O MISTÉRIO DA RUA QUE SE CHAMAVA ANJO DO MAL

Jonacy Lopes-

O MISTÉRIO DA RUA QUE SE CHAMAVA ANJO DO MAL:

Eu sempre gosto de prosear com as pessoas mais velhas.

No ano de 1987 eu sentei perto de um senhor que estava sentado em um banco da estação de Santana zona norte da capital paulistana, era um senhor de muita idade ao o indagar pelos anos que tinha, me falou que ele tinha de 88 á 92 anos, por tanto deveria ter mesmo esta idade.

..

Nas prosas ele me contou uma historia que se passou com ele, segundo ele no ano de 1923,..

Ele me narrou a historia mais ou menos assim:

Ninguém ousava passar pela Rua Anjo do mal, principalmente à noite.

Diziam que esta rua era amaldiçoada, mas eu não acreditei, precisava de um lugar para posar aquela noite, fazia noite fria. a rua era cercada por velhos casarões abandonados muitos em escombros e cheio de entulhos desde o quintal ate o interior, era todo tipo de sujeiras possíveis. ate mesmo as prostitutas e os proxenetas e vagabundo evitavam fica por ali

Mas eu estava com muito frio e a fome negra me afugentava a sisma e o medo, acho que foi isto que me encorajou a enfrentar aquele lugar tenebroso que em situação normal ninguém iria.

A claridade das luzes que vinham da cidade fazia das sombras dos casarões ainda mais um lugar assustador e sinistro, eu estava confuso procurava qual dos casarões era menos tenebroso ou mais limpo ao menos,

Apesar de todos estarem quase na mesma situação de abandono. um me chamou a atenção e eu fui caminhando em seu rumo, ele ficava a alguns metros.

Acabei por chegar naquela casarão, era uma casa generosa de dois andares mas era igual a todas por ali estava em ruínas caindo as pencas

janelas se despencando e portas escancaradas, mas sabe moço:

Minhas pernas neste instante estavam tremulas os tragos de cachaças que bebi e a fome ate contribuíam com a tal tremedeira, mas na verdade agora eu já estava com um pouco de medo, havia no interior da tal casa muitas teias de aranhas e revoadas de morcegos graúdos, o mofo e a umidade era visível em todas paredes, verdadeiramente aquela casa assustadora deveras esta em abandonos a muitos anos..

Quando eu estava ali no centro da sala aviste a escada que dava acesso ao piso superior, imaginei em ficar lá em cima mais protegido de maldades de um possível arruaceiro maldoso.

De certo que subi aquelas escadas com muito cuidado estavam em condições precária ate cupins tinha, quando me deparei das portas dos quartos algo me chamou a atenção, de um dos quartos saiam claridades eu fiquei curioso e fui vagarosamente ate a porta do tal quarto, um tremendo espanto abraçado a um susto terrível, havia lá dentro uma mulher sentada em uma poltrona de balanço toda empoeirada que não dava pra ver a cor do tecido que forrava a tal poltrona, nossa! uma mulher de aspecto horrível usava um vestido de aparência velha enxovalhado que as cores eram ate indefinidas, tinha um cabelo comprido mas esvoaçados e despenteado, tinha lá uma mesa com uma lamparina por cima e um bau meio grande do lado dela, estranho e mais susto foi quando a mulher me chamou pelo o apelido, eu hein? Ninguém na cidade conhecia meu apelido pois era conhecido só por meus irmãos que anos eu não os via, e de repente:

_Tuca!

_ Você veio me ajudar?

Nossa fiquei meio paralisado uma voz sufocada e de bruxa.

Ai a mulher continuou a falar;

_Não temas caro Tuca, o senhor precisa de dinheiro que eu sei, logico que lhe pagarei bem se você me ajudar com este bau.

_Sabes que eu já pedi a todos que aqui vieram mas nenhum quis me ajudar, ainda saiam correndo.

Eu imaginei neste momento ( Caramba é a chance de eu comer algo que me sustente e tomar umas cachaças sem precisar ficar quase implorando alguém pra pagar ) isto foi um instrumento que me fez perder o medo de vez,

Logico aceitei a empreitada de imediato, nem perguntei o que tinha no bau ou se era pesado, só quis saber onde era pra levar o bau, sabe que a mulher pegou uma valise velha igualmente a poltrona poeirada, e o mais importante me deu um monte de dinheiro, não dava nem pra contar, mas que depressa enchi todos os bolsos com dificuldades.

Quando ela me falou o endereço era ali perto uns 10 a 20 minutos de caminhada no máximo, era melão com açúcar, mel na chupeta tal empreitada.

Abracei o tal bau ele não era pesado porem não era muito leve, mas eu tinha que me esforçar precisava do dinheiro, meu medo foi descer as escadas que estava muito deteriorada, mas enfim consegui, ganhei a porta de saída e aquela mulher feia vinha em meu encalço iria me indicar o endereço.

