A Sinagoga.

O meu tempo de criança se foi rapidamente, mas as lembranças que guardo comigo, jamais serão esquecidas, principalmente essa que vou lhes contar agora, dessa eu nunca irei me esquecer.

Meu nome é Antônio, nasci em um pequeno povoado habitado por 500 pessoas, povoado pequeno e deserto onde a população costumava a acordar as 5:00 horas da manhã e se deitar as 20:00 horas da noite. Naquele mesmo povoado existia uma sinagoga, ela ficava bem afastada do nosso povoado poucos tinham a permissão de frequentar aquele local, eu sempre tive vontade de conhecer o local, mas meus pais sempre diziam:

‘’ Aquilo não é lugar de ir meu filho, aquilo é lugar de voltar’’ Não entendia o porquê dessas palavras, mas acatava as ordens sem discordar.

Mas teve um dia que não resistir. O badalar do sino e os gritos que vinham de lá me tentavam a me aproximar e espiar o que estava acontecendo naquele local, apesar de ser tarde e todos estarem dormindo eu queria muito ir ate lá.

Levantei sem fazer ruídos e caminhei ate a porta, abri a mesma muito devagar e fugi correndo em direção aquela sinagoga, seria naquele noite, em que eu finalmente descobria o que de fato acontecia naquele local.

Caminhei o mais próximo que pude e escalei uma das janelas daquela alta torre, era arriscado, mas eu já estava acostumado a escalar arvores, pensei que seria difícil por ser tratar de uma parede, mas para mim foi uma moleza. Ao desviar meus olhos para dentro da sinagoga levei um baita susto, havia desenhos macabros por todas as partes. O local era sombrio e a iluminação era feita por velas pretas e vermelhas, no altar havia vários monges cobertos por capas vermelhas, percebi que todos veneravam uma estatua, tentei esticar o pescoço para vê-la, mas no exato momento em que fiz isso perdi todo o meu equilíbrio e cai dentro daquela sinagoga desacordado.

Não sei bem por quanto tempo fiquei desacordado, só me lembro de acordar deitado em uma cama macia com tecidos de seda, estranhei aquilo tudo, assustado eu tentei me levantar e sair dali, mas percebi que eu estava amarrado e que era impossível me mover.

- Socorro, socorro. – Gritei assustado.

Um velho monge que estava na sala ouviu os meus gritos de pavor e se aproximou lentamente, ele também vestia aquela estranha capa, mas diferentemente dos outros, ele possuía o rosto descoberto.

- Fique Calmo menino, não iremos lhe fazer mal, muito pelo contrario essa noite você irá conhecer o nosso mestre, o nosso Deus.

Não entendia bem o que o velho estava querendo me dizer, mas as suas palavras eram tão doces e confortáveis que pareciam ser mesmo verdadeiras.

Depois de algumas horas de espera, três monges adentraram aquela sala. Eles pareciam gentis, me desamaram calmamente e me conduziram até á sala principal daquela sinagoga.

- Hoje o seu destino ira mudar completamente. – Disse um dos monges.

- Você foi o escolhido no meio de todos esses moradores, Lúcifer celebra a sua chegada. – Continuou o outro.

- Lúcifer?

- Quem é esse? – Perguntei confuso.

- Você já ira saber.

Eles me conduziram ate o centro daquela sala enorme. Ao adentrar aquela sala fiquei encantado com aquela grande e magnifica estatua que havia bem no centro do altar. A estatua era de uma linda mulher, ela tinha asas, seu sorriso era encantador. Ao olhar para a sua direção fiquei hipnotizado, parecia que ela também me olhava, e que podia falar comigo.

- Antônio. – Ela chamava pelo meu nome.

- O que? Você fala?

- Sim Antônio, eu sou um Deus, eu posso te ouvir e também posso falar com você.

- O que você quer comigo? – Perguntei admirado.

- Eu preciso que você me siga e que cumpra as minhas vontades.

Eu não entendia o que ela queria dizer com aquilo, mas estava tão encanto com a sua beleza e o seu esplendor que acabei concordando.

- Sim eu concordo.

Um dos monges me entregou uma faca de prata, assustado com tudo aquilo, eu joguei a faca no chão e protestei dizendo.

