O Demônio da noite - 4
O jovem retornou a cozinha, estava realmente diferente.
Um casaco elegante e um cachecol, vestia uma bota grossa bem marrom e uma calça preta.
Estendeu a mão para Elliot:
- Você deve ser o médico que vai me acompanhar dessa vez. - Ele não havia feito uma pergunta, Elliot consentiu. - Me chamo Simon, prazer.
O jovem olhava para Elliot com um olhar curioso, como se conseguisse ler o recém doutor:
- Sou Elliot, creio que o prazer é todo meu... - Simon deu um sorriso de canto de boca, rápido, quase imperceptível quando ouviu Elliot dizer aquelas palavras.
- Fico feliz em vê-lo preparado, estou preocupado com o andamento desse caso... Estamos no escuro Kepler. - Disse Cooper fazendo menção para irem.
Simon consentiu e seguiram para fora do asilo, passaram pelo jardim onde Simon fez um sinal com a mão para a dona Copelia, a senhora veio ligeira:
- Eu vou dar uma saída... Não sei quando volto, cuide de tudo como sempre faz. - Ordenou educado Simon.
A senhora fez que sim preocupada:
- Cuide dele delegado. - Respondeu Copelia, olhando para Cooper.
- Ele que irá cuidar de nós. - Disse sorrindo. - Vamos.
Caminharam até o carro:
- Vou no banco de trás, preciso dar uma olhada novamente nas cenas do crime. - Disse Simon decidido sem olhar a reação dos dois, que se olharam e deram de ombros.
Entraram no carro todos quase ao mesmo tempo, quando Elliot simulou uma quase vontade de falar algo, Simon interrompeu:
- E eu preciso de silêncio absoluto. - Disse finalmente dando uma olhada rápida a Elliot, que vacilou a voz quase desafinando em uma resposta.
- Tudo bem.
A volta foi mais longa que a ida, saindo de Great Falls o tempo começou a fechar, o céu antes limpo e ensolarado se transformava em uma densa neblina, esfriava o clima dentro e fora do carro.
Seguiram em silêncio as três horas de viagem.
Cooper olhava hora ou outra pelo retrovisor e via um Simon focado, os olhos cobriam as informações de ponta a ponta, daria qualquer coisa pra entrar na mente daquele jovem detetive, como funcionava o método dele? Por onde ele começava seu raciocínio?
Perto de chegar no QG Simon estralou o pescoço e fechou a pasta:
- Os corpos não foram identificados, sem arcada dentária e sem DNA. - Disse.
Respirou:
- Eu preciso de uma análise do crânio, tórax e pelve... Detalhadas, preciso pra ontem. - Disse Simon.
Elliot franziu a testa:
- Quer determinar o gênero das vítimas? - Perguntou o médico.
Simon sorriu:
- Preciso também do comprimento dos ossos longos e a ossificação de alguns ossos... - Terminou de ordenar o jovem.
- Através das suturas cranianas você quer identificar a idade deles... - Terminou Elliot. - É genial!
O jovem doutor se empolgou como com seus antigos professores, mas se conteve em seguida, pois se tratava de alguém talvez mais jovem do que ele.
Simon sorriu novamente ligeiro:
- O assassino fez de uma forma com que não fosse capaz de identificar essas características, ocultando orgãos genitais e seios. - Disse Simon, e completou. - Logo é necessário termos essas informações.
- O assassino? - Perguntou Cooper. - Você quis dizer os assassinos.
Simon mordeu os lábios levemente:
- Não acredito que seja mais de uma pessoa que vez isso. - Disse seco.
- Com base em que? - Perguntou Elliot, com um tom de curiosidade, não de desafio.
- Ainda não tenho certeza, preciso afirmar isso. - Simon agora se dirigia a Cooper. - Eu consigo acesso aos cadáveres... Ou melhor dizendo os pedaços?
Cooper consentiu:
- Posso providenciar isso assim que chegarmos. - Respondeu.
Simon jogou a pasta no banco e fitou a janela, pensativo.
Eram quase dezesseis horas e o céu estava fechado, formando o que talvez viesse a ser uma chuva densa.
Estacionaram na frente do DP e desceram do carro:
- Elliot, se quiser resolver algum problema pessoal ou profissional está liberado. Eu queria mesmo era apresenta-lo ao detetive, chamarei você assim que precisar. - Disse Cooper antes de entrarem na delegacia.
Elliot parou:
- Preciso de cinco minutos pra desmarcar todos minhas obrigações e já acompanho vocês lá dentro. - Disse Elliot, Simon ainda saia do carro e não ouviu.
Cooper sorriu, um sorriso cansado.
Simon chegou a eles:
- E então? Vamos? - Disse erguendo as sobrancelhas.
Elliot não entrou com os dois, com as mãos firmes pegou o celular e desmarcou todos os compromissos que ia ter naquela semana:
- Mas aconteceu algo grave Dr. Elliot? - Perguntou o secretário do médico.
Com um sorriso leve Elliot respondeu:
- Eu preciso testemunhar uma coisa... Te conto depois.