A Lenda de Krampus

Natal Sombrio

A Lenda:

"Era uma noite comum de 25 de dezembro, dia do nascimento do salvador Jesus Cristo. No mundo, todos os cristãos comemoravam o natal. Na Turquia, o arcebispo São Nicolau que era dotado em magias saía a noite nesse dia em especial para distribuir presentes entre as crianças comportadas do mundo inteiro, por isso recebeu o nome de Papai Noel. Porém, cinco dias antes do natal, um pagão conhecido como Krampus começou a punir as crianças mal comportadas. Ao saber disso, São Nicolau usou seus poderes para castigá-lo transformando-o numa criatura demoníaca peluda, com chifres, garras e presas. Por mais que tenha sido transformado, Krampus continuou a castigar as crianças mal comportadas no mundo todo, afinal, também era dotado de poderes, mas não podia reverter o feitiço que lhe foi jogado. E até hoje sua sombra ainda é vista por alguns no dia 20 de dezembro nos telhados das casas. Enquanto umas famílias acendem suas lareiras para que ele não entre pela chaminé, outras simplesmente não acreditam em sua existência"

- Demetrius Weiss

O Conto:

Eu sou Demetrius Weiss, nasci no Rio de Janeiro, no Brasil, mas muito cedo fui morar na França, sendo considerado um cidadão francês depois de 30 anos morando lá. Eu me formei em literatura na Universidade de Cambridge na Inglaterra, logo resolvi me tornar escritor de livros de horror e já publiquei vinte obras, já que sempre tenho idéias novas o tempo todo. Meu último livro, que não tinha uma história tão original assim, chamava-se O Anti-Papai Noel, e contava uma história em cima da lenda de Krampus, um ser que castigava crianças mal comportadas no dia 20 de dezembro. Sempre tive um certo fascínio sobre essa criatura mas não por qualquer motivo. Meus pais nem sempre foram os mesmos, no sentido literal, uma vez que eles foram misteriosamente e brutalmente assassinados quando eu tinha 10 anos. A polícia de Paris jamais descobriu o autor dos crimes, até mesmo porque não se importavam muito, éramos pobres. Logo fui adotado por uma família rica e judia. Meu sobrenome que era Barros passou a ser Weiss, porém meu nome sempre foi o mesmo, jamais soube a origem dele, na verdade nunca perguntei aos meus pais biológicos. Agora, você caro leitor ou leitora, se pergunta qual a relação entre a morte de meus pais e meu fascínio por Krampus, não? Pois bem. Na época era muito pequeno, mas depois fui analisar as fotos tiradas dos corpos de meus pais com a ajuda de um legista. Ele disse que as mutilações no corpo pareciam garras e no pescoço mordidas de presas, como se um lobo tivesse os atacado. O dia em que meus pais morreram era 20 de dezembro e a lareira da chaminé não fora acesa como nas outras casas, afinal, meus pais haviam instalado um aquecedor com o pouco dinheiro de aumento que conseguiram. Quando eu descobri isso tinha apenas 18 anos, hoje tenho 30. Obviamente um homem dessa idade tem que ser um imaturo supersticioso para acreditar na existência desse ser e que ele possa tê-lo deixado órfão. Queria fazer uma investigação sozinho sem meter polícia no meio e foi o que fiz. No dia 15 de dezembro peguei um avião para a Turquia, onde surgiu não só a origem do São Nicolau, o Papai Noel, mas também de seu inverso, Krampus. Ao chegar em Ancara, encontrei um amigo chamado Osman que também falava português. Ele era mais velho que eu uns três anos mas, igual a mim, compartilhava da mesma curiosidade, logo que seu pai fora morto quando ainda eram muito pobres. Hoje ele é um homem bem rico. Quando mostrei as imagens de meus pais mortos e fiz as relações com a lenda de Krampus ele me contou que achava que essa criatura foi responsável pela morte de seu pai. Assim que saí do portão de embarque o encontrei a minha espera. Logo que saímos do aeroporto fomos almoçar num restaurante chique e fiquei hospedado em sua belíssima casa. Ele tinha uma agradável esposa chamada Aylla que estava grávida de seis meses, ela não tinha conhecimento sobre o que eu estava fazendo ali e como seu marido iria me ajudar, para ela dissemos que eu iria conhecer a cidade. Quando ficamos sozinhos em seu escritório