O Açougueiro De Harold Oksford

Parte 1:

Jones mal havia acabado de realizar a autopsia naquele corpo, quando Brian adentrou aquela sala lhe trazendo a noticia de que havia sido encontrado outro corpo em meio ao matagal. Realmente aquilo estava fora do controle, nove vitimas em duas semanas, aquilo era um pesadelo para os habitantes de Harold Oksford, uma pequena cidade situada no sul do Canada. O perfil do assassino já havia sido traçado pelo departamento de policia local. Provavelmente se tratava de um cara de meia idade, doce e simpático, um tipo de pessoa que não levantaria suspeita. Ele era brutal, mas ao mesmo tempo era doce e gentil, a maior parte de suas vitimas tinham entre 16 e 22 anos. A maioria eram mulheres, o que levava os investigadores a suspeitarem que o assassino fosse um sedutor que iludia as suas vitimas e as levava para o matadouro onde as torturava e as matava.

O oficial Rick Wilson estava liderando as investigações daquele caso. Ele era muito conhecido no país por desvendar muitos casos considerados dificílimos pela maior parte da corporação policial. No ano de 2011 foi promovido a primeiro tenente da corporação, duas semanas após ser promovido foi transferido para a pequena Harold Oksford para liderar as investigações sobre aqueles misteriosos assassinatos.

Apesar de toda sua experiência, Rick se sentia frustrado por não conseguir prender o responsável por aqueles assassinatos. Ele se lembrava de quando era criança, passava horas na frente da TV se indignando cada vez que escutava a noticia de um assassinato. Ele sempre quis se tornar um policial, para poder aprisionar aqueles malditos assassinos, que muitas vezes saiam impunes pelos crimes cometidos. Era ruim imaginar que a qualquer momento outra pessoa poderia morrer nas mãos daquele desgraçado.

Depois de todas aquelas mortes o Prefeito da cidade decidiu que seria melhor que a população ficasse precavida, uma das medidas de segurança adotadas por ele foi o toque de recolher após as 18h00min da noite. Apesar de todos os avisos e advertência havia muita gente disposta a bancar o herói, uma dessas pessoas era Albert, um estudante de jornalismo que queria se dar bem com aqueles acontecimentos. Ele havia sido o responsável por encontrar dois corpos perdidos na antiga mata da cidade, o que causará muitas suspeitas por parte dos policiais.

Naquela noite Albert estava decidido sairia às escondidas e se aventuraria naquela mata em busca de um furo de reportagem, o que resultaria em uma grande ascendência para sua carreira. Na sua equipe de lunáticos havia mais duas pessoas, Francisco e Nayara, seus colegas de classe e fundadores do Blog, o açougueiro de Harold Oksford. “Açougueiro”, Esse era o apelido que a mídia local havia dado ao assassino, apelido justificável, pois o suspeito estripava ás suas vitimas com estrema brutalidade, muitas delas eram encontradas sem alguns órgãos do corpo.

Depois de toda aquela preparação, os amigos teriam que distrair os policiais que ficavam de guarda no entorno daquela mata, coisa que não seria muito fácil. Apesar de todo pensamento pessimista dos seus colegas Albert estava confiante de que seu plano fosse dar certo, ele sentia que aquela noite seria triunfal.

Outro envolvido naquele caso era o prefeito Ulisses, ele estava em seu primeiro mandato e aquilo não ia ser bom para a sua campanha eleitoral. Ulisses havia nascido naquela cidade e nunca havia visto algo daquele tipo. Harold Oksford sempre fora uma cidadezinha hospitaleira, o departamento policial vivia as moscas, mas de uma hora para outra tudo mudou, aqueles assassinatos faziam a cabeça do prefeito borbulhar de preocupação. Sua esposa, Flora, também estava muito preocupada, ela era jornalista e assim como Albert queria descobrir a todo custo quem era aquele misterioso assassino.

- Só pode ser alguém dessa cidade. – Disse Flora ao Marido.

- Será mesmo? Quem seria capaz de cometer tamanha atrocidade.

- Eu não sei, mas muito em breve descobrirei. – Completou Flora.

Ela estava realmente decidida a colaborar com a investigação, todos da cidade estavam. Aquele mistério estava acabando com a paz dos habitantes. Nada era como antes, os postos de saúde não funcionavam mais, os restaurantes, supermercados, bares e outros comércios só funcionavam de manhã, as escolas estavam em greve e a cidade não recebia mais os turistas.

Albert já havia armado seu plano: Um de seus colegas iria distrair os policias alegando ter visto um suposto suspeito na praça da cidade. Enquanto o amigo estivesse distraindo os policias, ele e seus amigos adentrariam a mata em busca de provas sobre o caso. Apesar de tudo já esta planejado, Nayara não se sentia confortável com a aquela ideia de entrar no local onde haviam sido encontrados três corpos, a ideia era muito suicida e arriscada.

- Eu não sei se devemos fazer isso? – Disse Nayara indecisa.

- Relaxa Nay, vai dar tudo certo. – Falou Albert tentando acalma-la.

Agora já era tarde demais para desistir, o plano já havia sido colocado em pratica e havia saído como o planejado. Depois que Jorge distraiu os policiais, Albert e seus amigos adentraram com rapidez a velha mata e saíram apressados pelas suas redondezas.

