Sombra
 
Ato X
 
Capítulo 4
 
   Charlie me apresentou Catherine, uma garota ruiva, de média estatura muito independente. Não foi preciso dizer que ela era a líder do grupo, Thomas, o garoto capaz de prever o futuro, estava sentado ao seu lado, não nos demos bem.
-Qual o seu problema? – Perguntou Charlie.
-Nenhum.
-Você não pode chegar aqui e agir assim, me desculpe, mas você e Thomas precisam resolver seus problemas.
   O que aconteceu foi que Thomas questionou tanto sobre minha experiência com aquelas criaturas que extravasei minha fúria em seu rosto. Perguntas como por quê deixei minha mãe morrer sem fazer nada, eram devastadoras para a minha própria confiança.
-Charlie já lhe contou que esteve no inferno? – Perguntou Catherine.
-Não. – Respondi.
-Charlie? Poderia?
-Claro. – Iniciou ele com uma pequena pausa. – Foi a um ano, tecnicamente elas haviam me vencido, as sombras, eu estava em uma casa no subúrbio quando fui atacado por três delas. Claro que na época, também não conhecia o tamanho de meu poder. Consegui me livrar de uma, com uma rajada de luz com a mão esquerda, mas então, as outras duas me atacaram juntas e consumiram minha alma. – Outra pausa.
-Como voltou? – Perguntei.
-Levou algum tempo, estava preso em duas correntes contra uma enorme parede de pedras, podia ver várias criaturas grotescas ali embaixo, pensava que a qualquer momento alguma delas viria para me devorar. Percebi que ali também estava outras pessoas, não tive tempo para tentar conversar com qualquer uma delas.
-Tudo bem se você quiser parar Charlie. – Observou Catherine.
-Não, tudo bem. Então eu percebi que cada um de nós era deixado para apodrecer, até quando não restasse qualquer resquício de esperança. Foram duas semanas até encontrar um jeito de me soltar, porém, foram mais três dias até finalmente conseguir escapar.
-Como? – Perguntei.
-Creio que cada um tenha uma característica, consigo me transformar em um espírito completo, ninguém foi capaz de me parar, enquanto voava pelo “céu” infernal até o portal onde todas as almas eram jogadas. Quando finalmente retornei ao mundo, acordei um mês depois no hospital, depois do coma.
   Toda a história de Charlie me fazia pensar sobre o que realmente tinha acontecido com minha mãe, será mesmo que estava morta? Não podia simplesmente deixar de cogitar a possibilidade de trazê-la de volta.
-Não é possível, Derek. – Argumentou Thomas.
-Pare de entrar em minha mente. – Respondi.
-Não entrei, apenas vi seu futuro, não faça isso, não tente correr atrás de coisas que ainda não pode compreender.
-Você não entende, é apenas um garoto mimado que cansou de gastar os milhões de euros dos pais.
   Sabia que minha resposta iria deixá-lo ainda mais furioso. Thomas deu dois passos em minha direção e levantou uma das mãos.
-Talvez você possa ser alguém importante, mas, por enquanto, está agindo como um estúpido perdido em um parque. Não somos seus amigos, não temos por que lhe ajudar. Sim, você tem razão, gasto milhões de euros dos meus pais, para salvar garotos e garotas como você, agora me diga, onde é que estou errado?
   
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 07/03/2017
Reeditado em 20/03/2017
Código do texto: T5933935
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