Ate que estava tudo bem era apenas dar uma parada pra um pequeno descanso e depois continuar a empreitada, foi o que fiz..

Porem ao pegar novamente o bau senti um cheiro forte que saia do bau, uma catinga morrinhenta que igual aquela só tinha sentido quando eu era molecote e fui ajudar a tirar um defunto lá na minha terra.

Não conferi no momento fui levando e proseando com a tal mulher, mas reparei que a tal mulher desaparecia tipo umas piscada de luz elétrica, mais imaginei que era a fraqueza de fome, mas de repente a voz calou e a mulher sumiu de vez, eu ate olhei pra trás e procurei por todo lada na tentativa de avistá-la e nada!

Sabe que comecei a ficar meio sismado, cabreiro com aquilo, parei novamente conferi os bolsos o dinheiro não tinha sumido, nisto imaginei em abrir aquele bau fedorento, quando levei a mão na fivela para abrir, um susto de quase desmaiar a voz de bruxa da mulher surgiu:

_Nem pense em abrir este bau..

Eu quase sai correndo mas fraquejei e a voz deu sequencia:

_Tuca! te paguei bem e em dinheiro vivo e adiantado, agora você tem que cumprir com seu serviço vai ter que levar este bau ate o fim..

eu estava em uma confusão mental terrível, mas não era a fome, procurava por todo lado a tal mulher, de repente ouvi um sussurro que saiu do bau, pensei estou mesmo alucinado de tanta fome, ou seria mesmo que vinha do bau?

Outro susto não só o sussurro como uma nova fala da mulher vinham de dentro do bau:

_Tuca! vamos logo com isto, precisamos chegar logo em nosso destino, a tempos espero por isto.

Na verdade quis correr mas uma força estranha me guiou com coragem para pegar novamente aquele bau, estranho um misto de medo e coragem, e, eu peguei o tal bau e segui pela rua escura sem saber o porque? a voz retornou:

_Tuca! entre a esquerda é no numero 1500...

Eu não sei porque diabos obedeci aquela voz assombrosa, em situações normais jogaria aquele treco do alem muito longe!

Depois de uma boa caminhada cheguei ao tal numero 1500, era um daqueles casarões de pessoas de posses, mas deferentemente dos da rua do anjo do mal, era bem arrumado e conservado coisa chique mesmo, quando cheguei no portão tinha lá no jardim um homem bem trajado, eu logo imaginei ser o proprietário pela estica que estava.

Eu parei em frente a casa e o homem indagou o que eu queria, coloquei o bau no chão e fiquei meio sem respostas, mas falei o que veio a cabeça, disse que era uma encomenda para o dono da casa, e ele sem perguntar quem havia mandado a encomenda aquelas horas da noite, exigiu que eu levasse pra dentro da casa o tal bau.

Eu estava louco era pra desvencilhar-me daquele treco do alem, levei rapidamente para dentro da casa.

Entrei na grande sala de mobilhas chiques e de lindos assoalhos de madeira e coloquei o tal bau no chão.

O homem pegou o bau e estava tentando abrir as fivelas, eu pensei em despedir , mas estava curioso com o conteúdo do bau e fiquei mais um pouquinho.

Mas ele teve dificuldades em desatar as fivelas e resolveu pegar o bau e leva-lo para a mesa, mas quando suspendeu o bau no alto, outro susto me pegou, o bau se rompeu escapando todo o fundo, espalhou-se sobre o piso um monte de ossos de cadáver muito liquido de carne humana em decomposição agora o fedor era quase insuportável, de repente um cranio humano ainda com cabelos compridos rolou pelo chão e falava alto, e era voz da maldita mulher dando ares novamente:

_ Maldito pensou que eu não voltaria, nada neste mundo fica encoberto seu assassino dos infernos.

_Voltei para o que é meu, seu ordinário!

Tanto eu como aquele homem saímos correndo pra fora da casa de forma que nos engasgamos na porta, quando ganhamos o quintal o homem caiu desmaiado, eu fui ate o portão, mas voltei pra socorrer o infeliz, mas nada fazia o infeliz desacordado retornar a si, desta feita busquei socorro na delegacia e socorremos o maldito..

E sabe que neste embrolho, tive que ficar enrolado por alguns dias com a policia pois tinha no caso uma defunta.

O desfecho foi que aquela mulher tinha sido assassinada por aquele homem que era seu marido, segundo o delegado aquele homem e a amante que era prima da defunta pra ficar com a riqueza da defunta a mataram colocaram naquele bau e esconderam la naquela casa da Rua Anjo do mal.

E sabe eu fui usado por aquela assombração no desfecho do caso.

Mas sabe moço assim que me vi livre eu logo vim pra São Paulo e nunca mais voltei a Vila Velha onde fica a tal casa mal assombrada na Rua anjo do mal..