O ambiente não era nem um pouco agradável. O silencio era perturbador e sombrio, nem os insetos podiam se ouvir, o único barulho que ecoava pelos arredores macabros, era o barulho que vinha dos passos daqueles malucos.

O coração de Nayara batia mais forte a cada passo dado, ela estava pálida e tremula. – Também quem não estaria. Albert tentava o tempo todo animar os seus amigos, lhes contando, o quão maravilhoso seria, se eles encontrassem alguma pista.

Ao olhar para o relógio Nayara percebeu que já se passava das 23h00min da noite, o combinado era de sair antes das 22h00min, eles já estavam ali há 2 horas e não haviam encontrado prova alguma.

- Já passou da hora de nós voltarmos. – Disse Nayara.

- Calma, não encontramos nada ainda. – Disse Albert.

- Calma? Você só pode estar brincando! Eu não vou ficar aqui nem mais um minuto. Se vocês quiserem ficar, que fiquem sozinhos. – Disse Nayara partindo apressada.

- Vamos embora cara, não há nada por aqui, só estamos perdendo o nosso tempo. – Falou Francisco.

- Vocês são uns medrosos. Ande, vá atrás dela, eu vou ficar aqui.

Francisco correu apressado à procura de Nayara.

Albert estava sozinho naquela mata, mal sabia ele o perigo que estava correndo. Os jovens não haviam percebido, mas ao adentrarem a mata estavam sendo perseguidos pelo temeroso assassino. De perto ele espionava e calculava os seus movimentos, a distração de Albert o favorecia, deixava a sua tarefa ainda mais fácil.

Ao se abaixar para recolher uma suposta pista Albert foi surpreendido, o assassino havia lhe golpeado fortemente na cabeça. A dor era insuportável, ele até tentou reagir, mas ao passar de alguns segundos desabou no chão.

No dia seguinte os amigos de Albert notaram que o mesmo não havia dormido em casa, preocupados com o que poderia ter lhe acontecido, eles resolveram contar para a policia, o que haviam feito na noite passada.

- Vocês ficaram malucos? – Disse Rick em voz alta.

- Eu tentei alertar o Albert, mas ele não me deu ouvidos. – Disse Nayara tentado se explicar.

- Vamos realizar uma busca nessa cidade, ele vai ter que aparecer!

Rick estava furioso, ele não poderia lidar com mais uma morte naquela cidade. Seu semblante havia se tornado escuro e possesso, aquele assassino estava acabando com a sua vida.

Albert acordou em um ambiente escuro e fedido, não havia janelas naquele pequeno cômodo, ele também percebeu que estava amordaçado, era impossível gritar. No andar de cima ele podia ouvir passos e vozes, que ecoavam de forma constante. Logo imaginou que estaria em uma espécie de porão de alguma casa. O seu sentido lhe alertava que o assassino era alguém com extrema inteligência, pois o cálculo que o mesmo havia feito era perfeito, provavelmente seria uma pessoa de boa reputação naquela cidade, uma pessoa que ninguém desconfiaria. Em meio aos seus pensamentos, vários e vários rostos apareceram ante a sua memoria.

“Poderia ser o Padre, ou um dos policias; ou ate mesmo um dos meus próprios amigos, Por que não”?

Mas nada daquilo importava naquele momento. O que ele queria mesmo era encontrar uma maneira de se soltar e escapar dali.

Albert sempre foi um garoto curioso, desde a infância ate a sua fase atual. O menino curioso e de imaginação fértil já havia imaginado o seu destino, ele queria ser âncora de um grande jornal e ser conhecido no mundo inteiro por suas grandes reportagens.

Mas a sua ambição o levará á aquele lugar onde estava agora, tudo o que ele queria naquele instante era nunca ter se envolvido com nada daquilo, era ter sido como as outras pessoas normais, que esperam com paciência, as coisas acontecerem.

Seu pensamento foi interrompido quando aquela porta se abriu. O clarão que vinha de fora quase lhe cegou. De longe dava para observar que o sujeito que adentrava àquela sala estava com o rosto encoberto por uma máscara de halloween.

O estranho homem caminhou até onde estava Albert, depois parou e começou a observar o mesmo que tentava a todo instante se soltar daquela mesa cirúrgica. O estranho retirou a mordaça que estava na boca de Albert, permitindo assim com que ele pudesse falar.

- Quem é você, Por que está fazendo isso comigo?

O Estranho não disse nada, ele continuava a sua observação visual. Albert murmurava a todo instante lhe fazendo diversas perguntas, mas tudo era em vão. Parecia que o assassino gostava daquilo, ouvir as suas vítimas implorarem por socorro lhe deixava excitado.

Depois de um longo tempo de silencio o misterioso homem soltou uma gargalhada. Ao olhar no fundo dos olhos castanhos de Albert ele sorriu novamente lhe mostrando uma seringa que estava em sua mão esquerda. Albert se preocupou ao ver aquela seringa, temia que algo de muito ruim viesse a acontecer. Só que para sua surpresa não lhe aconteceu absolutamente nada, o homem mascarado saiu por aquela porta logo após ter colocado a mordaça outra vez em sua boca.

JH Ferreira
Enviado por JH Ferreira em 31/08/2015
Código do texto: T5365685
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