Capitulo 1 - Desconfiança... preparação para o caos.

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13 de Agosto de 2007. Foz do Iguaçu, PR, sul do Brasil.

13h35min PM

- Onde deixei vocês? Cadê, cadê? – Falava André, um rapaz alto, de mais ou menos um metro e noventa, devia ter uns vinte anos. Ele procurava por algo no pequeno quarto. – Aqui estão! Não façam isso de novo comigo! Não se escondam tanto assim! –Diz para o que aparentemente estava procurando, eram duas adagas muito bem cuidadas e que eram muito valiosas tanto pelo curioso estilo e formato quanto para o próprio dono. Mas, por algum momento ele olhou para as adagas, olhou ao redor e franziu o cabelo – Falta uma. – Disse calmamente, e continuou com o mesmo tom de voz, só que mais lento. – Falta... Uma... Adaga. – Ele é um rapaz misterioso, mas muito amigável com as pessoas ao seu redor, muito talentoso e adora mexer com coisas, digamos que, proibidas para um civil normal.

Enquanto procurava pelo terceiro artefato, acabou sendo atraído pela voz da repórter numa notícia urgente na sua televisão de vinte e nove polegadas. “Um caso muito estranho. Uma mulher foi brutalmente assassinada no interior de São Paulo. Num ato de canibalismo sua roupa foi rasgada e sua barriga foi aberta. Testemunhas dizem ter visto um animal a atacando, um cachorro um pouco maior que o normal. Aqui é Catarina para o jornal da Tarde.”

- Mais que diabos! Isso não ta certo. Tem um pessoalzinho que vai precisar ficar sabendo... Se já não estiverem sabendo, é claro. - André tinha conhecido um grupo de pessoas na internet que eram do tipo que acreditavam em coisas que ele também acreditava. – Mas antes de avisar o pessoal eu preciso achar a minha adaga fujona, hehehe!

Uma hora depois de muita procura ele consegue achar sua preciosidade e sai para comprar comida no mercado que fica a alguns quarteirões. Estava um dia tranqüilo, exceto pelo fato de algumas pessoas estarem comentando alguns absurdos sobre pessoas estarem sendo mutiladas por criaturas parecidas com cachorros aos arredores de algumas cidades pequenas no interior de São Paulo. Muitos ainda não davam atenção a isso, pois pelo que parecia, era algum animal selvagem solto por lá, aparentemente não mostrava maior perigo e todos continuavam suas vidas normalmente. Só a polícia das cidades onde estavam acontecendo essas atrocidades estava fazendo perícia no local das mortes. André ainda sim continuava achando tudo muito estranho e faltava pouco para que ele acreditasse realmente que é o que ele está temendo faz algum tempo. – Vou comprar algumas coisas para comer, depois disso vou ver o Roberto para garantir estadia segura por enquanto, posso até pagar um aluguel para ele se quiser, mas se tudo acabar acontecendo acho que ele não vai se preocupar com aluguel nenhum. – Pensava ao lembrar que seu amigo mora ao lado de uma igreja bem segura, com portas reforçadas e janelas altas. Aquela igreja era uma fortaleza, literalmente uma casa de Deus.

Algumas pessoas o achariam louco, assim como alguns outros, mas às vezes as pessoas que são consideradas loucas por outras que seguem sua vida sem prestar atenção ao redor de suas pacatas vidas, têm mais chances de sobreviver numa sociedade considerada perigosa.

Poucos minutos depois, ele voltava do mercado com duas sacolas, mas ele voltava por um caminho diferente, pois ele passaria na casa de Roberto assim como planejado, na qual ficava perto de onde estava. A igreja era a principal da cidade e se encontrava no centro, assim ele demoraria apenas uns cinco minutos para chegar:

- Eae, Celso! Tudo tranqüilo? – Com pensamentos na lua sobre tudo que estava acontecendo, ele nem viu que chegara e já apertava a campainha da casa laranja clara com algumas árvores à frente. Um bom bairro.

- Fala André!!! Nem te esperava por aqui, hehehe! O que traz a sua visita?

- Cara, vim conversar um pouco com você sobre algumas coisas que parecem estranhas. – Celso olhou meio sério com isso, mas tentou disfarçar.

- Então vamos entrando, a casa ta uma bagunça porque não sabia que ia receber visitas!

- Tudo bem, não tem problemas, hehehe!

Dito e visto. A casa estava com roupas jogadas até nas cadeiras da cozinha. O amigo de André nunca tinha sido dos mais organizados mesmo, e ele já havia se acostumado com isso. Celso era um rapaz um pouco menor que André e com alguns quilos a mais também, era careca e tinha uma pele clara. Logo pegou duas cadeiras e jogou algumas peças de roupa longe, o visitante apenas observava apenas como uma cena engraçada.

- Vamos, sente-se – Ele entregou uma das cadeiras de ferro com uma almofada em cima. André sentou um pouco desconfortável, mas logo acostumava. – Diga. O que é que vc tem pra me contar de estranho?

- Ah sim! Então, Celso, você têm assistido aos noticiários e escutado rádios ultimamente? – Mais uma vez, o rapaz ficou com um olhar confuso, mas logo respondeu.

- Bem... Um pouco, mas é sempre a mesma coisa. Policiais e bandidos se matando, políticos envolvidos em escândalos. Por quê? – André percebeu que ele não havia assistido os jornais esses tempos. Sem perder tempo ele começou a contar o que estava acontecendo e delicadamente tocou no assunto sobre a qual ele achava que poderia ser. Quando ele terminou de contar, Celso fez algum silêncio, olhou para os lados, franziu a careca e disse meio confuso, pela terceira vez. – Você ta me dizendo que... – Antes de continuar, fez alguns gestos a fim de fazer André entender sem que ele precisasse falar.

- É! Isso mesmo! Tudo que contei é o que está parecendo ser!

-...! Cara, você ta louco? Isso é alguma piada ou o que?

-Estou te contando a verdade! Eu... – Logo que André estava para terminar de falar, eles escutaram uma derrapada muito forte, depois tiros, depois pessoas gritando. Um apenas olhou para a cara do outro com os olhos arregalados esperando alguma reação, mas os dois levantaram das cadeiras ao mesmo tempo e correram para a janela da sala que ficava de frente para a rua para ver o que estava acontecendo. Sem dizer nada, os dois viam pela janela meio aberta policiais fora de sua Blazer com armas pesadas em mãos, e um pouco a frente, uns três corpos caídos com muito sangue espalhado onde estavam. Era uma cena chocante, principalmente para quem estava perto e viu tudo, como duas crianças que passeavam por lá. Celso olhou bem devagar para André que não tirava os olhos dos corpos que estavam mais brancos que o normal para que eles tivessem morrido há pouco tempo, os olhos de dois deles estavam abertos e brancos, as bocas dos três estavam abertas e disse:

- O que é que você dizia mesmo?

Blind Guardian
Enviado por Blind Guardian em 11/07/2007
Reeditado em 04/01/2008
Código do texto: T561313