A Visita – PARTE 2
As gargalhadas ainda ecoavam no quarto. Ele estava se divertindo com a aquela situação.
- Deus, o que está acontecendo aqui?! - Pensei.
- Seu Deus não tem nada a ver com isso garotinho. – As risadas cessaram. – Isso é entre mim e você, apenas.
Foi nesse instante que tive a certeza que ele podia me ouvir de alguma forma. Fiquei mais aterrorizado que nunca. Não tinha o que se fazer na minha posição, então tomei a decisão de inquiri-lo sobre o que estava acontecendo ali.
- Quem é você? Como entrou aqui? – Mesmo em pensamento minha voz mostrava-se tremula.
- A pergunta correta seria o que é você, já que não sou humano como você garotinho.
NÃO É HUMANO?!
- Eu vim porque fui chamado, você me chamou! - Mostrava certa calma na voz, diferente de antes.
- Não te chamei. Não sei quem é você. E como assim não é humano? – Gritei. Já estava exausto de tudo aquilo.
- Você me invocou garotinho e...
- Pare de me chamar de garotinho, eu tenho um nome, Lucas. Meu nome é Lucas. - Ele tomou a frente.
- Não me interrompa garoto. - Gritou. O quarto estremeceu, como se um terremoto estivesse ocorrendo. – Você me invocou, Triuns um dos sete lordes do quarto ciclo infernal. Agora estou aqui e quero o que é meu. Não deveria brincar com o que não conhece garoto, tudo tem um preço e você terá que pagar. E não vai sair barato. – Gargalhadas.
- Um demônio? – Pensei, entrei em choque. Aquilo seria possível?
- Está assustado garotinho. - Novamente as gargalhadas. – Seu medo me alimenta. – Mais gargalhadas. – A nossa brincadeira esta apenas começando.
***
Triuns, um dos sete lordes do quarto ciclo infernal. Quando no mundo físico tem a aparência de um jovem de vinte e poucos anos, de altura mediana. A pele ligeiramente morena e o rosto fino, sem barba. Os olhos negros como a noite, de um aspecto profundo. Sempre usando um sobretudo marrom.
Quando no inferno, nem de longe lembra seu corpo físico. Sua pele é totalmente opaca, como a de um cadáver. Seu corpo é esquelético, atrofiado. O rosto com olhos esbugalhados, não tem nenhum semblante, apenas o vazio. Tem garras no lugar das unhas e é totalmente desprovido de pelos. Anda nu, arrastando uma das pernas.
Alimenta-se do medo e desespero de suas vitimas. Sempre que invocado nunca abandona quem o invocou, alimenta-se dele até o fim de sua vida terrena. Muitos não aguentam, e no desespero para se livrar dele acabam por tirar a própria vida. Esses mesmos, depois de cometerem suicídio. Viram os “troféus” preferidos de Triuns. Uma vez com ele não á como escapar, nem mesmo depois da morte.
***