- Porque você esta me dando isso?

- Você já disse sim para Lúcifer, sua alma agora pertence à sinagoga, você irá fazer tudo o que nos mandarmos.

Ao ouvir isso eu tentei fugir, mas minhas pernas não me obedeciam, era como se eu não tivesse mais o controle do meu próprio corpo, era estranho de uma hora para outra comecei a concordar com tudo aquilo.

- O que vocês querem que eu faça? – Perguntei

- Você irá fazer um sacrifício.

- Sacrifício? – Questionei.

- Sim um sacrifício. Você irá sacrificar uma virgem em nome de sua divindade.

Eu nunca seria capaz de cometer tal ato, mas a minha nova personalidade concordava com tudo aquilo, eu havia me tornado frio sem emoções e sem sentimentos, naquele momento eu era capaz de fazer qualquer coisa.

Depois de todos aqueles acontecimentos estranhos, despertei sobre os gritos de minha mãe que dizia:

- Vamos acordar Antônio, já esta na hora.

Fiquei um pouco confuso, não dava para acreditar que aquilo tudo fosse um sonho, havia sido tão real, mas ao mesmo tempo em que me questionava se aquilo havia sido realidade ou sonho, eu ficava feliz, pois se fosse realmente um sonho eu estaria livre daqueles monges esquisitões.

Pulei da cama com um enorme sorriso no rosto e fui tomar café, o dia seria agitado. Minha mãe ficou me fitando o tempo todo, parecia que ela sabia que alguma coisa de errado estava acontecendo comigo.

“Tudo bem filho?” Ela perguntou desconfiada. Balancei a minha cabeça em sinal de consentimento, apesar de não gostar de mentir, aquela era uma boa hora para se utilizar de uma mentira.

Depois que acabei o café fui ajudar o meu pai no trabalho. Naquela manhã iriamos pescar, eu adorava aquilo, enquanto meu pai aprontava as iscas e os preparativos eu sempre nadava naquele lindo mar. Naquele dia não foi diferente, meu pai estava aprontando os seus equipamentos, aproveite aquele pequeno tempo para dar um mergulho, o dia estava propicio para isso. Tirei as minhas roupas e mergulhei, ao entrar no mar senti uma sensação estranha, era como se tudo tivesse ficado escuro, eu não conseguia enxergar, o único barulho que ouvia era de uma voz que sussurrava pelo meu nome a todo instante. “Antônio, Antônio, você pensou que tudo fosse um sonho.” Aquilo se repetia constantemente, meu corpo estava pesado, eu não conseguia mais controlar os meus movimentos, era como se alguém estivesse me segurando, como se algo me controlasse.

Depois de muito nadar cheguei a um ponto daquela ilha que eu não conhecia, pensei em voltar, mas era inútil, eu havia perdido o controle sobre o meu corpo. Continuei a minha caminhada e entrei por entre os arbustos. Depois de algum tempo caminhando parei no meio daquele mato e fiquei imóvel, era impossível gritar ou me mover à única coisa que eu conseguia fazer era enxergar. Escutei passos, alguém estava se aproximando. Eu estava com muito medo, imaginei que aquela pessoa que se aproximava era um daqueles monges, mas não era. Aquela pessoa que caminhava por aquelas bandas era Leticia, uma linda jovem que morava perto da minha casa. No momento em que a vi, senti algo de ruim crescendo em mim, na minha mente vinha pensamentos que nunca antes havia pensado.

Abaixei quase que automaticamente e peguei uma faca de prata que estava ali perto de mim. No momento em que toquei na faca percebi que já era tarde de mais. Avancei na garota com agressividade, minhas mãos tremiam e meu sangue fervia como nunca havia feito antes, ela gritava e implorava por socorro, mas o meu coração não se importava com aquilo, eu só conseguia pensar em mata-la.

Usava aquela faca com bastante habilidade. Primeiro cortei os seus pulsos, depois esfaqueie os seus olhos, continuei com a tortura até não poder mais. Ao acabar, percebi o quão grande era o estrago que havia feito, eu havia voltado e não acreditava em tudo aquilo que eu estava vendo.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 24/08/2015
Código do texto: T5357514
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