ele sentou à mesa e tirou da gaveta um envelope, entregou-me e disse: - Eu ia fazer várias viagens pelo país para procurar em cada região da Turquia. Mas encontrei pistas aqui. Abri o envelope e vi fotos de pegadas numa área verde de Ancara. - Levei a um especialista em pegadas e ele disse não saber a que animal pertencia. Ele fez cópias para analisar. Depois ligou pra mim dizendo que nenhum animal existente tinha pegadas desse jeito. Logo depois ele pegou da gaveta um lenço dobrado e me entregou. - Desdobre e olhe o que tem aí. Eu desdobrei e vi pelos brancos. - Esses pelos estavam perto das pegadas, já sabemos o formato do pé de nossa caça e que ele solta pelos. - disse ele me encarando calmo. Eu continuei olhando as fotos e encontrei a de uma árvore arranhada. Osman notou e continuou: - Eu levei essas fotos a esse mesmo especialista e ele também disse que o formato estranho dos cortes não pareciam os de outros animais. Só pode ser ele. Olhando essas imagens, o pelo e relacionando todos os fatos ficava ainda mais curioso e interessado em descobrir o paradeiro dessa criatura que matou meus pais e que castiga crianças no natal. Era quase um fascínio masoquista. No dia seguinte fomos até a floresta onde Osman havia encontrado as pistas. Era a noite do dia 17 de dezembro. Sabíamos que a criatura iria sair dali a três dias para fazer suas punições. Eu levava uma lanterna e na minha frente meu amigo carregava uma foice e uma espingarda para no caso da criatura nos atacar. Entrávamos cada vez mais naquela mata que ficava mais sombria e assustadora. Com aquelas árvores tortas e algumas sem folhas. O barulho de grilos e corujas reforçavam o terror que aquele lugar passava a noite. Ao chegarmos a determinada distância ouvimos barulhos vindos de umas árvores um pouco afastadas de nós. Osman ouviu primeiro e disse: - Ilumine lá, por favor. Eu iluminei nas árvores e ele me entregou a foice e foi com se aproximando com a espingarda e quando chegou olhou e não viu nada. Ele se virou para mim e fez um gesto afirmando que não achara nada. Quando de repente foi atacado por um animal peludo e enorme. Ele foi derrubado e sua espingarda caiu de sua mão e ficou um pouco longe dele. O susto foi tão grande que deixei a lanterna cair. Fiquei sem luz mas Osman não, pois, apesar de cair a lanterna, continuou o iluminando e ele conseguiu segurar o focinho do animal. Rapidamente recolhi a lanterna e fui correndo até a espingarda e atirei para cima. O animal se assustou e saiu correndo. Levantei Osman que ainda estava assustado e disse: - Bem, não era o que procurávamos, era só um lobo. - Disse ele, ainda meio ofegante. No dia seguinte eu acordei e fui tomar café. Encontrei meu amigo já terminando o seu e sentei à mesa para me servir. Enquanto colocava café em minha xícara ele começou a falar: - chamei um amigo para vir aqui a tarde. Seu nome é Joseph, ele tem fascínio por lendas mitológicas e uma vez me disse que gostou do seu livro sobre o Krampus, mas achou que faltavam informações. - Disse Osman, se levantando e saindo da sala de refeições. Ainda estava cansado da noite anterior e fui ler um livro. Joseph chegou às 3 horas e fomos conversar sobre a criatura que procurávamos. Porém, ele não falava português e eu, muito menos, alemão. Apesar de ter vasto conhecimento sobre diversos assuntos e falar não só português mas, obviamente francês também, assim como italiano, espanhol e latim, nunca me dei bem com alemão. Sempre tive que ler vários livros de escritores alemães traduzidos. Fomos conversar na sala, cada um sentado numa poltrona. Eu só dirigia minha palavra a Osman, que falava diretamente com Joseph. Ao término da conversa meu amigo se despediu do tal alemão e quando fechou a porta me disse: - Tenho novidades interessantes. Ele sentou de volta na poltrona e continuou: - Segundo Joseph o Krampus vai todo dia 19 para o Polo Norte invadir a casa do Papai Noel para pegar sua gigantesca lista de crianças do mundo inteiro e selecionar só as que foram mal criadas. É lá onde ele está. Eu posso bancar uma viagem até a Noruega e de lá podemos ir até o Polo Norte. Você quer levar