A televisão

Vinha andando pela rua e encontrou um DVD jogado na calçada. Pelo estado da capa, imaginou ter sido perdido por alguém, já que estava conservado demais para ter sido jogado fora.

Levou pra casa o disco e decidiu ver do que se tratava. Antes de ir se deitar, aproveitou a falta de algo interessante para assistir, e colocou o disco no aparelho de DVD. Não havia nada gravado, exceto uma imagem preta sem nenhum som ou movimento.

Deitou-se e logo pegou no sono. O som da televisão ligando fez com que acordasse de súbito. O clarão que iluminara depende o quarto escuro fez com que sua mente se afogasse num desespero. Se perguntou como foi que a televisão se ligou sozinha, já que lembrava-se bem de tê-la desligado alguns minutos antes de dormir.

Levantou-se e foi desligar. Não era nada, repetia para si mesmo. Deitou a cabeça no travesseiro e logo adormecera. A televisão ligou-se novamente. Não conseguiu sair debaixo dos cobertores para desligá-la. Pensou em gritar, mas estava sozinho. Tampou a cabeça com o cobertor. O medo lhe invadiu como a enxurrada de uma chuva torrencial.

O que passava na tela era ainda pior que a sensação de alguma coisa ter ligado a televisão. Abaixando um pouco o edredom ele observou a tela. Era um programa sem falas, uma música bizarra fazia o fundo de uma criatura humanoide com sorriso de malicia e olhos esbugalhados.

Saiu correndo do emaranhado de cobertores e arrancou da tomada o fio da televisão. Voltou correndo a cama e tampou-se por completo com os cobertores. Ouviu um barulho. Algo entrara no quarto. Tremendo de medo, retirou a cabeça do cobertor. De pé, ao lado da televisão, a criatura bizarra o observava com os olhos esbugalhados.

Gilberto Junior
Enviado por Gilberto Junior em 11/04/2017
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