O Poeta Assassino

Deitada naquele chão frio ela ainda aproveitava os últimos segundos de sua vida amargurada que se esvaía lentamente para o fim.

Ah, como era bela a minha donzela, seus traços afrodisíacos que eram tão somente dela. Lembro-me bem do primeiro dia em que a vi. Foi em uma fila de banco, ela estava tão estressada, mas ainda sim era incrivelmente sedutora e encantadora. Trocamos nossas primeiras palavras, um oi, tudo bem, conversamos sobre o mau atendimento daquela instituição e no fim ainda consegui pegar o contato dela no facebook, mas para a minha surpresa e completa fúria aquela linda donzela já era comprometida, o que era o paraíso mais do que rapidamente virou o inferno. Ela tinha ser minha, eu iria fazer de tudo para ter aquela mulher. Depois de alguns dias de investigação consegui descobri o endereço do meu rival, aquele que roubará o que era meu por direito, a pedra que insistia em atravessar o meu caminho. Comecei a investigar os passos dele, eu adorava aquele jogo, brincar de detetive me fascinava. Descobrir que o calhorda ainda tinha um amor secreto, ah ele merecia aquilo, como merecia, além de roubar a minha donzela, ele ainda tinha a ousadia de enganar a pobre cinderela. Com ele fui rápido, depois de vigiar a sua vida por duas longas semanas, armei a minha cilada, liguei para o canalha dizendo ser mais uma dessas fáceis donzelas, o cachorro tonto não percebeu que aquele osso era somente uma maneira de lhe jogar na coleira. Chegou pontualmente na hora marcada, do interfone ordenei que ele entrasse. Passando-me por mordomo da casa lhe acompanhei até a sala fechada.

- Ela disse que já esta descendo.

- Ok, vou aguarda.

Após sair daquela sala, tranquei a porta devagar para que o mesmo não notasse a minha intenção. Era hora de o gás magico entrar em ação. Como foi bom assistir aquele desprezível rapaz se intoxicar com monóxido de carbono, por isso eu amava tanto a química, quantas coisas incríveis não podemos fazer utilizando um pouco de química.

Agora sim, a donzela estava livre outra vez, longe daquele parasita ela poderia ser só minha, ser a minha diversão, mas o plano não saiu como eu imaginava. Ao lhe mostrar o corpo entalhado do seu antigo namorado ela me repeliu, como se fosse eu o monstro daquela historia, eu havia lhe feito um favor. Se não bastasse toda aquela repulsão ela ainda queria me ver atrás das grades, isso eu não poderia deixar, com o coração partido tive que fazer o que fiz. Assassinei a pobre donzela sufocando-a até a morte, vi sua vida se esvair aos poucos em minhas mãos. Naquele chão frio ela me observava atentamente, agora já não mais com ódio, mas sim com amor, seu cadáver entrava para minha seleta coleção de donzelas que roubaram o meu coração. Para cada uma recito uma poesia a cada noite antes de dormir. Agora eu sei que elas estão mais felizes, finalmente elas conseguiram encontrar um homem que se importa com elas de verdade.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 24/06/2015
Reeditado em 25/06/2015
Código do texto: T5288260
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