isso adiante? Eu levantei e disse: - Sim. Temos que encontrá-lo. Osman levantou-se e me mandou arrumar minhas coisas pois viajaríamos logo no dia seguinte e que iria avisar a esposa enquanto procurava passagens para o dia 19. Era noite e eu estava deitado e pensava: será que o Krampus realmente existe? Será que não estamos é jogando dinheiro fora? Isso tudo pode ser só loucura de nossa cabeça. Nem sabemos se o próprio Papai Noel existe, muito menos o seu oposto. Mas a curiosidade é algo forte. Quando foi uma da tarde no dia 19, lá estávamos eu e Osman no portão de embarque esperando nosso voo direto. Em pouco mais de 24 horas chegamos a Noruega. Assim que saímos do Aeroporto fomos num navio de turismo até o Polo Norte e nos hospedamos num hotel. Ficamos logo sabendo que podíamos alugar um carro próprio para andar na neve e foi o que fizemos. O gerente disse que podíamos passar mais de um dia com ele se fôssemos acampar no gelo. Nós pegamos roupas próprias para andar lá que compramos no Aeroporto e fomos a nossa caça. Passaram-se duas horas de procura. Eu e Osman estávamos muito cansados e resolvemos acampar num lugar aberto. Pegamos uma barraca que ganhamos do gerente do hotel e comida para fazermos nosso jantar. Quando terminamos já eram 8 horas da noite e fomos tirar um cochilo. Claro que o Polo Norte é imenso e jamais exploraríamos ele inteiro para encontrar a casa do Papai Noel, se é que ela realmente existia. Eu dormia tranquilo quando ouvi um barulho. Acordei meu amigo que foi logo pegando um facão para ver o que era. Podia ser um urso. Nós saímos de dentro da barraca e ele olhava para todos os lados. Era uma nevasca e isso dificultava enxergarmos alguma coisa, era tudo um branco sem fim. Ficando mais calmos já que não via nada que pudesse ser ameaça baixei um pouco a cabeça e vi como se fosse uma pedra que não estava ali antes coberta de neve bem perto de Osman. A tal pedra abriu dois olhos vermelhos e animalescos, não entendi na hora quando logo abriu uma boca com presas assustadoras. Quando me dei conta do que era gritei: - Osman! Saia daí!. Nesse momento meu amigo olhou pra mim com expressão de dúvida. Eu resolvi correr até ele quando a pedra se desfez numa criatura enorme com terríveis garras e pulou em cima de Osman que lutava. Quando me aproximei a criatura lançou sua pata com um duro casco e eu caí no chão. A dor era horrenda, tentei levantar para salvar Osman mas já era tarde demais. A criatura mordeu com tanta força seu pescoço que muito sangue jorrou na minha cara e escorria pela sua boca revestida de pelos brancos. Logo em seguida ele começou a puxar algo do pescoço e ao conseguir veio a garganta de meu amigo entre seus dentes. Comecei a gritar e ele pulou em cima de mim e quando ia me mordendo abri meus olhos, fora só um pesadelo. Olhei para cima e era Osman tentando me acordar dizendo: - Vamos continuar. Logo pegamos o carro de neve, abastecemos e continuamos nossa busca pelo imenso gelo. Estávamos com muito frio e quase desistimos quando de longe vimos uma luz amarelada de longe. Eu o avisei e fomos nos aproximando. Quando chegamos não podia acreditar no que via. Era uma casa decorada com enfeites natalinos e do lado uma pequena fábrica. De fora via vários duendes vestidos com suas roupinhas verdes, todos ruivinhos e carregando embrulhos de diferentes cores e levando até um trenó puxado por renas. Minha expressão de surpresa era a mesma de Osman. A casa tinha dois andares e eu podia ver uma mesa no quarto de longe. Na parte de baixo enxerguei um homem velho com barba branca, era ele, o Papai Noel. Mas minha contemplação foi diminuindo logo que quando voltei a olhar para a casa vi, se aproximando dela, nossa caça maldita, aquele responsável pela morte de meus pais e por torturar crianças mal comportadas do mundo inteiro. Nem precisei avisar a Osman que olhou pra mim determinado e tirou de dentro do casaco a foice e me entregou. Do bolso tirou um revolver e disse: - Estava guardando para ocasiões especiais. - Assim que terminou de falar já foi logo destravando a arma. Nem mesmo perguntei como ele passou pelo aeroporto com