Fim de Semana de Terror - PARTE I

A família estava em direção a casa da fazenda. Era sábado, um final de semana de carnaval. Buscavam escapar da folia da festa em um lugar tranqüilo e calmo, onde Belga poderia repousar e assim cumprir as ordens médicas. Era a sua saúde e do bebê que estavam em jogo. O cenário seria perfeito para um fim de semana feliz e calmo em família, mas eles não contavam com algo que jamais pensaram em vivenciar.

- Pai eu preciso parar aqui. Não vou conseguir segurar até a fazenda.

- Ah não Gabriel, no meio da estrada. E além do mais já está escuro, em breve chegaremos.

- Por favor, Amadeu, o menino não vai agüentar. Não custa nada parar aqui um pouco pra ele.

- Tudo bem, mas não demore. Não quero chegar além da hora que marquei – disse Amadeu encostando o carro na margem da estrada.

- Cuidado filho – disse Belga.

Gabriel era o filho mais velho do casal. Ele sempre tinha vontades repentinas de ir ao banheiro em momentos inoportunos, o que irritava seu pai.

- Ele já ta demorando.

- Gabriel, anda logo – disse Belga.

O menino não respondeu.

Os pais do garoto continuaram a gritar. A cada vez que chamavam pelo nome do filho suas vozes subiam o tom.

- Eu falei pra você que isso não ia dar certo. Era só o que faltava, a essa hora da noite esse menino sumir nessa mata – disse Amadeu bastante furioso.

- Gabriel, onde você esta? Volte logo – continuou Belga.

- Olha aqui, ele está aqui – disse Amadeu apontando seus dedos em direção a um ponto da mata.

O pai do menino seguiu em direção ao que pensou em ser o filho. Andou devagar. Suas dores nas costas não permitiam passos largos. Seus pés amassavam com brutalidade as folhas secas no chão. Apenas o farol do carro trazia luz para aquele lugar.

- Cuidado! – disse Belga com as mãos suando frio.

Naquele momento Amadeu já estava bem perto do menino quando então...

- Mãe! – berrou Gabriel.

- Filho? – indagou sua mãe.

- Aqui no carro, estou aqui no carro. Venham. Venham depressa estou no carro, entrem aqui – disse Gabriel com a voz ofegante.

- Amadeu ele ta no carro, vamos.

- No carro, mas então quem é...

Ao virar as costas, voltando para seu carro, algo se moveu na mata.

- Corre, corram rápido – insistiu Gabriel.

Os pais do menino corriam para o veículo. Belga tinha dificuldade em apressar seus passos por conta de sua barriga. Era perigoso. Tudo estava muito estranho por ali. Pouco se sabia. Ou nada se sabia.

- Como você faz uma brincadeira dessa com a gente seu moleque? Você não percebe que sua mãe está grávida? – disse Amadeu furioso.

- Calma amor. Eu só não entendi uma coisa.

- O que mamãe?

- Seu pai... Ele disse que viu você de costas agachado na mata. Mas... Se você estava aqui no carro, então quem estava lá?

- Eu preciso falar uma coisa. Eu ouvi vozes enquanto urinava, e em seguida um vulto passou por mim. Foi então que eu resolvi seguir aquilo e então eu vi que era...

- Olha por favor. Esse menino já ta aqui, ta tudo bem e... Chega desse assunto, preciso de silêncio pra dirigir.

A conversa foi finalizada com um tom sombrio, um mistério, algo ficou no ar. Gabriel sabia o que tinha visto.

O carro da família seguia pela estrada.

Já na casa da fazenda...

- Tudo é muito organizado aqui. A casa está bem limpa, as coisas nos seus lugares.

- É... Pelo menos disso você não pode se queixar. Mas onde esta o Gabriel?

- Se esse menino sumir de novo eu não sei se vou agüentar.

Belga saiu andando pela casa procurando pelo filho.

- Olha Gabriel eu juro que se você estiver aprontando mais uma eu... O que você está fazendo ai? – disse a mãe do menino paralisada na porta de um dos quartos.

- Estou procurando um cobertor, esta frio aqui – respondeu Gabriel.

- Venha comer. Depois procuramos isso.

Na mesa a família fazia a sua refeição.

- Pensando bem acho que foi uma loucura termos vindo pra cá. Você está grávida e pegamos a estrada a noite, muito arriscado.

- Ei, para com isso. Eu estou bem.

- Espero que fiquemos bem mesmo.

- Mudando de assunto eu... Fiquei pensando naquilo que aconteceu lá na estrada, eu acho que realmente o Gabriel viu alguma coisa.

- Imagina Belga, coisa de criança, muita fantasia na cabeça dele.

- Eu sei o que eu vi mãe – interrompeu o menino.

- Eu sei meu amor, e seu pai também sabe não é Amadeu? O nosso filho não iria mentir, ele nunca fez isso – continuou Belga.

- Ta bom. E o que você quer que eu faça com essa informação? Não vai mudar nada entre nós – questionou Amadeu.

Depois de tomarem um lanche na cozinha, a família se preparava para dormir.

No quarto, Belga procurava um cobertor e não sabia o que poderia encontrar.

- Esse quarto parece um pouco mofado, espero que estes cobertores estejam bons – disse Belga com a mão na porta do guarda roupa.

Quando ela abriu o móvel...

- Ahhhhhh! – berrou Belga com um grito de susto.

- O que foi amor?

- Um gato. Um gato pulou do guarda roupa, quase enfartei de susto.

- Ufa! Pensei que estivesse se machucado ou coisa pior.

- Os sustos só estão começando. Não podemos ficar aqui – disse Gabriel deitado em uma cama de solteiro.

- Vá dormir filho.

Horas depois, na madrugada... A casa estava em silêncio. A escuridão da noite marcava presença. Tudo estava calmo. Os roncos de Amadeu era o que se ouvia dentro daquela casa. Até que mais uma vez...

- Mãe, Pai, eu estou ouvindo um barulho – disse o menino Gabriel em cima da cama sacudindo os pais.

- Ah não, pelo amor de Deus. Isso já ta passando dos limites Gabriel. Você agora deu pra ouvir e ver as coisas.

- Calma Amadeu.

- O barulho vem daquele quarto do final do corredor. É um barulho alto – disse o menino.

Amadeu já estava ficando furioso com o filho, enquanto Belga procurava compreende-lo, mesmo que tudo aquilo não pudesse passar de fantasias ou coisa do tipo.

- Eu vou te provar que não tem nada aqui filho. Venha comigo, vamos até o quarto e você vai ver que não tem nada demais – disse Belga.

Belga pegou na mão do filho e foram em direção ao quarto do qual se referiu o garoto. Lentamente a mulher abriu a porta que rangia um pouco. O quarto tinha uma cama de casal, uma cômoda marfim, um guarda roupa velho e... Uma máquina antiga de costura. Parecia ser um quarto comum. E quando entraram no quarto...

- Mãe, olha aquilo ali.

Belga ficou paralisada ao ver aquilo.

Continua...

Luccas Nascimentto
Enviado por Luccas Nascimentto em 26/02/2017
Código do texto: T5924706
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