O Demônio da noite - 2

Cooper ainda dirigindo apontou duas pastas no banco de trás:

- Uma é pra você, a azul. - Disse enquanto Elliot se esticava pegando-a. - Tudo que você precisa saber sobre S.K.

Elliot ergueu a sobrancelha, ainda achando tudo aquilo um absurdo.

Abriu a pasta que continham algumas fichas separadas por plásticos com títulos: "A casa velha.", "A espera dos condenados", "Doppelganger".

Elliot folheou rapidamente, conhecia algum desses títulos, algumas dessas histórias:

- O primeiro caso documentado foi em 2004? - Perguntou Elliot.

- Sim, foi quando o conheci... Nem acredito que já faz mais de 10 anos... - Cooper olhou por um tempo para a janela, encarando o nada.

Elliot se voltou para as fichas, folheou um pouco mais, suspirou e por fim fechando a pasta disse:

- Ok, vamos supor que ele realmente seja o tal S.K. das lendas, por que precisa de mim lá? - Perguntou.

Cooper olhou sério e sorriu:

- Quando chegar você verá.

A estrada era boa e o dia estava ensolarado, não fizeram parada alguma, indo direto da Marginal para a Rodovia dos Bandeirantes, pegando uma saída que Elliot não conhecia.

Ficaram em silêncio enquanto Elliot lia os arquivos e fazia deduções.

"Ele se aposentou cedo, fazendo um calculo rápido ele devia ter por volta de trinta anos em 2004, seu primeiro caso arquivado, ele tem pouco mais de quarenta... Por que um detetive com o nome e gabarito dele se aposentaria com pouco mais de quarenta anos..."

Cooper percebeu que Elliot estava pensativo e sorriu:

- É o tipo de gente que o senhor Kepler gosta, creio que vocês vão se dar bem. - Disse Cooper. - Não estamos longe agora.

O visual ficava cada vez mais ameno, Elliot entendia os motivos que alguém escolheria ali, um asilo dali, era calmo. As pessoas se vestiam de forma diferente, crianças andavam de bicicleta na rua, um clima completamente diferente das grandes cidades.

Passaram por poucas ruas, nenhuma se parecia com uma avenida principal, adentraram um conglomerado de casas, todas parecidas, uma praça com brinquedos e Elliot logo avistou um letreiro pequeno e sujo "Asilo de Great Falls".

Cooper parou o carro do lado de fora, se ajeitou e saiu do carro, Elliot fez o mesmo, tirou a outra pasta, uma pasta escura do banco de trás e colocou debaixo do braço.

Caminharam até um portão antigo, onde uma senhora bonita veio atende-los:

- Senhor Cooper, quanto tempo! - Disse sorrindo.

- Dona Copelia, digo o mesmo. - A senhora abriu o portão para eles.

- Dr Elliot, essa é Dona Copelia, ela cuida do lugar. - Cooper apresentou um ao outro que apertaram as mãos alegremente.

- Olha, creio que ele esteja dormindo, mas o senhor tem passagem livre para ir até lá. - A Dona fechou o portão e Cooper avançou, com Elliot logo atrás.

O lugar era bonito, um jardim imenso com árvores e idosos todos bem tratados passeando, comendo frutas, alguns com enfermeiras ao lado, outros com olhares vagos, um casarão branco ao fundo, porém Cooper se colocou a andar para a esquerda do casarão.

Passaram por ele e andaram mais uns segundos até uma casinha, invisível se comparada a tudo que estava ali, próximo a uma árvore, era pequena e arcaica:

- Provavelmente vamos acorda-lo. - Disse Cooper.

Elliot imaginou que S. Kepler devia ser como um daqueles idosos de olhares vago, que dormia até tarde do dia devido as desilusões da vida, deu de ombros e seguiu Cooper, estava curioso agora.

Cooper parou em frente a porta da casinha e socou três vezes, fazendo-a estremecer.

Esperaram algum tempo, Cooper socou novamente três vezes a porta, com um pouco mais de violência, deu olhadelas em Elliot que erguer a sobrancelha.

Nenhuma resposta.

Cooper socou a porta novamente:

- É o Cooper, tenho trabalho pra você. - Disse decidido.

Poucos segundos depois ouviram barulhos de correntes e trancas, e a porta se abriu:

- Bom dia... - Respondeu a figura que abriu a porta.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 20/07/2016
Reeditado em 20/07/2016
Código do texto: T5704170
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