Vem Me Ver
Já estou na segunda garrafa do uísque mais barato que encontrei, por mais que já se passara uma semana as lágrimas ainda não saem do meu rosto inchado. Como de costume o celular continua a acender avisando novas mensagens.
“Vem me ver”
Ler algo assim só me faz encher mais meu copo.
Gostaria que fosse mensagem de algum amigo, porém não tenho praticamente nenhum fora os conhecidos do trabalho, o qual não devo nem ter mais por faltar a semana toda para me embriagar. Os poucos “amigos” que tenho eram os amigos dela.
E novamente o maldito celular acende.
“Por favor me responde.
Estou com saudade...pare de me ignorar, você venceu, eu errei, não te escutei e fui naquela maldita festa...não foi intencional, eu não queria que acontecesse, estava apenas um pouco bêbada e...aconteceu.
Não me culpe tanto, já aconteceu o mesmo com tanta gente. Me perdoa.”
Haha...perdoar? Essa não é a questão, não é tão simples assim, queria eu que fosse. O problema é que você está morta, não importa o quanto eu beba ou te perdoe, nada irá fazer voltar como era antes. Droga, eu te amo tanto.
Ok, como sempre a vitória é sua, responderei sua mensagem...
Ao tocar no celular, novamente ele torna a acender e vibrar antes mesmo de pensar no que digitar.
“Lembra o que sempre me dizia antes de eu sair com o carro?”
-Mas que merda eu estou fazendo aqui chorando? É claro que eu lembro... “Tome cuidado pois sem você eu não vivo.”
Enxugo as lágrimas do rosto enquanto pego a chave do carro.
-Eu estou indo, meu amor.