UM TÍPICO CONTO DE TERROR

Era uma madrugada fria e muito chuvosa. Em uma estrada desértica que cortava uma floresta, um carro era conduzido com prudência por Leonardo. Também à bordo estava sua noiva, Rosa. Viajavam para visitar os pais da moça, que moravam num lugar afastado, numa zona rural. Enquanto dirigia, Leonardo conversava com sua noiva, que muito cansada, bocejava e piscava os olhos de um jeito cada vez mais demorado. De vez em quando, o rapaz desviava a atenção do volante para lhe lançar olhares apaixonados. E foi numa dessas desviadas que Leonardo atropelou um pequeno vulto quadrúpede que passou correndo na frente do carro.

Rosa pareceu ter perdido o sono e arregalou os olhos.

-O que foi isso? -Perguntou ela.

Leonardo não quis parar o carro. De repente, ouviram dois latidos e no escuro ambiente molhado do lado de fora do veículo, viram um cão de porte médio e a silhueta de um homem de capa, saindo de dentro da mata do lado direito do carro, indo cruzar desatento a estrada na sua frente! Leonardo desviu rapidamente perdendo o controle da direção, tentando frear bruscamente enquanto ambos os passageiros viam o contorno em velocidade, mas era tarde demais, o carro havia parado de maneira violenta ao bater numa árvore.

Rosa abriu os olhos e viu seu noivo com a cara afundada no airbag.

-Querido? QUERIDO?!...

-... Oh, droga! -Reclamou ele após abrir um pouco os olhos, vendo a frente do automóvel amassada engolindo o tronco da árvore.

Neste exato momento, aquele homem aparecera na janela do copiloto com uma expressão curiosa, assustando Rosa que soltou um grito baixo e abafado.

-Hein? Está tudo bem com vocês ai? -Questionou o homem, com o rosto enrugado mostrando sua idade amadurecida.

-Acho que sim... -Disse Leonardo abrindo a porta para sair e se molhar com a chuva.

-Querido... e se ele for perigoso? -Cochichou sua noiva.

-Fique ai dentro.

Leonardo se direcionou até a frente de seu carro, se lamentando pelo estado em que se encontrava, imaginando quanto tempo ficariam esperando um guincho chegar, uma vez que o veículo nem dava partida.

-Oh, rapaz, peço minhas sinceras desculpas por isso, não queria assustá-lo de forma alguma. -O senhor via a situação do rapaz.

-Está tudo bem, ele está assegurado.

-Creio eu que demorará um pouco até a chegada de um guincho... -Leonardo encarou o velho. -Desculpe, ainda não me apresentei: Me chamo Carlos. -Comentou lhe estendendo a mão para cumprimentá-lo.

-Prazer, Leonardo.

-Se quiserem, podem esperá-lo lá em casa. A casa é humilde, mas dá para aconchegá-los. Moro com minha esposa há mais de 45 anos nesta região. Venham, vamos tomar um chá pra tirar esta friagem.

O rapaz aceitou o convite de Carlos, por acreditar que ele não apresentava ameaça, apesar de sua noiva estar um tanto ressabiada, e começaram a caminhar rumo ao seu lar, acompanhados de seu cão, Freddie. No caminho, o velho Carlos explicara que possui um galinheiro e que de vez em quando, algumas aves desaparecem. Naquela madrugada, Carlos havia acordado com os latidos de seu cão. Ao olhar pela janela, encontrara a raposa responsável pelos ataques. Então, ele e Freddie (nome dado em homenagem ao ex-vocalista da banda Queen), estavam caçando o animal quando se deram de encontro com o casal.

Ao chegarem na pequena casa de madeira possuindo a beleza pura do interior, foram recepcionados por sua esposa, que os acolheu com chá, biscoitos e toalhas pra se enxugarem.

Após demasiadas tentativas fracassadas de ligar para o atendimento do seguro de seu veículo, Leonardo ficara um tanto nervoso. A chuva do lado de fora aumentava a cada tempo que passava. Os donos da casa sugeriram ao casal que passassem as horas restantes antes de amanhecer ali.

Eram quatro e meia da manhã. Rosa acordou e ergueu um pouco a cabeça. O casal dormia apertado numa cama de solteiro num quarto extra da casa.

A porta se abria lentamente... Rosa pode ver com perfeição o contorno de uma menina sendo iluminado por uma luz ofuscante, que vinha de fora do cômodo, parada alguns pés antes da porta com uma fisionomia paralisada e completamente apavorada, com os olhos que de tão arregalados pareciam que iriam saltar de sua face!

Rosa se levantou assustada. A menina saiu correndo esgoelando pelo corredor, por um motivo que Rosa desconhecia. Será que ela era neta de Carlos e havia se assustado com o casal?

A moça foi atrás dela e a viu entrar no quarto dos donos da casa. Rosa começou a andar devagar, sentindo um medo que não sabia de onde vinha, uma sensação desconfortável como se algo ruim fosse acontecer. De repente, um homem mais jovem do que o senhor Carlos saíra do dito cômodo e cegara a moça por uns instantes com a luz de sua lanterna, cuja parecia tê-la apontado propositalmente para seu rosto. Rosa não sabia o que dizer. O estranho ficou um bom tempo calado olhando para sua testa, pois era mais alto do que ela, e em seguida, deu as costas e desapareceu entrando no quarto! Rosa sentiu um arrepio de morte percorrendo seu corpo e voltou depressa para a cama, junto de seu noivo.

-Leonardo! Leonardo, acorde!...

-Rosa? Querida... -Sonolento.

-Leonardo, acho que vi um fantasma!

O rapaz a encarou com dúvida.

-Aonde? Como assim?

-Eu não sei... Tinha uma menina parada na porta, e depois vi um homem, acho que era seu pai...

Leonardo se levantou.

-Nossa querida, que estranho. Não me lembro deles terem dito que tinham um filho, muito menos neta.

O rapaz se direcionou ao interruptor, mas ao apertá-lo, descobriram que a casa estava temporariamente sem energia elétrica.

Leonardo voltou correndo para a cama, abraçou a amada como quem quisesse protegê-la -, mas estava amedrontado por dentro -, e disse:

-Amanhã damos um fora daqui!

Horas mais tarde, Rosa voltou a acordar. Desta vez por uma esquisita movimentação na casa -, batidas de martelo, móveis sendo arrastados e caixas sendo lacradas! - Além disso, Rosa estranhara a ausência de seu noivo na cama.

Amedrontada, calçou o par de tênis e desceu a escada, se deparando com um clima de mudança. Rosa saiu pra fora da casa. A chuva da madrugada se tornou uma tempestade, contudo não fazia com que os homens parassem de carregar os móveis pra dentro do caminhão. À frente, aquele homem que ela viu no corredor segurava um guarda-chuva enquanto conversava com um vizinho:

-... Então, quer dizer que vai se mudar no fim das contas?

-É, é... minha filha não gosta deste lugar, por aquele motivo que já lhe disse.

-Sei. Ela continua vendo os espíritos?

-Sim. Ontem mesmo, disse que havia visto o casal que morreu há alguns dias atrás ai na estrada... Antes eram os ex-donos da casa e um cachorro, que ela dizia que se chamava Freddie.

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ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. ATÉ A PRÓXIMA!

Rafael Contos
Enviado por Rafael Contos em 05/12/2016
Código do texto: T5844370
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