angústia e masmorra

Talvez ele fosse um indivíduo perdido, como almas que ainda estão a vagar num sublime e sórdido limbo. Aquele sujeito que morreu e que não sabe que morreu, morte trágica talvez. Quiçá fosse apenas um melindroso que balbuciava palavras desconexas e ora confusas, prejudicando toda e qualquer compreensão. Tentava – de alguma forma – compreendê-lo, em vão, pois seu diálogo abstruso era tanto que me fazia nausear e perder toda a vontade e o ânimo em tentar entender.

Nada pueril, era um indivíduo embananado que ou acabara de sair do útero da progenitora, ou acabara de deixar o corpo material. Toda aquela vida de outrora parecia ter se esvaecido em um simples estalar de dedos. Um mágico diria que ele havia se tele transportado dessa para uma outra dimensão. Um cigano que sua alma estava de passagem e um contador de histórias macabras diria que ele estava possuído por uma entidade maligna.

Um asco – de repente – inundou minha essência; o indivíduo parecia lançar golfadas contra o infinito. Uma aura soturna e muito breve – como uma sombra – tentava, de qualquer maneira, pulverizá-lo do local onde estava. Queria, de uma forma, ajuda-lo a acabar com sua ansiedade, mas percebia que ao passo que tentava amenizar o sôfrego, alimentava ainda mais meu sentimento ‘nonsense’ e aquilo me nauseava em demasia...

Decidi me retirar dali, mas tão logo percebi que estava encarcerado, como em um calabouço profundo e fétido. Custo a acreditar que era minha mente, como dizia o psicanalista, em uma sessão qualquer de análise.

Nathus
Enviado por Nathus em 27/12/2015
Código do texto: T5491980
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