5 - Rascunho de um plano!

(Recomendo ler os contos “A Colheita”, “O Ceifeiro”, "Vivendo a Morte" e "Os Poderes da Morte", onde terão mais detalhes do personagem Morte.)

Acredito que muitos devam estar se perguntando como apenas uma Morte pode dar conta de colher tantas almas, afinal o mundo é grande e por minuto devem morrer sei lá..., mais ou menos umas 102 pessoas? E prestem bem atenção, eu disse “por minuto”, então como posso estar em vários lugares ao mesmo tempo? Na verdade eu não posso, mas eu tenho um segredinho pra contar, além de poder me teletransportar, de poder me transmutar, eu também podia brincar com o espaço-tempo, ou seja, sabendo exatamente as coordenadas de um determinado evento, como hora e local que ele irá ocorrer, eu posso simplesmente viajar pra onde e quando quiser.

Então todos os dias eu me organizava e “literalmente” no meu tempo eu realizava a colheita..., como eu não interferia em eventos fora da minha alçada, nenhum acontecimento do passado era alterado, portanto o presente se mantinha intacto e sem mudanças..., particularmente eu adorava mortes coletivas, como por exemplo queda de aviões, desastres naturais, guerras e tudo que pudesse provocar a passagem de muitas almas ao mesmo tempo, sinceramente me dava menos trabalho, mas em contrapartida, com a média de mortes por minuto aumentando a cada dia, comecei a ficar preocupado, pois se a cada vida que eu ceifasse, uma marca nova em meu corpo aparecia, em pouco tempo eu me tornaria a criatura sinistra que eu tanto abominava, uma sombra sem rosto, sem alma e principalmente sem humanidade.

A couraça que me protegia era a minha segunda pele e nesse ponto eu já parecia mais com um “Cavaleiro das Trevas” ..., figura bem diferente daquela que antes vivia na roça, que alimentava as galinhas, os porcos e as cabras no quintal e que bem cedo saia de casa para trabalhar nas lavouras de laranja, enfim, com o tempo percebi que eram essas lembranças que ainda me mantinham são e mesmo que eu já estivesse acostumado com o meu novo trabalho; trabalho este que por sinal eu até gostava; eram essas memórias que me traziam paz, logicamente não as recordações de quando matei minha mãe, ou de quando matei aqueles dois miseráveis, minha esposa e meu melhor amigo na minha própria cama, depois de um surto psicótico, quando descobri que estavam me traindo, mas sim do antes, bem antes de tudo isso, da época que eu era feliz e que nem me passava pela minha cabeça, ter que degolar algumas outras cabeças.

E no meio de tantas reflexões, comecei a formar algumas percepções e de minhas percepções, comecei a criar algumas teorias, que por fim, poderiam me dar as respostas que eu tanto buscava, “eu preciso saber porque a Morte escolheu justo a mim, para tomar o seu lugar...”, era o que eu pensava enquanto colhia minhas “laranjas” (era como a Morte chamava as almas), eu precisava saber, nada disso faz sentido..., portanto, este seria o meu objetivo daqui pra frente, então farei por partes, pois tentar entender tudo neste momento, será quase impossível.

“Ufa, missão cumprida, por hoje o trabalho já deu, vou deixar um pouco pra amanhã ou quem sabe pra depois de amanhã, afinal, posso viajar no tempo, não é! Então Keep Calm dona Morte.”

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Moises Tamasauskas Vantini
Enviado por Moises Tamasauskas Vantini em 16/10/2015
Reeditado em 16/10/2015
Código do texto: T5416922
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