz se apagou. Escuro total.

Encaixo as pilhas e quando acendo a lanterna eu estou deitado na cama no quarto dentro do apartamento 103 do edifício Solangelo.

Levanto e vou correndo em direção a porta munindo apenas um facho de luz da lanterna naquele breu total. Quando chego na sala vejo um corpo de uma mulher pendurada por uma corda no pescoço amarrada no ventilador de teto. Percebi que aquela era a mãe de Felipe. Tentei passar por ela e cheguei a porta. Nenhuma luz acesa além da lanterna que eu carregava. Minha mão tremia muito. Tentei descer e abrir o portão, mas o botão não funcionou. Eu não tinha a chave comigo porque ela havia ficado no abrigo.

Estava de madrugada e ninguém passava na frente do prédio. Eu sabia que eu tinha uma chave extra no meu apartamento. Eu tinha que sair dali, mas eu não queria subir lá. Decidi ficar ali no portão até amanhecer. Quando aponto a luz pro interior do apartamento 103, não vejo a imagem da mãe de Felipe pendurada na sala. Iluminei relutante, procurando onde ela teria ido, até que vejo ela no fundo da sala no chão. Ela reage a luz e começa a vir em minha direção segurando uma forca pronta nas mãos. Eu corri pro único lugar que podia: escadas acima. Passei por todos os andares e neles eu via a mesma coisa. As famílias que residiam lá, deitadas no chão das respectivas salas com uma hemorragia saindo da testa. As crianças no 205 se debatendo chorando. Um bebe no chão se afogando no próprio sangue no 301. Fora os pais que nem conseguiam levantar pra ajudar seus filhos morrendo.

Passei temeroso pelo vão do segundo pro terceiro andar, mas nada além de morte dentro dos apartamentos.

Quando chego no meio do vão de escada que leva a porta do meu apartamento, escuto um choro masculino desesperado vindo do andar de cima. A minha porta estava trancada. Eu não poderia descer mais com a mãe morta de Felipe me esperança lá em baixo.

Minha lanterna começa a falhar e eu já temo o pior. Eu jurava que eu ia morrer, e agora eu até preferia ter morrido. Quando a lanterna volta ao normal, eu o vejo no auto da escada Bruno levitando. Em um impulso ele é arremessado por cima de mim contra o chão escada abaixo. Ele bate a cabeça, mas não fica inconsciente.

Nesse momento, mesmo com o sangue jorrando na sua cabeça, ele se vira pra mim e, se esforçando, foi capaz de falar:

“O laudo da pericia confundiu nossos pais. Meu pai matou o dele. Minha mãe tem várias cópias espalhadas pelo chão da casa dela.”

Após falar isso, ele desmaiou e nunca mais acordou.

Nisso, a luz volta ao normal. O Barulho que eu ouvia escadas abaixo, que eu julgava ser da mãe de Felipe com a corda havia sumido. Eu tinha que tentar achar a chave da Sra. Solangelo pra sair daquele lugar.

Entrei no apartamento dela, peguei a chave na porta. Na saída, não pude deixar de olhar pros papeis no chão. Se eu não tivesse feito isso eu nunca teria percebido o pior de tudo. Comecei a procurar pelo apartamento. Olhei no chão, olhei em todos os cantos e gavetas sem sucesso. Minha lanterna se partiu quando soltei-a no chão. Sra. Solangelo estava em pé no fim do corredor segurando a mão de Felipe. Ela sorriu e manteve o sorriso mesmo quando uma veia na testa dela estourou e começou a jorrar sangue pelo rosto dela. Felipe virou as costas e sumiu no escuro que atrás dela. Ela caiu de joelhos, mas manteve o sorriso. Me aproximei, e olhei novamente o apartamento, agora do ponto de vista dela, e tive certeza que não havia nenhum papel de exame, nenhum remédio, nenhum cadastro hospitalar nem nada que provasse que ela realmente tinha câncer.

Ela caiu no chão e eu, em estado de choque, me dirigi o mais rápido possível pra fora daquele prédio.

Quando chego no portal, olho dentro da lixeira do térreo e acho minha chave dentro.”

Segundo a polícia, "R" foi absolvido da suspeita dos assassinatos cometidos no edifício Solangelo por ser considerado incapaz fisicamente. Ele será internado e poderá responder a processo em liberdade.

A família Solangelo negou publicamente qualquer conhecimento de crimes prévios e revogaram o edifício que seria herdado a eles como únicos parentes vivos.

Além dos corpos das famílias moradoras do prédio e de mãe e filho Solangelo, nenhum outro corpo nem pista sobre outros suspeitos do crime foram encontradas.

DKR - Investigações paranormais.

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Nota do autor: Eu sinceramente espero que fique nítido que a falta de coesão gramatical nas partes de "áudio transcrito" é proposital, apesar de poder haver outros erros sem intenção. Obrigado pela sua leitura e se puder comente ai embaixo o que você achou.

Fother Mucker
Enviado por Fother Mucker em 07/05/2015
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