Fome póstuma - DTRL 25

“Devoramos seu cérebro

Deixamos tua carcaça

E você se une a nós

E sai conosco a caça”

Ataque dos mortos vivos – Zumbi Radioativo

Vago a passos lentos pelas ruas destruídas. Não olho ao redor, mas sei que outros como eu também vagam. Estamos todos à espera da mesma coisa. A fome que cresce em mim parece nunca ter fim. Mas, não é qualquer fome. Preciso, todos precisamos, de carne viva. Apenas isso aplaca momentaneamente essa fome que parece corroer os músculos, debilita meu corpo. Minhas roupas estão rasgadas, meus dedos e todo corpo fede à morte. Já não lembro quem ou o que fui, nem mesmo sei o que sou. Tudo que sei é pelo que vivo. Sou como um predador ferido que, por estar debilitado é ainda mais violento.

Estou sentindo o cheiro agora, aquele cheiro; meu alimento se aproxima. Eu, assim como outros que estão próximos a mim nos apressamos na mesma direção. Alguns tentam correr, outros se arrastam. Agora tudo que importa é comer, nem que seja um pedaço. Através dos meus olhos embaçados, eu consigo vê-la. Uma mulher desespera-se ao nos ver e corre para o lado oposto. Em suas mãos carrega um pedaço longo de madeira, que usa para golpear alguns de nós tentando nos afastar. Mas, é impossível, pois nossa fome dolorosa nos impede de parar. Um de nós que se arrastava segura seu pé e a derruba, fazendo-a gritar ao mordê-la com seus dentes podres e quebrados. Então, todos nos aproximamos e começamos a devorá-la. A primeira mordida trás uma sensação deliciosa, é como estar um pouco mais vivo novamente. os pedaços de carne que devoro com avidez amenizam a dor, parecem me deixar mais forte. eu não sou, não sinto mais nada, apenas o êxtase da carne fresca em minha boca.

Quando me dou conta, já não sobra nada além de ossos em minha frente. alguns já se afastaram, outros terminam de lamber os últimos pedaços de cérebro derramados no chão. Eu me levanto e torno a caminhar, sentindo a fome surgir novamente dentro de mim.

Fim... Ou melhor, a continuidade de um fim eterno.

Temas: Criaturas, estradas

Esse conto é uma reportagem, mas eu não aguentava mais ficar de fora do desafio. Meu PC ainda está quebrado e estou me virando com o celular. Espero ter resolvido tudo até a próxima edição. Boa sorte a todos.

Aureus Mortem
Enviado por Aureus Mortem em 21/11/2015
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