isso e já fui na frente. Quando chegamos a determinada distância esperamos os duendes entrarem de novo na fábrica enquanto Krampus já estava no telhado. Ele não notava nossa presença, estava mais preocupado em não cair dali. Fomos correndo já que era tudo neve então não se ouviam nossos passos. Chegamos a porta dos fundos e batemos nela. Nossa intenção era avisar ao Papai Noel. Logo a porta se abriu e o bom velhinho estava lá com uma expressão de dúvida e surpresa. Sem demora foi logo perguntando: - Quem são vocês? Como me encontraram?. Sem perder tempo fui logo respondendo: - Papai Noel, é uma honra conhecê-lo, eu deveria estar me comportando de outro jeito, na verdade eu quem devia estar realmente surpreso, mas não temos tempo. Krampus está no seu quarto, ele vai roubar a lista para pegar todas as crianças que foram levadas. Surpreso ele disse: - Meu Deus, de novo. Ele faz isso todo ano. Vou subir e expulsa-lo de lá. Oh, não. Mamãe Noel está dormindo no quarto, ele pode matá-la. - Falou ele, apreensivo. Eu segurei em seu braço e falei calmo: - Espere Papai Noel, eu e meu amigo Osman estamos aqui para pegá-lo. Não vá. Ele pode matar o senhor. Entramos e fomos depressa subindo as escadas enquanto o bom velhinho nos olhava preocupado. Rapidamente empurramos a porta com força e lá estava Krampus, com a lista na mão e nos olhando enfurecido. Meu amigo apontou-lhe a arma mas ele fez um gesto com a mão e o revolver foi arremessado das mãos de Osman para a escada. Nesse momento corremos até ele e começamos lutar. A Mamãe Noel que dormia tranquila acordou e ficou imóvel assustada. Tentei golpeá-lo com a foice mas ele a agarrou e conseguiu me dar aquele coice com sua pata cascuda. Osman que estava caído levantou-se mas foi tarde demais, o animal o golpeou com sua arma no pescoço e espalhou sangue por todo lado. Eu e meu amigo gritavamos, eu de susto e ele de dor, enquanto a velha Mamãe Noel estava em choque sem nem mesmo abrir a boca. Eu estava caído nem me mexia pois a dor do coice era terrível. Insatisfeito, ele retirou a foice do pescoço de meu amigo, agora morto, e continuou a golpeá-lo e o sangue esguichava para todo lado e seu pelo branco ficava ainda mais avermelhado quando ele se virou pra mim e já foi se aproximando. Logo um barulho muito alto soou e um buraco foi feito na testa do terrível Krampus. Olhei para cima e vi o Papai Noel com uma expressão séria olhando para frente. Me levantei com a ajuda da Mamãe Noel que ainda estava em choque porém mais aliviada. Cheguei perto dele, agradecendo: - Papai Noel, muito obrigado por me salvar. Eu lhe agradeço. - Disse isso, abraçando-o. A história poderia acabar aí, mas seria o final mais agridoce e clichê já pensando e minha noite infelizmente ou felizmente não terminou assim. Logo que senti uma dor horrível e ouvi um barulho de garrafa quebrando. Desmaiei. Quando acordei estava amarrado dentro de uma pequena fábrica onde duendes operavam com expressão de cansaço e tristeza. Então me perguntei, o que diabos está acontecendo aqui? Quando vi o Papai Noel saiu das sombras, ele parecia normal, exceto pela sua expressão de ironia e crueldade. Em suas mãos estava um chicote vermelho enorme. Ele começou a falar: - Boa noite meu filho. Eu olhei meio sem entender nada e perguntei: - O que significa isso? - Ele sorriu sarcasticamente e continuou: - Você e seu amiguinho hoje me fizeram um enorme favor. Vocês me deram a chance de finalmente matar meu maior inimigo. Aquele que sempre atrapalhou meus planos a vida toda. - Falava ele, subindo o tom de voz. Nesse momento os duendes olhavam pra mim com expressão de raiva ou decepção como se esperassem ouvir a pior notícia de suas vidas quando o velho subiu sua voz e gritou: - Krampus está morto! - Ao terminar começou uma gargalhada assustadora. Ao ouvirem isso os duendes começaram a gritar de tristeza e desgosto. Nervoso, o Papai Noel começou a chicoteá-los e gritava: - Voltem ao trabalho, seus miseráveis, filhos da puta! - Eu estava perplexo e não entendia absolutamente nada. O velho saiu da fábrica rindo e me deixou sozinho com os Duendes que pegaram cada um uma arma