O Empalador - parte I: Gênesis

Na escuridão absoluta, admiro a Lua sangrenta que posa graciosa e misteriosa diante minha sacada. E, enquanto me delicio com um vinho de uma safra tão antiga quanto à própria Romênia, “Tarja Turunen” enche o ambiente com o glorioso “The Phantom of the Opera”.

E assim, a Lua e eu permanecermos inertes; ela magnificamente linda como rainha celestial, e eu soberanamente implacável da sacada desse velho castelo, prostrado sobre as rochas de um imenso penhasco as margens do Mar Negro.

Envolto a esse ar de mistério, lembro-me então, que no principio, a terra era sem forma e vazia. A escuridão cobria o mar que envolvia toda a terra, e junto ao Espírito de Deus, eu me movia sobre a face das águas... Mas então, disse Deus: “Haja luz!”, e houve luz. E Ele viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas, Chamando à luz “Dia”, e às trevas de “Noite”. Nesse momento, eis que eu, também me separei do Espírito de Deus, me tornando Senhor das trevas; condenado a vagar eternamente pela noite.

Mas certo dia, após criar muitas coisas, Deus me chamou e disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem, de acordo com a nossa semelhança. Dominem-nos sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais e todas as feras da terra, e sobre todos os pequenos seres viventes que se movem rente ao chão!” Deus, portanto, criou os seres humanos à nossa imagem, e os criou: macho e fêmea os criou. Deus os abençoou e lhes ordenou: “Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e sujeitai toda a terra; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal que rasteja sobre a terra!” E acrescentou Deus: “Eis que vos dou todas as plantas que nascem por toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes: esse será o vosso alimento! E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão". E assim foi. Então Deus contemplou toda a sua criação, e eis que tudo era muito bom... Não! Nem tudo era bom, porque o homem também carregava trevas dentro de ti.

Desde então, pela eternidade, venho observando essas pequenas e frágeis criaturas... Criaturas mesquinhas, ignorantes e cheias de maldade. Pobres coitados. Tolos! Não passam de gado para os meus. Um rebanho e nada mais, apenas petiscos, distrações e nada mais. Pois quando Deus me disse: “Façamos o homem.”, eu também participei dessa criação; e meu propósito não era se não, uma mera diversão.

Tais lembranças fazem com que uma excitação tome conta de mim, enquanto meus olhos se enchem com sangue da imensa rainha celestial e um arrepio corre sobre minha espinha, fazendo-me vagar pelo tempo, um outro tempo. Um tempo de trevas e escuridão, um tempo de ameaças, um tempo de caçadores e suas caças. Um tempo em que a criatura, desafiava o criador; um tempo divertido, onde resolvi brincar com esses pequenos humanos; Um tempo em que pobres essas criaturas, me chamavam de “Príncipe Vlad” ou, apenas, “O Empalador”!