Neto

Meu nome é Neto, embora ache uma bobagem, creio que algumas experiências vividas por certas pessoas em relação ao sobrenatural, possuem fatos curiosos e interessantes.

Eu por exemplo não acredito no sobrenatural e em nada referente a ele, mas fico sempre curioso quando escuto algum boato ou leio alguma história sobre esse tema.

É impressionante as qualidades das fotografias que são expostas na internet, sempre ao longe ou desfocadas, beirando ao ridículo.

Mas deixarei agora as premissas de lado e tomarei de início um curioso caso que me ocorreu em um dia de verão…

Maceió 28 de Fevereiro de 2015.

Era por volta do meio dia, eu e alguns amigos, voltávamos da praia, estávamos todos conversando e rindo muito, fruto de uma manhã de futebol e cervejada.

Adentramos na rua São José e acabamos passamos em frente a uma casa de muro branco e portas de madeira, bastante antiga cujo morador havia falecido a uma semana, seu nome era Rodrigo, nos o conhecíamos de vista mas nunca nos tornamos ligados, nem a mim e nem a turma.

As vezes ele jogava futebol conosco na rua mas era apenas esse o contato dele com a turma, quando soubemos de seu falecimento lembro que a turma lamentou, muito pelo fato dele ser bom jogador.

Depois nós não nos lembrávamos mas dele. Nem de seu rosto. Incrível como são as pessoas e me incluo nesse comentário.

O fato estranho ocorreu a noite quando a turma se reunia para jogar conversa fora, falávamos de tudo que nos importava, futebol, garotas e jogos eletrônicos. Mas Arthur o mais brincalhão de todos de repente calou-se e seu semblante mudou, como se tivesse notado algo de estranho no ar, uma sensação de incomodo. Lembro que perguntei a ele o que havia acontecido, e ele apenas acenou com a cabeça negativamente, para então continuarmos com a prosa. Em instantes uma brisa bem fria passou por nós, foi bem rápido e intenso. A noite estava parada e abafada não tinha ventado nem pelo dia, foi algo bem estranho.

A conversa se estendeu e ficamos ali até por volta da meia-noite, quando Jorge um dos integrantes da turma fez uma pergunta:

—galera vocês sabem quem foi morar naquela casa branca onde Rodrigo morou?

A turma não soube responder, então Jorge deu a resposta:

—uma garota bem linda e gostosa, mas ainda não sei o nome dela, mas quando tiver oportunidade vou me apresentar a ela.

A turma logo tirou sarro de Jorge e a conversa tomou um ritmo de empolgação por conta da novidade.

No dia seguinte eu passei em frente a casa velha, e para minha surpresa a garota estava saindo pelo portão, e nossa! Realmente era uma garota bastante bonita e atraente, fiquei aguçado com a ideia de me apresentar a ela antes do Jorge, mas acabei travando e não consegui seguir adiante com o plano.

Mas de repente notei algo estranho, a garota andava de um modo bem peculiar, algo como um androide sei lá! Não movia os braços e a cabeça se movia de modo letárgico. Bem, não levei isso muito a sério no momento e voltei para casa.

Ao anoitecer eu estava em meu quarto descansando um pouco, quando minha mãe me chama.

—Neto desça já aqui, tem alguém te procurando!

Desço as escadas com uma preguiça dos infernos, porém curioso!.

Ao chegar na sala me deparo com a magnífica figura da garota novata, seu rosto angelical é fascinante, seu corpo escultural e extremamente excitante.

Eu a comprimento e a convido a sentar-se, me apresento e pergunto seu nome, um breve silêncio se faz presente, para logo a encantadora garota revelar sua graça.

—me chamo Elaine! Tudo bem com você? Me desculpe pela ousadia de vir até aqui em sua casa, mas estou necessitando que você me forneça algumas respostas.

Eu fiquei muito intrigado e curioso com o comportamento daquela garota, e por isso resolvi acatar seu pedido.

—claro! mas antes não quer sentar? Será mais confortável.

Ambos sentamos e iniciamos a conversa, que de início já me pareceu bem estranha e peculiar.

—você conhecia o antigo morador da casa onde moro? Como ele se chamava?

