Queda!

Por Milson Elias

Sensação de extrema solidão e vazio, mal estar e incomodo. De uma forma atemporal, extremamente surreal. Escuto apenas o som do silêncio, do vazio. Ecoando em minha mente repetidamente, não sinto frio, não sinto fome nem calor, não sinto nada e ao mesmo tempo tudo.

Refaço meus passos e não consigo me lembrar de como vim parar neste lugar, nem o por que.

Piso sobre uma textura gelatinosa e grudenta, mas não consigo ver o que é, está escuro, muito escuro. Não enxergo hà um palmo de meu nariz, curiosamente não me incomoda o fato de estar completamente nu, mas o que realmente importa se não à luz e nem uma viva alma por perto afinal.

São tantas ideias ridículas e indagações que me tiram o foco de meus pensamentos, e desconcentra meu objetivo, afinal, onde estou? De certo não posso perguntar a ninguém, pois não escuto vozes nem movimentação alguma. É desesperador estar sozinho na mais negra escuridão, sem perspectivas, sem nada. Apenas aguardando sem saber o que, nem o porque, Rios de pensamentos desbocam em minha mente, minha alma congela de medo, não sabendo o motivo aparente de tanto horror. De repente sinto um movimento, algo me faz deslizar lentamente, não sinto me tocarem, apenas movimento-me. Sou direcionado sabe-se Deus para onde, gradativamente a velocidade na qual sou impulsionado acresce, vejo ao longe um lampejo de luz, ao me aproximar, noto um cenário fantasmagórico, chego ao local e minha surpresa é aterrorizante, milhares de pessoas em situação igual à minha, despidos e com olhares petrificados de pavor, despencando de línguas gigantes, indo em direção a uma garganta com espinhos e enormes labaredas de fogo, estou me aproximando, o medo transborda e começo a gritar e desesperadamente me segurar em algo, mas é impossível, estou a cada segundo indo em direção a gigantesca garganta. Em um último ato de desespero, rogo a Deus e toda sua legião de anjos, esperando um milagre ocorrer, mas meu destino, está selado. Finalmente despenco da enorme língua, caio de forma lenta, sentindo cada espinho e cada labareda ardente tocar minha pele. Enquanto caio e rodopio no ar, um pensamento me eclode….isso será apenas o início de meu Suplício.