e um objeto pontiagudo e vieram em minha direção, comecei a gritar: - O que está acontecendo aqui? O que vão fazer? Logo, um deles disse: - Você acabou com nossas chances de escaparmos daqui. Seu maldito bastardo. Por sua causa seremos escravos para sempre. Seu filho de uma puta! Vamos mata-lo lentamente. O outro acrescentou: - Krampus era inocente, foi o Papai Noel que fez tudo aquilo e o culpou. Eu, desesperado resolvi argumentar: - Não esperem, esperem pelo amor de Deus. Posso ajuda-los. Um deles levantou a voz e gritou: - Você acaba com todas as nossas chances de escaparmos desse monstro e vem com essa de nos ajudar? Eu vou enfiar meu machado na sua testa. Rapidamente tive uma idéia e completei: - Se me tirarem daqui eu acabo com isso tudo, mas pelo amor de Deus, não me matem. Todos os duendes se olharam e depois viraram suas cabeças para mim e soltaram suas armas. Enquanto isso o Papai Noel, que estava tomando chá na cozinha, veio até a fábrica gritando: - Não estou ouvindo barulho de trabalho seus preguiçosos de merda. Assim que ele abriu a porta e viu todos os duendes juntos com expressão de ódio ele perguntou: - O que diabos está acontecendo aqui? Eu que estava um pouco longe dele respondi: - Oi, Papai Noel. Ele se virou e nesse momento eu bati em sua testa com o cabo de meu machado com toda a minha força. Olhei para os duendes e perguntei: - O que faço agora? Um deles respondeu: - Precisa quebrar nossas correntes. Foi nesse momento que notei algo que não percebera antes, os pequenos tinham correntes que prendiam suas pernas. Fui até cada um e golpeei suas correntes com meu machado. Depois de uns dois minutos terminei e disse: - Pronto, estão livres. Fujam. Assim que me virei e me afastei deles o Papai Noel acordou e se levantou. Ele olhava pra mim enfurecido mas não parecia ele, seus olhos estavam vermelhos e sua boca tinha presas assustadoras. Ele foi correndo em minha direção e parecia um urso raivoso. Saí correndo e ele vinha atrás e dávamos voltas pela fábrica quando tropecei por causa da correria. Ele ainda estava a um metro de distância de mim quando um duende correu até ele com um facão mas inutilmente pois o Papai Noel o agarrou e o levantou com uma mão e levando-o até sua boca. Com toda a força ele mordeu a cabeça do pequeno duende que ainda gritava e jogou seu corpo no chão. Logo em seguida voltou a mim e começou correr em minha direção que ainda levantava. Rapidamente levantei meu machado e golpeei sua barriga abrindo um buraco enorme. Ele caiu para o lado. Me ergui ainda ofegante e falei para os duendes: - Tragam-me uma arma de fogo. Um deles correu até um banco, o levou até uma quadro subiu e o removeu. Atrás tinha um pequeno compartimento com uma espingarda e trouxeram-na pra mim. Eu disse: - Não vou mata-lo. Só quero sair daqui em segurança. Peguem suas armas pontiagudas e torturem-no até a morte. Os duendes se olharam determinados e um deles pegou suas armas e foram se aproximando daqueles que o torturou. Eu sai de dentro da pequena fábrica e fui até a porta da frente da casa. Abri e entrei. A Mamãe Noel mantinha-se sentada sem nem notar minha presença, enquanto lia. Eu a chamei: - Mamãe Noel!. Ela se levantou e se virou pra mim assustada e disse: - Como assim? Você não morreu? Ela já ia pegando o revolver de meu amigo que estava em cima da mesa mas eu atirei em sua cabeça que explodiu em pedacinhos. Fui até o andar de cima e recolhi o corpo de Osman e o levei até o carro de neve. Olhei para cima e lá estavam os duendes fugindo no trenó. Fiquei aliviado. Coloquei Osman no carrinho em fui em direção ao hotel chamar a polícia e relatar o caso. Ia ser meio difícil provar que simplesmente não entrei matando todo mundo mas com um pouco de investigação iriam saber a verdade. Mas não só uma, porém várias verdades. Que Papai Noel existe, que ele cometeu todos os crimes nos quais Krampus era responsável e que por fim era inocente. Só desespero e sofrimento me aguardam. Todo o sentido da minha vida foi embora.

FIM.

Gabriel Craveiro
Enviado por Gabriel Craveiro em 24/12/2015
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