A carta

Fui adotada muito jovem. Não me lembro dos dias que fiquei no orfanato.Hoje estou com 16 anos de idade, tenho meus pais adotivos como meus pais biológicos. Tenho um irmão e uma irmã, filhos biológicos de meus pais. Sempre fomos criados igualmente, ficamos juntos todos os dias, estudamos no mesmo colégio e temos as mesmas rotinas. Bom costumava ser sim, até o dia que Elisabeth sumiu, em um piscar de olhos.

Elisabeth é minha irmã mais nova. Quero dizer dentre os filhos de meu pai sou a mais velha, tenho dois anos de diferença de Elisabeth e Rodolfo, eles são gêmeos. Amo meus irmãos os vi crescer, e como fui pega muito jovem no orfanato cresci sem diferença dos dois. Até o dia em que meus pais me chamaram pra conversar, e me disseram:

- Sofi sente-se ao nosso lado, lembra que sempre falamos, que era muito pequena quando há conhecemos?! Então minha pequena, papai e mamãe temos que lhe contar, e você está grandinha, te adotamos quando jovenzinha, mas você sempre foi e sempre será nossa filha mais velha!

Escuto esta frase ecoar em minha consciência, pois os dois que chamara de pai não eram meu pais, sempre fui enganada! Será que meu nome de verdade era Sofi? Tantas duvidas. Tantas perguntas sem respostas! Por uma semana, minha consciência me matará, não aguento mais de tantas indagações. Mas hoje foi diferente, aconteceu algo que não sei explicar. Minha irmã mais nova Elisabeth sumirá, sem deixar rastros algum, a não ser o rastro em meu subconsciente.

Sim minha mente sabe o que aconteceu com Elisabeth! Mas chego em casa e não consigo falar a meus pais o que ocorrerá. Entro em casa e venho meus pais me indagando e eu apenas olho para o rosto deles, como se estivesse tanta e não consigo ouvir nada direito. Lembro da imagem de Elisabeth, e aquela imagem me atormenta, não sai da minha cabeça, olho a meus pais e a única coisa que faço é chorar, não tenho falas, não tenho forças, perdi todas as forças no caminho até chegar em casa, havia saído com Elisabeth para a natação como todos os dias. Mas por que neste dia acontecerá aquilo, tudo de tão ruim que poderia acontecer, porque deixei Elisabeth lá!

Vem em minha mente a tortura que Elisabeth sofrerá, o abuso todo, o sangue que sairá dos ventres dela, as lagrimas que escoriam dos olhos dela. Mas eu não podia fazer nada, pois já estava feito!

Hoje já se passaram duas semanas do triste desaparecimento de Elisabeth, e apenas eu, idosinha sei o que acontecerá, e minha mente cria armadilhas, me tortura, as cenas são horríveis, Elisabeth gritava "Por Favor meu Deus não!".

Sou indiciada a falar com a policia, pois todos são suspeitos e eu a irmã mais velha era a única que deveria estar com Elisabeth no momento. Os guardas me indagam me enchem de perguntas. Até que então vejo um senhor na porta da delegacia, grande, e não consigo mais falar nada, a expressão dele me intimida, então digo que não sei o que aconteceu com Elisabeth, falo que a ultima coisa que me lembro é de deixa-la no ponto de circular por 5 minutos para ir ao shopping comprar sorvete pra nós.

Volto pra casa e minha mente me aterroriza. Pois aquele homem que eu havia visto na delegacia, foi o autor de todo o massacre, foi ele quem violentara minha doce irmã, quando estava para chegar no ponto com nossos sorvetes, vi o homem pega lá pelos braços e correr com ela para uma mata próxima ao centro de natação, corri atrás para tentar alcançar, mas quando entrei em meio a mata, já vi o que ninguém deveria ver com um ente querido, minha irmã Elisabeth sendo violentada, como se fosse uma boneca de pano. Ele tirará o que Elisabeth tinha de mais valioso, sua inocência. O bem que ela entregaria a um futuro marido. Após o ato ele disparou dois tiros na cabeça de minha irmã, e a jogara em um poço desativado.

Sai correndo, não conseguia nem gritar socorro de tanto medo. Cheguei em minha casa, após 3 horas pois nem ir ao ponto queria ir com medo daquele homem forte me encontrar, fui correndo do clube de natação até minha casa, e meus pais já estavam loucos, pois fazia horas que era pra termos chego, mas com tantas perguntas não conseguia falar nada, como até hoje com meus 50 anos não consigo falar direito, apenas redijo está carta, pra descrever todo meu sofrimento, e sei que quero meu leito de morte em paz, sei que o câncer que tenho já está me levando embora, e quero que saibam o que aconteceu com minha doce irmãzinha, pois após o desaparecimento dela, eu fui tratada por muito anos como uma das principais suspeitas, pois não conseguia descrever as cenas que presenciei.