—bom Elaine sim eu o conhecia sim! Embora nunca tivesse intimidade com ele, e o seu nome era Rodrigo. Costumávamos jogar futebol na praia aos domingos com a minha turma, embora como havia dito antes, não tinha intimidade com ele, na verdade ninguém tinha, ele era muito calado e saia pouco de casa, então nos encontrávamos razoavelmente aos domingos na praia para o futebol.

—sei! É bem típico dos meninos ter este divertimento. Mas me fala! como ele morreu?

—me desculpa mas essa é uma pergunta um tanto estranha para me fazer! Você acaba de chegar na vizinhança e não conheceu ninguém ainda e de repente vem até minha casa e vem com essa!

—afinal você era parente dele ou algo assim?

— algo assim! Você tem algum problema com esse assunto? Isso te perturba?

—não o assunto mas o que está acontecendo aqui conosco, não te conheço e você vem falando estas bobagens todas!

—bobagem você disse?

—então ter me matado é bobagem para você?

—é bobagem ter me enterrado no quintal de minha própria casa e depois fingir que não houve nada? Ficar de papo com a turma e me fazer de nada para os outros, fingir que eu nunca havia existido!

-você sempre foi problemático e eu percebi isso em você! Desde o primeiro minuto em que te vi, percebi uma maldade disfarçada uma mente diabólica, a ponto de cometer assassinato.

—sim eu sei o que você fez na praia no réveillon daquele ano, eu estava lá, vi você com uma garota e depois tentando algo com ela, mas ela não queria e você a forçou e não satisfeito a matou a sangue frio. Também percebi que você me viu e não ficou chocado, apenas sorriu para mim!

—dias depois eu estaria morto!

—mas agora eu voltei para te buscar, para fazer justiça, por mim e pela garota na praia, nos não conseguiremos descansar enquanto nossos assuntos não forem solucionados. Você terá que pagar pelo que nos fez!

—mas que merda toda é essa que você está me falando garota? Quem porra é você de verdade?

—este corpo pertence a irmã de sua primeira vítima, seu nome verdadeiro é Lisa. Ela possui dons mediúnicos e me aproveitando desse fato, a possui e voltei para te trazer comigo!

—sua irmã era uma boa garota, de alma pura e generosa, não teria o prazer de voltar para se vingar, enquanto eu ao contrário, sempre fui escuro por dentro, penso que se você não a tivesse matado eu teria feito, na verdade eu me sentir com inveja de você por ter agido tão rápido, pois eu também estava de olho nela! Desejava seu pescoço em minhas mãos, mas você foi mais esperto e ágil. Eu sou escuro e vazio assim como você e por isso voltei, para te levar ao vazio das lamentações eternas, a escuridão abissal e maldita!

—você é louca garota saia já de minha casa agora!

Em instantes um silêncio perturbador espalha-se por toda a casa, como se o tempo tivesse parado, nenhum movimento, apenas silêncio.

Ao passar dos minutos o ritmo volta ao normal o ar circula novamente, vida.

Dona Ana minha mãe volta do quintal e me chama, não respondo, daí resolve checar o porque como toda mãe o faz, ao adentrar na sala a cena que presencia é chocante e sensacional demais.

Eu estava sentado na cadeira com a cabeça inclinada para trás, meus olhos não mais existiam, eram apenas dois buracos vazios, não havia sangue no corpo nem no chão, na verdade não havia sangue em meu corpo. Já a linda garota, não havia sinal dela ou melhor ela nunca havia estado lá eu a criei, isso mesmo, eu a inventei diretamente de minha mente doente e fantástica, bem! Na verdade eu tirei minha própria vida, e agora eu compartilho com vocês essa minha experiência, estou agora em algum cômodo escuro e um pouco frio, mas realmente, aqui eu me sinto livre de verdade.

A escuridão foi criada para os insanos e malditos refletirem suas doenças e amarguras, desejos e angustias, apenas para matar a alma e extirpar a luz que nos habita.

Fim

Milson Elias
Enviado por Milson Elias em 08/01/2016
Reeditado em 08/01/2016
Código do texto: T5504347
Classificação de conteúdo: seguro
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