O Buraco

Ele acordou. Não sabia onde estava e nem como tinha ido parar ali. Olhou em volta. Ainda estava escuro e não conseguia ver coisa alguma. Olhou para cima e viu o dia clareando. Estava em um buraco. Talvez uns dez metros de profundidade. Como tinha ido parar ali? Não sabia. Não se lembrava. Imaginou se estaria machucado. Mexeu o corpo. Parecia estar tudo bem. Passou a mão pelo piso do buraco. Terra batida. No alto, o sol começava a clarear o buraco.

Ele gritou pedindo ajuda e tudo o que escutou de volta foi silencio. Gritou de novo. Gritou mais alto. Gritou mais alto ainda e tudo o que escutou de volta continuou sendo o silêncio. Estava com medo. Não sabia onde estava e não sabia se alguém poderia vir salva-lo. Ele se imaginou morrendo lentamente de fome e sede. Com certeza, a sede o mataria primeiro. Ele se levantou e começou a andar pelo buraco, então, parou petrificado. Escutara algo. Era um rosnado baixo. Ele olhou de onde vinha o som. Ele não conseguia ver todo o local onde estava. O sol ainda não tinha iluminado tudo. Estava apavorado e gritou de novo. Desta vez ouve resposta. Rosnados. E desta vez, muito fortes. Ele parou. Seus joelhos tremiam e, então, o sol iluminou o local de onde vinha o som. Havia um buraco na parede. Um túnel. Um metro de diâmetro e só Deus saberia que tipo de fera poderia sair dali. Outro rosnado e desta vez bem mais forte e o deixou gelado. E se a fera saísse dali? O que faria com ele? Pensou em gritar, mas teve medo que a fera o ouvisse e saísse para ver o que estava acontecendo. Ele se afastou para o lado oposto da entrada do túnel e pisou em algo. Fez barulho e ele, apavorado, constatou que eram ossos. Ele pouco conhecia de anatomia humana, mas, de alguma maneira, teve certeza que eram ossos humanos. Começou a rezar. Mais rosnados. Ele ouviu muitos rosnados, e agora, ele chorava. Estava desesperado. Escutou barulho de alguma coisa se mexendo. Alguma coisa estava saindo do túnel e rosnava de uma maneira que ele nunca imaginara que alguma fera poderia rosnar.

O que quer que fosse que saísse daquele túnel, não era desse mundo. E a fera saiu. Ele olhou desesperado para a fera e constatou que aquilo, realmente, não era desse mundo.

Pensou em gritar a plenos pulmões, mas não teve tempo...

JRobson
Enviado por JRobson em 16/05/2015
Código do texto: T5244334
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.