A Agenda Mágica - DTRL 25

Eu sou maníaca por palavras. Passo o meu tempo livre escrevendo e nunca me canso. No dia do meu aniversário, ganhei uma agenda do meu melhor amigo. A capa rosa e a inscrição no rodapé da página, me deixaram intrrigada.

O produto se intitulava agenda mágica. Achei meio infantil, mas ignorei porque ela era linda demais. As páginas brancas pareciam me chamar. Não havia linhas, nem o lugar para por a data. O fato é que passei semanas procurando a caneta certa, para escrever as primeiras palavras. E quando finalmente encontrei uma com tinta dourada e gliter, que ganhei de um velhinho bonzinho há muito tempo, me vai pela primeira vez sem idéias.

Eu pensei em poemas, mas já tinha um lugar reservado para eles. O mesmo aconteceu com letras de músicas, frases, versos curtos e idéias para um futuro livro. Esgotei todas as possibilidades com o que eu gostava e era comum.

Estava deitada em meu quarto, quando uma ideia meio louca me ocorreu. Resolvi reescrever meus feitiços. Calma, vou explicar. Quando eu era criança, gostava de brincar de bruxa. Escrevi tudo em um caderno velho, que guardo no fundo do guarda roupa. Chegou o momento de rever minhas brincadeiras de crianças.

Entusiasmada, eu peguei o caderno e abri na primeira página. Me surpreendi ao perceber que as letras estavam quase desaparecendo. Mas alguns meses e eu teria perdido tudo.

O primeiro feitiço se designava 'o veneno mortal'. Para ser adicionado a uma bebida gelada. Comecei a escrever os ingredientes e quando olhei para trás, estavam em cima da minha cama. No chão, um caldeirão borbulhava e eu corri para colocar a magia em prática.

Depois de terminar, despejei o liquido em um frasco e joguei o que sobrou no lixo. Coloquei o caldeirão debaixo da cama e sai para beber com as minhas amigas.

Voltei pra casa de manhã e vai a cena mais triste e chocante da minha vida. Corpos no chão da sala, que não exalam nenhuma vida. Com os olhos abertos, que tinham marcas secas de sangue. O cheiro era de lixo e a pele parecia já estar se decompondo.

O pior de tudo era a quem esses corpos pertenciam. Meus pais. As pessoas que me deram amor e carinho. Aqueles que sempre me apoiaram em tudo, estavam mortos.

Eu fiquei em estado de choque e continuei assim mesmo com a chegada da polícia. Não sei como eles foram parar ali, mas me levaram com eles. Fui interrogada um milhão de vezes, depois do funeral dos meus pais. Em seguida, fui presa acusada de ter envenenado meus pais.

Expliquei um milhão de vezes o que aconteceu, mas é claro que ninguém acreditou em mim. Encontraram a agenda mágica com todos os feitiços escritos e fui acusada de praticar magia negra.

Já se passaram mais de dez anos e ainda não sei como eles tomaram o conteúdo do frasco. E o pior é que não entendo, como aquilo que eu preparei funcionou. Eu inventei tudo, eram ingredientes estranhos mas não faziam mal a ninguém.

Eu também nunca mais voltei a ver meu melhor amigo e estou sozinho nesse lugar horrível.

Tema: Magia Negra

Jéssica Flaalves
Enviado por Jéssica Flaalves em 23/11/2015
Código do texto: T5458330
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